segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Em Dia de Aniversário


A equipa de 1905:
Da esquerda para a direita: Sentados - António Rosa Rodrigues, Silvestre da Silva, Cândido Rosa Rodrigues, José Rosa Rodrigues e Carlos França, avançados.
De pé - José da Cruz Viegas, defesa direito, Manuel Mora, guarda-redes, Fortunato Levy, Albano dos Santos e António Couto, médios; Emílio de Carvalho, defesa esquerdo.
Silvestre da Silva era o capitão da equipa.

Razzies, Oscars & Césares


Na boa tradição de dar as más notícias antes das boas, começo com a atribuição dos prémios Razzies. Os grandes vencedores foram a Administração de George W. Bush e o filme "Catwoman".
O Presidente norte-americano, George W. Bush, no documentário de Michael Moore "Fahrenheit 9/11" e a actriz Halle Berry, em "Catwoman", foram considerados "pior actor" e "pior actriz" do ano 2004 na cerimónia dos anti- óscares, os Razzies. O filme "Catwoman" recebeu o Razzie de "pior filme", enquanto o secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld, e a cantora Britney Spears foram recompensados com o prémio de "pior papel secundário masculino" e "pior papel secundário feminino", respectivamente, pela aparição em "Fahrenheit 9/11". Suscitando surpresa, a actriz Halle Berry foi receber o seu prémio ao palco, uma framboesa em plástico dourado, cujo preço unitário é estimado pelos organizadores em 4,97 dólares. "Muito obrigada", declarou a actriz com humor. Os Razzies foram lançados há 25 anos por John Wilson, que se descreve como um "um cínico cinemaníaco". Wilson compôs um júri que conta hoje com mais de 650 membros em 40 Estados americanos e 15 países estrangeiros. "Os Oscares são feitos como a política. É a mesma gente que se ocupa de orquestrar as campanhas", disse Wilson alguns dias antes da cerimónia. "A única coisa que me decepcionou este ano é que não há verdadeiramente um filme em que possamos apreciar com prazer a mediocridade", acrescentou.Mais em
razzies.com
Nos Óscares o grande derrotado da noite foi Martin Scorsese e o seu filme "O Aviador".
Clint Eastwood e o seu "Million Dollar Baby" foram os grandes vencedores da noite de Óscares. O actor viu o seu trabalho como realizador compensado com uma estatueta dourada e o filme foi considerada a melhor película de 2004 pelos membros da Academia. A actriz Hilary Swank venceu ainda a categoria de melhor actriz pelo desempenho no mesmo filme e o Óscar de melhor actor foi para
Jamie Foxx, pelo seu papel em "Ray".
Apesar do filme "O Aviador" ter arrebatado mais estatuetas douradas (um total de cinco, mais uma que "Million Dollar Baby"), ainda não foi desta que Martin Scorsese levou um Óscar de realização para casa. A actriz Cate Blanchett foi a única que arrebatou uma estatueta numa das principais categorias, a de melhor actriz secundária. A estatueta de melhor actor secundário voltou a cair nas redes de "Million Dollar Baby", atribuída a Morgan Freeman.O Óscar de melhor filme estrangeiro foi para "Mar adentro", de Alejandro Amenábar, que dedicou o prémio a Ramón Sampedro, o galego que pedia a eutanásia, porque - disse o realizador - "apesar do seu desejo de morrer, criava tanta vida em seu redor".Este foi o segundo Óscar de realização para Clint Eastwood, tendo vencido o primeiro por "Unforgiven". No seu discurso, Eastwood agrecedeu à mãe: "ela esteve aqui comigo em 1993, quando tinha 84 anos e agora está aqui de novo, com 96, quero agradecer-lhe pelos seus genes", gracejou.
Mais em
www.oscar.com.
Melhor filme, melhor realizador, melhor argumento original: "A Esquiva", segundo filme de Abdellatif Kechiche, 45 anos, rodado sem ajuda financeira, foi o grande vencedor dos Césares do cinema francês, o equivalente aos Óscares americanos.A cerimónia de entrega decorreu no sábado à noite, no Théâtre du Châtelet, em Paris, com a actriz Isabelle Adjani, galardoada na sua carreira com quatro Césares, a presidir o júri. O realizador espanhol Pedro Almodóvar, a actriz italiana Monica Bellucci e o actor francês Lambert Wilson foram algumas das estrelas convidadas para a cerimónia. A imprensa francesa recebeu com surpresa esta "recompensa ao cinema independente", como escreveu o "Le Monde", já que se esperava um duelo entre "Um Longo Domingo de Noivado", de Jean-Pierre Jeunet (o realizador de "Amélie Poulain", um dos maiores sucessos de sempre do cinema francês), e "Os Coristas", de Christophe Barratier (o maior êxito do cinema francês em 2004). Sara Forestier, 18 anos foi distinguida com o César da melhor esperança feminina. Apesar de "derrotado" porque tinha 12 nomeações e era considerado um dos grandes favoritos, "Um Longo Domingo de Noivado" foi galardoado com cinco Césares, embora menos importantes do que os que foram atribuídos a "A Esquiva": melhor esperança masculina para Gaspard Ulliel, melhor papel secundário feminino para Marion Cotillard, melhor fotografia para Bruno Delbonnel e melhor guarda-roupa para Madeline Fontaine. .Já "Os Coristas", que tinha oito nomeações, levou apenas duas recompensas: som e música. O César para melhor actor foi para Mathieu Amalric na tragi-comédia "Rois et Reine", de Arnaud Desplechin, e o de melhor actor secundário para Clóvis Cornillac em "Mensonges et trahisons et plus si affinités", uma comédia romântica de Laurent Tirard. Amor é um Lugar Estranho", de Sofia Coppola, recebeu o César de melhor filme estrangeiro e o melhor filme da União Europeia foi, ex-aequo, para "Just a Kiss", do britânico Ken Loach, e para "A Vida é um Milagre", de Emir Kusturica. O actor americano Will Smith e o francês Jacques Dutronc receberam o César de honra.A cerimónia foi ainda marcada pela homenagem de Isabelle Adjani a Florence Aubenas, jornalista do "Libération" que desapareceu no Iraque há mais de 50 dias. Os Césares foram criados em 1976, por Georges Cravenne, seguindo o modelo dos Óscares e a sua academia tem hoje 3200 membros - realizadores, actores, produtores, argumentistas, técnicos ou assessores de imprensa.

Isto É Futebol


O São Pedro de Alva, líder da Série A do campeonato da I divisão distrital de Coimbra de futebol estabeleceu este domingo o recorde nacional de vitórias consecutivas, somando 20 triunfos em outros tantos jogos, e já fez pré-inscrição no Guiness.
Perante cerca de 350 espectadores
, a formação do concelho de Penacova que, na jornada passada já tinha igualado a marca alcançada pelo Estrela de Portalegre há quatro épocas, goleou o Pampilhosense por 5-1, estabelecendo um novo recorde nacional.
«O objectivo era bater o recorde nacional e foi atingido.
Começámos a perder, se calhar a pressa foi inimiga da perfeição, mas demos a volta ao resultado», disse à agência Lusa Vítor Cordeiro, vice- presidente do São Pedro de Alva.
O clube, que conta com cerca de 600 sócios, «400 deles activos» e uma equipa de futebol «jovem e onde não há profissionais - são electricistas, pedreiros, canalizadores e estudantes» -, tem visto o número de espectadores subir na sequência dos bons resultados e quer agora inscrever o nome no livro Guiness de recordes.
«Já fizemos a pré-inscrição no Guiness» sublinhou Vítor Cordeiro.
Do livro não consta, aliás, nenhuma referência a vitórias consecutivas de um clube de futebol, mas apenas ao recorde de número de jogos sem perder (49) estabelecido pelo Arsenal, da Primeira Liga inglesa, entre Maio de 2003 e Outubro de 2004.
A agremiação da freguesia de São Pedro de Alva pretende ainda alcançar o pleno de vitórias na primeira fase do campeonato, faltando dois jogos para atingir esse objectivo: «fazer o pleno era óptimo, vamos até onde conseguirmos ou nos deixarem ir», afirmou Vítor Cordeiro.
O São Pedro de Alva lidera destacado a classificação do campeonato, com 60 pontos em 20 jogos disputados, tendo marcado 74 golos e sofrido 15. Embora tenha vencido várias partidas pela diferença mínima, pertence-lhe a maior goleada da série A (9-0 na deslocação ao campo do Arouce Praia).

Lusa

sábado, fevereiro 26, 2005

Eutanásia


Estreou ontem nos cinemas portugueses o filme “ Mar Adentro” do espanhol Alejandro Amenábar , que conta a história verídica de Ramón Sampedro que no dia 23 de Agosto de 1968 deu um mergulho de uma rocha e bateu no fundo do mar. Ficou tetraplégico, sobrou um corpo absolutamente inerte com uma cabeça absolutamente viva. Ramón era inteligente, culto, tinha sentido de humor, escrevia poemas, e as mulheres apaixonavam-se por ele. Decidiu que queria morrer, por isso solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, por não mais suportar viver. A sua luta judicial demorou cinco anos. O direito à eutanásia activa voluntária não lhe foi concedido, pois a lei espanhola, considera esta acção como homicídio de primeiro grau. Tinha a assistência diária dos seus amigos, pois não era capaz de realizar qualquer actividade devido à sua paralisia total. Foi encontrado morto na madrugada de 12 Janeiro de 1998 por uma das amigas que o auxiliava, tinha 55 anos. A autópsia indicou que a sua morte foi causada por ingestão de cianeto. Os últimos momentos – uma agonia de 20 minutos - ficaram registados em vídeo. Nesta gravação fica evidente que os amigos colaboraram colocando o copo com um canudo ao alcance da sua boca, porém fica igualmente documentado que foi ele quem fez a acção de colocar o canudo na boca e sugar o conteúdo do copo. A repercussão do caso foi mundial, tendo tido destaque na imprensa como morte assistida. Ramona Maneiro a amiga que encontrou o corpo de Ramón Sampedro, foi acusada pela polícia como sendo responsável por um homicídio. Um movimento internacional de pessoas enviou cartas confessando ter cometido o mesmo crime. A justiça, alegando impossibilidade de clarificar todas as evidências, acabou por arquivar o processo. Inúmeros outros casos, em diferentes locais do mundo tem trazido à discussão a eutanásia, com posições extremadas em ambos os campos de pró ou contra a eutanásia. Se por um lado os que são a favor da eutanásia, pretender que a eutanásia seja um direito a morrer dignamente e sem dor, do outro lado retaliam dizendo que é legalizar o homicídio, e que o direito sobre a vida é um direito divino.
Direito de morrer ou direito de matar?

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Os Óscares


O Óscar é o prémio concedido pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, para galardoar, cada ano, os melhores filmes, realizadores, argumentistas, actores e actrizes, técnicos e numerosos outros aspectos da indústria cinematográfica. O prémio é constituido por uma estatueta com a altura de 34 centímetros e com o peso de 3,85 quilos, a estatueta nem sempre se chamou Óscar, segundo a lenda recebeu este nome, devido à bibliotecária da Academia, Margaret Herrick,que ao vê-la exclamou:
"Parece mesmo o meu tio Óscar".
O Óscar foi criado pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, e foi atribuido pela primeira vez em 16 de Maio de 1929, no Hotel Roosevelt, em Hollywood, para premiar o melhor que se tinha realizado no cinema nos anos de 1927 e 1928. Nesse ano o melhor filme do ano foi "Wings" de William A. Wellman, na categoria de melhor actor foi distinguido Emil Jannings, e o Óscar de melhor actriz foi para Janet Gaynor. Foram distribuidos um total de 15 Óscares, numa cerimónia que durou 15 minutos. Difundida inicialmente por rádio, a cerimónia da entrega dos Óscares começou a ser transmitida pela televisão a partir de 1953, sendo actualmente um dos programas de televisão mais visto a nível mundial.
Se tiverem paciência para ler, tem abaixo 7 post's do que mais relevante se passou em matéria de atribuição dos Óscares da Academia.

Década de Trinta


O mito da Star que corresponde ao período imperial, da maior concentração industrial, simbolizada e concretizada pela supremacia de Hollywood, está no seu auge. A MGM dizia com vaidade que tinha "mais estrelas do que as que havia no céu". No entanto as estrelas mais famosas e representativas da época, Greta Garbo e Marlene Dietrich, nunca ganharam a desejada estatueta.Por esta altura, no entanto aparecia, uma das mais brilhantes estrelas de Hollywood, Katharine Hepburn, que com o filme "Morning Glory", de 1933, ganhava o seu primeiro Óscar, de uma carreira que a levaria por 12 vezes às nomeações para o Óscar e que o receberia por 4 vezes. A nível de realizadores Frank Capra dominou esta década com três Óscares, o primeiro em 1934 com o filme "Uma Noite Aconteceu", o segundo em 1936, com o filme "Doido com Juízo" e em 1938 o terceiro com "Não o levarás Contigo". Distingue-se nesta época um jovem actor de seu nome Spencer Tracy, que receberia em dois anos consecutivos o Óscar de melhor actor. Em 1937, pela intrepretação do português Manuel, no filme "Capitain's Courageous", e em 1938 pelo desempenho no filme " Boys Town". Enquanto a guerra começava na Europa, em Hollywood estreava-se um dos mais importante filmes da história do cinema: "E tudo o vento levou", de Victor Fleming que arrebatou 9 Óscares da Academia. Vivien Leigh receberia o seu primeiro dos seus dois Óscares. Estreia-se também o filme o "Feiticeiro de Oz", que daria a Judy Garland um Óscar especial pelo seu desempenho juvenil.Bette Davis recebe nesta década por duas vezes o Óscar de melhor actriz, em 1935 no filme "Dangerous" e em 1938 pelo seu desempenho no filme "Jezebel". Clark Gable receberia o Óscar de melhor actor do ano pelo filme "It happened one night" em 1934.

Década de Quarenta


A década de quarenta começa com o realizador John Ford a receber o seu segundo Óscar, com o filme "As vinhas da ira", de 1940 proeza que repitiria no ano seguinte com "O vale era verde". Aparece também através dos filmes de John Ford uma das maiores lendas de Hollywood, John Wayne, com a criação da personagem Ringo Kid, do filme "Stagecosch", viria a receber um Óscar da Academia nos anos sessenta pelo seu desempenho no filme "True grit". Ginger Rogers, que nos anos seguintes iria fazer uma dupla famosa com Fred Astaire em filmes musicais, recebe o Óscar de melhor actriz pelo seu desempenho no filme "Kitty Foyle", de1940.Em 1943, estreava-se o mais popular filme de todos os tempos "Casablanca". Receberia 3 Óscares, o melhor filme, melhor realizador, Michael Curtiz e melhor argumento. Mas a sua lenda e o casal Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, duraria muito para além de qualquer distinção. A famosa frase, nunca dita "play it again, Sam" e a música "As time goes by", são exemplos. O filme "Os melhores anos das nossas vidas" de 1946, receberia sete Óscares para outras tantas nomeações. Em 1948 John Huston conquista o reconhecimento da crítica e recebe dois Óscares pelo filme "O tesouro da Sierra Madre", melhor realizador e melhor argumento.A década não acabaria sem o reconhecimento do valor de Josep L. Mankiewicz, que em dois anos consecutivos, 1949 e 1950, receberia simultaneamente o Óscar de melhor realizador e Óscar de melhor argumento, pelos seus filmes "All about Eve" e "A letter to three wives". James Stewart no filme " Do céu caiu uma estrela" em 1940,Gary Cooper no filme "Sargento York", em 1941, James Cagney no filme "Yankee Doodle Dandy". em 1942, Laurence Olivier pelo seu excepcional desempenho em "Hamlet", em 1948 receberam o Óscar de melhor actor do ano.

Década de Cinquenta


A década de cinquenta começa com Vivien Leigh a receber o segundo Óscar no filme um "Eléctrico chamado desejo", e Humphrey Bogart a receber o Óscar para melhor actor do ano, pelo seu desempenho no filme "Rainha Africana".Gary Cooper recebe o seu segundo Òscar pelo filme "High moon", em 1952. O filme "Um americano em Paris", é o melhor filme do ano em 1951. Neste ano, a Academia reconhece o extraordinário valor, do actor, cantor, bailarino e realizador Gene Kelly, ao atribuir-lhe um Oscar Especial pela sua carreira. Nesta década Ingrid Bergman recebe o seu segundo Óscar para melhor actriz pelo desempenho no filme "Anastácia", o primeiro tinha sido em 1944 no filme "Gaslight". Ainda viria a receber um terceiro Óscar como actriz secundária no filme "O crime do expresso Oriente", em 1974. Em 1957, o filme "A ponte do rio Kwai", recebe o Óscar de melhor filme do ano.Vincente Minnelli, recebe finalmente o Óscar para melhor realizador, com o filme "Gigi", que arrebatou um total de 9 estatuetas incluinda a de melhor filme do ano, em 1958. Aparece o jovem actor, Marlon Brando, que recebe o Óscar de melhor actor do ano pelo filme "Há lodo no cais", filme que conquistaria nada mais nada menos que oito óscares, incluindo o de melhor filme. Realizado por Elia Kazan a acção do filme decorria à volta de um sindicato e as suas corrupções. O final da década, fica marcado pelo filme Ben Hur, que arrebata 11 óscares em 1959. Melhor filme do ano, melhor realizador do ano, William Wyler, melhor actor do ano, Charlton Heston. Audrey Hepburn pelo fime "Roman hollyday", de 1953, Grace Kelly pelo fime "The country girl", de 1954, e Elizabeth Taylor no filme "Butterfly 8" de 1960, receberam o Óscar de melhor actriz do ano.Ernest Borgnine pelo filme "Marty" de 1955, Yul Brynner pelo filme " Eu e o Rei" em 1956, e Burt Lancaster pelo fime "Elmer Gantry" de 1960, receberiam a estatueta dourada.

Década de Sessenta


Em 1961 o filme do ano é "West side story" e Robert Wise o melhor realizador, Sofia Loren recebe o Óscar de melhor actriz pelo excepcional desempenho no filme " La ciociara", adaptação ao cinema do livro de Alberto Moravia. David Lean apresenta em 1962 o espectacular "Lawrence da Arábia", que foi nomeado par dez Óscares, tendo ganho sete, incluindo o de melhor filme do ano e o de melhor realizador. Gregory Peck recebe em 1962 o Óscar de melhor actor do ano pelo trabalho feito no filme "Não Matem a Cotovia". "My fair lady", de 1964 ganha oito Óscares, incluindo o de melhor filme e melhor realizador, George Cukor. Em 1965 Robert Wise vence o seu segundo Óscar como realizador do ano, com o filme "Música no coração". Elisabeth Taylor mostra o seu talento em "Quem tem medo de Virginia Wolf?", em 1966 e recebe o seu segundo Óscar. Filme que venceria cinco Óscares, num total de treze nomeações. Em 1967 a Academia finalmente reconhecia o mérito incontestátel de um dos maiores mestres da sétima arte: Alfred Hitchcock. Após cinco nomeações, desde de 1940, sem ter recebido algum Óscar, a Academia atribuia-lhe o Irving Thalberg Memorial Award, em reconhecimento da sua excepcional carreira.Katharine Hepburn, recebia por mais duas vezes o Óscar de melhor actriz do ano, em 1967 com "Adivinha quem vem jantar" e em 1968 com o filme "A lion in winter".EM 1963 a Academia premiava pela primeira vez um actor negro, Sidney Poitier, pelo seu desempenho no filme "No calor da noite".Julie Andrews pelo filme "May Poppins" em 1964, Julie Christie pelo filme "Darling", de 1965 receberiam a estatueta dourada de melhor actriz do ano.

Década de Setenta


Esta década é marcada pelos filmes de Francis Ford Coppola, "O Padrinho" de 1972 e "O Padrinto-Parte II" de 1974. No filme " O Padrinho", Marlon Brando ao interpretar a figura de D.Corleone atinge o ponto culminante da carreira. Ambos os filmes recem o Óscar de melhor filme do ano, mas Francis Ford Coppola, só receberia o Óscar de realizador do ano pelo filme "O Padrinho-parte II", em 1972 o realizador do ano EM 1971 foi Bob Fosse, pelo filme "Cabaret", onde Liza Minelli receberia o Óscar de melhor actriz do ano. Depois de "O Padrinho", um filme de autor, a Academia começou a ver com outros olhos este novo tipo de filmes. Assim a Academia, nesta década premiou como melhores fimes do ano, "Voando sobre um ninho de cucos", de Milos Forman, em 1975, "Rocky" de John G. Avildsen, em 1976, "Annie Hall", de Woody Allen, ganhando também o Óscar de melhor realizador, melhor argumento e melhor actriz, Diane Keaton, em 1977 e "Kramer contra Kramer" em 1979. Em 1971 Jane Fonda ganha o primeiro Óscar pelo seu desempenho no filme "Klute", e em 1978 recebe o segundo pelo filme "O Regresso dos heróis", Sally Field recebe o seu primeiro Óscar pelo papel de sindicalista no filme"Norma Rae". Jack Nicholson recebe o Óscar de melhor actor no filme "Voando sobre um ninho de cucos", o mesmo acontecendo com Robert de Niro, no filme "Touro Enraivecido", Robert de Niro já tinha ganho em 1974, o Óscar de melhor actor secundário no filme "O Padrinho- Parte II".

Década de Oitenta


Na Década de oitenta a Academia de Hollywood, iria premiar os filmes biográficos.Warren beatty, com "Reds" ganha o Óscar para melhor realizador do ano, mas o Óscar para melhor filme do ano vai para o filme "Caminhos de Glória", de Hugh Hudson. Katherina Hepburn, ganha o seu quarto Óscar com o filme "Casa do Lago", que também premeia Henry Fonda como melhor actor do ano. Em 1982 o Filme "Ghandi", um épico de Sir Richard Attenborough, recebe oito Óscares em 11 nomeações, recebe o Óscar de melhor filme e melhor realizador. Ben Kingsley, no seu papel de Ghandi, recebe o Óscar de Melhor actor.Meryl Streep é galardoada com o Óscar de melhor actriz no filme a "Escolha de Sofia". Meryl Streep torna-se um símbolo da arte de representar durante toda a década de oitenta. Em 1984 outra biografia, recebe o Óscar de melhor filme do ano, "Amadeus", de Milos Forman que recebe o Óscar de realizador do ano. Sally Field recebe o seu segundo Óscar no filme"Places in the heart".Em 1985 o filme de Roman Polanski "África Minha" ganha cinco Óscares incluindo o melhor filme e melhor realizador. As feridas do Vietname continuavam abertas. Depois de Apocalypse Now era preciso um filme que encerasse o assunto.Em 1986 chega "Platoon", de Oliver Stone que consagrou definitivamente este realizador. Melhor filme do ano e melhor realizador. Também Paul Newman, viu finalmente reconhecido o seu talento com o Óscar de melhor actor do ano com o filme "A cor do Dinheiro", de Martin Scorsese.Em 1987 é atribuida o Óscar de melhor filme do ano a outra biografia: "O Último Imperador" de Bernado Bertolucci, que recebe o Óscar de melhor realizador do ano. Os filmes de Barry Levinson e Kevin Costner, "Encontro de Irmãos" e "Danças com lobos", respectivamente são considerados melhor filme do ano em 1988 e 1990 e eles considerados melhores realizadores do ano. Cher recebe o Óscar de melhor actriz no filme "Feitiço da Lua"em 1987 e Jodie Foster recebe o seu primeiro Óscar no filme "Os Acusados", em 1988.

Década de Noventa


A Academia reconhece finalmente a qualidade do trabalho de Steven Spielberg, galardoando-o com o Óscar de melhor realizador do ano com o filme "Lista de Schindler" que retrata a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto do povo judeu. O filme recebe sete Óscares da Academia incluindo o melhor filme do ano. A década começa com Jodie Foster a receber o seu segundo Óscar de melhor actriz no filme "O Silêncio dos Inocentes", filme que recebeu ainda o Óscar de melhor filme do ano, assim como o Óscar de melhor realizador do ano, para Jonathan Demme. Antohony Hopkins recebeu o Óscar de melhor actor do ano. Nesta década o grande destaque como actor vai para Tom Hanks, que recebeu dois Óscares consecutivos, em 1993 por "Filadélfia" e em 1994 por "Forrest Gump". O filme "Forrest Gump", de Robert Zemeckis, eleito o melhor filme do ano, tornou-se um símbolo de uma era. Em 1992 Clint Eastwood, recebe com o seu filme "Unforgiven", o Óscar de melhor realizador do ano e o filme considerado o melhor do ano.Em 1995 Mel Gibson estreia-se na realização e o seu filme "Braveheart", recebe 5 Óscares da Academia incluindo o Óscar de melhor filme do ano e melhor raelizador. Jack Nicholson recebe o seu segundo Óscar de melhor actor no filme "Melhor é impossível". Em 1997, Russel Crowe recebe o seu primeiro Óscar no filme "Gladiador". Em 1998 Steven Spielberg recebe o seu segundo Óscar pelo filme "Resgate do Soldado Ryan". Em 1997 a Academia atribui nada menos que 11 Óscares em treze nomeações ao filme "Titanic", de James Cameron, incluindo o Óscar de melhor filme do ano e de melhor realizador. As actrizes Júlia Roberts e Gwyneth Paltrow, recebem o Óscar de melhor actriz nos filmes, "Erin Brockovich", de 2000 e " Shakespeare in love", de 1998, respectivamente. Os actores Al Pacino e Nicolas Cage, nos filmes "Perfume de mulher" e "Leaving in Las Vegas", recebem o Óscar de melhor actor pelos seus desempenhos.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Andy Warhol


Fotografia de Arnold Newman, Nova Iorque 1973
O nome deste blogue, A Fábrica, foi inspirado em Andy Warhol. Como não podia deixar de ser tenho a obrigação de falar de Andy Warhol, no dia que passam 18 anos da sua morte.
Nasceu em 6 de Agosto de 1928, em Pittsburgh, nos E.U.A. morreu em 22 de Fevereiro de 1987, em Nova Iorque. Terceiro e último filho de emigrantes da Checoslováquia, de apelido Warhola, o pai, Andrei, veio para os Estados Unidos para evitar ser recrutado pelo exército austro-húngaro, no fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1921 a mulher, Júlia, juntou-se-lhe, tendo a família ido viver para Pittsburgh. Durante essa época Andy foi atacado por uma doença do sistema nervoso central, que o tornou bastante tímido.
Estudou no liceu de Schenley onde frequentou as aulas de arte, assim como as aulas do Museu Carnegie, instituição sedeada perto do liceu. A família, com base nas poupanças, conseguiu pagar-lhe os estudos universitários no célebre Instituto de Tecnologia Carnegie, a actual Carnegie Melon University, onde teve que se esforçar bastante, sobretudo na cadeira de Expressão, devido ao seu deficiente conhecimento do inglês, já que a mãe nunca tinha deixado de falar checo em família. De qualquer maneira, devido ao fim da 2.ª Guerra Mundial, foi obrigado a abandonar o Instituto no fim do primeiro ano, para dar lugar aos soldados americanos desmobilizados, a beneficiar de entrada preferencial nas Universidades americanas com a passagem da Lei de Desmobilização (GI Bill). Alguns dos seus professores defenderam a sua permanência na instituição, e pôde por isso frequentar o Curso de Verão, que lhe permitiria reinscrever-se no Outono seguinte. Os seus trabalhos nesse Curso fizeram-no ganhar um prémio do Instituto e a exposição dos seus trabalhos. Acabou a licenciatura com uma menção honrosa em desenho, indo viver para Nova Iorque em Junho de 1949, à procura de emprego como artista comercial. Contratado pela revista Glamour, começou por desenhar sapatos, mas os primeiros desenhos apresentados tiveram de ser refeitos devido às suas claras sugestões sexuais. Passou a desenhar anúncios, para revistas como a Vogue e a Harper's Bazaar, assim como capas de livros e cartões de agradecimento. Em 1952 a sua mãe foi ter com ele a Nova Iorque. Entretanto tinha retirado o «A» final do seu apelido e passado a usar uma peruca branca, bem visível por cima do seu cabelo escuro. Em Junho desse ano realizou a sua primeira exposição na Hugo Gallery: «15 Desenhos baseados nos escritos de Truman Capote». A exposição foi um sucesso não só comercial como artística, que lhe permitiu viajar pela Europa e Ásia em 1956.Em 1961 realizou a sua primeira obra em série usando as latas da sopa Campbell's como tema, continuando com as garrafas de Coca-Cola e as notas de Dólar, reproduzindo continuamente as suas obras, com diferenças entre as várias séries, tentando tornar a sua arte o mais industrial possível, usando métodos de produção em massa. Estas obras foram expostas, primeiro em Los Angeles, na Ferus Gallery, depois em Nova Iorque, na Stable Gallery. Em 1963 a sua tentativa de «viver como uma máquina» teve uma primeira aproximação com a inauguração do seu estúdio permanente - The Factory - A Fábrica. Andy Warhol passou então a usar pessoas universalmente conhecidas, em vez de objectos de uso massificado, como fontes do seu trabalho. De Jacqueline Kennedy a Marilyn Monroe, passando por Mao Tse-tung, Che Guevara ou Elvis Presley. A técnica baseava-se em pintar grandes telas com fundos, lábios, sobrancelhas, cabelo, etc. berrantes, transferindo por serigrafia fotografias para a tela. Estas obras foram um enorme sucesso, o que já não aconteceu com a sua série Death and Disaster (Morte e Desastre), que consistia em reproduções monocromáticas de desastres de automóvel brutais, assim como de uma cadeira eléctrica. Em 1963 começou a filmar, realizando filmes experimentais, propositadamente muito simples e bastante aborrecidos, como um dos seus primeiros – Sleep (Dormir) - que se resumia à filmagem durante oito horas seguidas um homem a dormir, ou Empire (Império), que filmou o Empire State Building do nascer ao pôr do sol. Mas os filmes foram tornando-se mais sofisticados, começando a incluir som e argumento. O filme Chelsea Girls, de 1966, que mostra duas fitas lado a lado documentando a vida na Factory, foi o primeiro filme underground a ser apresentado numa sala de cinema comercial. Para além do cinema Warhol também foi produtor do grupo de rock Velvet Underground. Arranjou-lhes um local para ensaiar, pagou-lhes os instrumentos musicais e deu-lhes alguma da sua aura. Para além dos discos os Velvet e Warhol produziram o espectáculo Exploding Plastic Inevitable, que utilizava a música do grupo e os filmes do artista. Os Velvet, já famosos, entraram definitivamente na história ao darem o nome à revolução checa de 17 de Novembro de 1989 que derrubou pacificamente o regime comunista – a Velvet Revolution. Em Junho de 1968 Valerie Solanas, uma frequentadora da Factory, criadora solitária da SCUM (Society for Cutting Up Men), entrou no estúdio de Warhol e alvejou-o quase mortalmente. O pintor demorou mais de dois meses a recuperar. Quando saiu do hospital tinha perdido muita da sua popularidade junto da comunicação social. Dedicou-se então a criar a revista Interview, e a apoiar jovens artistas em início de carreira, para além de escrever livros – a sua autobiografia The Philosophy of Andy Warhol (From A to B and Back Again) foi publicada em 1975 -, e apresentar dois programas em canais de televisão por cabo. A sua pintura voltou-se para o abstraccionismo e o expressionismo, criando a série de pinturas – Oxidation (Oxidação) – que tinham como característica principal o terem recebido previamente urina sua. Em 1987 foi operado à vesícula. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Era célebre há 35 anos. De facto, a sua conhecida frase: «In the future everyone will be famous for fifteen minutes» (No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos), só se aplicará no futuro, quando a produção cultural for totalmente massificada e em que a arte será distribuída por meios de produção de massa.

Um dos seus quadros, Marilyn Diptych, foi recentemente considerado uma das obras mais influentes da Arte Moderna. Os cinco post's a seguir, são sobre aquelas que são consideradas as cinco mais influentes obras da Arte Moderna.
Boa leitura.

A Fonte


Este urinol de porcelana branca assinado por R. Mutt - pseudómio do artista francês Marcel Duchamp- foi considerado por um painel de 500 artistas, críticos, historiadores e conservadores de museus a peça mais influente da arte moderna. "A Fonte", a obra criada em 1917 para o Salão dos Independentes de Nova Iorque, foi escolhida por 64 por cento dos inquiridos numa sondagem encomendada pela organização do Prémio Turner, o maior prémio britânico para as Artes Plásticas.
"A Fonte" de Duchamp é a primeira de uma lista de cinco obras que inclui duas pinturas de Pablo Picasso - "Les Demoiselles d'Avignon", 2º lugar, e "Guernica", 4º-, uma de Andy Warhol, "Marylin Diptych", 3º e outra de Henri Matisse, "O Atelier Vermelho"

Les Demoiselles d'Avignon


"Les Demoiselles d'Avignon", nesta obra Pablo Picasso subverte por completo os moldes tradicioanis de representação da figura humana. Para isso, defendem os especialistas, submete cinco figuras femininas a uma geometrização rigorosa que acaba por levar a uma deformação radical.Os corpos em "Les Demoiselles d'Avingnon", datado de 1907, são angulosos e desproporcionais, transformando-se num sinónimo da revolta do artista contra toda a arte ocidental desde o Renascimento.Esta obra, que para muitos é a fundadora do cubismo, está no Museum of Modern Art (MoMa), em Nova Iorque.

Marilyn Diptych


Na obra "Marilyn Diptych", Andy Warhol encontrou em Marilyn Monroe a fusão de dois dos temas mais recorrentes em toda a sua obra: a morte e o culto da celebridade. O díptico de 1962 é uma das 20 obras que o artista criou a partir da fotografia promocional do filme "Niagara", de 1953. O contraste entre cor e preto-e-branco nesta tela composta por 50 representações de Marilyn sugerem, segundo a crítica, uma mortalidade inevitável. A obra está na Tate Modern, em Londres.

Guernica


"Guernica", a obra "política" mais famosa do século XX foi motivada pelo bombardeamento da cidade do mesmo nome, centro da tradição cultural basca. O quadro é o reflexo da leitura subjectiva que Pablo Picasso faz da Guerra Civil de Espanha e vem provar que o tema da batalha também pode ser tratado pelos artistas modernos. O quadro foi pintado para a Exposição Mundial de Paris, em 1937. Está hoje no Museu Rainha Sofia, em Madrid.

Atelier Vermelho


Henri Matisse pintou o "Atelier Vermelho" em 1911.Trata-se de uma superfície monocromática em que o artista opta por traçar apenas contornos de alguns objectos representados(mesa,cadeira,cómoda,relógio e cavaletes), fazendo com que pareçam transparentes."Não sou capaz de copiar a natureza como um escravo, sinto-me,pelo contrário,obrigado a interpretá-la e adaptá-la ao espírito do quadro", dizia o pintor francês. A obra está no MoMa, em Nova Iorque.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Trabalho Infantil


Uma em cada 12 crianças ou adolescentes é vítima das piores formas de trabalho infantil, como escravatura ou exploração sexual, alerta um relatório da UNICEF que hoje é divulgado em Londres. No total, há 246 milhões de crianças e jovens a serem usados como mão-de-obra em todo o mundo, das quais 47 mil em Portugal(segundo o relatório, a maioria destes rapazes e raparigas está ligado à indústria de calçado. O organismo ressalva que há mais de uma década que os governos nacionais tentam combater o problema e que apesar do número de trabalhadores infantis nas fábricas ter decrescido, parte desta mão-de-obra se transferiu para casa, onde sa mantém a trabalhar).O relatório sobre a exploração do trabalho infantil a nível mundial, elaborado pelo Comité britânico da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), refere que 180 milhões de crianças e jovens vivem diariamente a pior expressão desta actividade, sobretudo devido à pobreza. São meninos-soldados, estão sujeitos a trabalho perigoso, a exploração sexual, escravatura, trabalhos forçados ou outras actividades ilícitas, como produção e tráfico de droga. A grande maioria destas crianças (97 por cento) trabalha nos países em desenvolvimento e em certos casos mais de 40 horas por semana. Ao longo das mais de 60 páginas do documento, a UNICEF demonstra como as crianças são arrastadas para o mundo do trabalho e da exploração pelas condições de pobreza e à falta de uma educação adequada, factores que estão a ser potenciados pelo flagelo do HIV/sida". As crianças tornam-se vulneráveis a este tipo de exploração quando a família, a comunidade ou o Estado não são capazes de as proteger devidamente, defende a UNICEF. As regiões mais problemáticas do mundo são África (41 por cento das crianças entre os cinco e os 14 anos trabalham), na Ásia (21 por cento) e na América Latina (17 por cento). É, contudo, na Ásia, onde a população é mais numerosa, que se concentram 60 por centro destes pequenos trabalhadores. A maioria serve de mão-de-obra na agricultura, na pesca ou em actividades ligadas à sobrevivência da família. Muitas são trabalhadores "invisíveis", sujeitos a diversos tipos de trabalho doméstico na família ou fora dela. Por outro lado, os mais novos continuam a ser um alvo apetecível para as entidades empregadoras: têm salários menores, são mais vulneráveis, intimidáveis, submissos e menos capazes de lutar por direitos que desconhecem. A UNICEF ressalva que um número crescente de crianças de meios urbanos trocou as fábricas pela rua, e dedica-se à mendicidade e a outro tipo de actividades.
In Público.

sábado, fevereiro 19, 2005

Um Filme para a Memória Colectiva


"Hotel Ruanda", um dos filmes-sensação do ano cinematográfico, estreou em Portugal, a duas semanas da entrega dos Óscares, onde conseguiu quatro nomeações, entre as quais as de melhor actor (para Don Cheadle), melhor actriz secundária (Sophie Okonedo) e melhor argumento original.É em situações muito complicadas que por vezes nasce um herói, alguém que graças à sua coragem consegue salvar muitas pessoas.
''Hotel Ruanda'' recupera a história verídica de uma dessas pessoas. Paul Rusesabagina (Don Cheadle) é um gerente de hotel que conseguiu esconder milhares de refugiados tutsis, durante o genocídio de 1994, salvando-os de uma morte certa.
A acção deste thriller político situa-se no Ruanda, um país dividido pelos conflitos étnicos entre os Hutus e os Tutsi.
Quase 85% da população ruandesa pertence aos Hutus, um povo proveniente da bacia do rio Congo. Os Tutsis, pastores de grande estatura provenientes da Etiópia, chegaram a este território por volta do século XV e impuseram o seu domínio feudal aos Hutus, a etnia maioritária.Em 1885, na Conferência de Berlim, as potências europeias repartiram entre si a maior parte do continente africano.
O Ruanda ficou então sob o domínio alemão, mas depois de a Alemanha ter sido derrotada na I Guerra Mundial, os belgas ocupam o país e transformam os tutsis na elite económica, política e militar.Nos anos 50, há um retrocesso e os privilégios passam a pertencer aos Hutus. Mas mais importante do que detalhar a (longa) cronologia do conflito é dizer que até à década de 80, o poder foi pertencendo alternadamente a cada uma das etnias, com muito sangue derramado e muitos acordos falhados de permeio.Os eventos de ''Hotel Rwanda'' ilustram um desses momentos conturbados: o período imediatamente posterior ao assassinato do presidente que faz despoletar a violência entre ambas as facções. O Ruanda é então palco de uma das maiores atrocidades da história da humanidade onde, em apenas 100 dias, quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de etnia hutu.
Paul Rusesabagina, uma espécie de Oskar Schindler africano, era um Hutu moderado, casado com uma Tutsi (Sophie Okonedo), que geria um luxuoso hotel em Kigali e que, perante este cenário, promete proteger a sua família. Mas quando as perseguições aos Tutsis e Hutus moderados invadem a cidade, Paul acaba por encontrar a força e a coragem necessárias para salvar mais de um milhar de refugiados que acolhe no seu Hotel.Muitas destas pessoas são trazidas até ali pelo Coronel Olivier (Nick Nolte), responsável pelas acções militares da ONU no território.
Joaquin Phoenix é o repórter de serviço que testemunha o massacre. Como quase sempre acontece neste tipo de conflitos, as Nações Unidas não conseguiram reagir a tempo e a sua acção no terreno foi manifestamente ineficaz. Realizado pelo irlandês Terry George, este filme revela-nos a forma engenhosa como um homem vulgar conseguiu salvar milhares de pessoas e manter o hotel a salvo.
Uma parte das receitas de bilheteira deste filme será entregue à AMI, contribuindo para a ajuda das vítimas do tsunami e para a recuperação da Ásia Central.
Texto estreia on line.

Cuidado! A BESTA Anda Por Aí


Skins decididos a matar

Matar um «não branco» é uma das condições do novo estatuto dos «skinheads»


Na manifestação de Sábado passado, as autoridades confirmaram a associação do PNR e da Frente Nacional, liderada pelos «skins» mais radicais.
O movimento dos «skinheads» em Portugal registou, nos últimos meses, um recrudescimento que preocupa profundamente as autoridades. A constatação é comum ao SIS, PJ, GNR e PSP, que têm estado no terreno a acompanhar todos os passos deste grupo extremista.
Há duas semanas, foi atribuído à facção mais radical dos «skins» portugueses - o Prospect of the Nation - o título de HammerSkins, uma espécie de elite mundial dos cabeças-rapadas, que se destaca por um elevado grau de violência, pela capacidade organizativa e pela dedicação à defesa da supremacia da raça branca. A atribuição individual desta «distinção» depende de um conjunto de acções violentas praticadas pelo «candidato», entre as quais o assassínio de um não-branco.
Nos últimos relatórios, as forças de segurança registaram também uma associação entre o Partido Nacional Renovador (PNR) e um projecto designado Frente Nacional (a FN, inspirada na Front National Française de Jean-Marie Le Pen), constituída por neonazis já referenciados, pertencentes à Irmandade Ariana - uma designação global para as organizações extremistas. Recorde-se que estas foram alvo de uma operação da GNR em Junho de 2004, em Loures. Na ocasião, foram detidos 27 cabeças-rapadas e o tribunal mandou instaurar um inquérito por «crime contra a Humanidade».
Os investigadores da GNR estão convencidos de que a FN se prepara para se tornar no «braço armado» do PNR, aproveitando-se da existência legal deste para promover as suas ideias xenófobas. No sábado passado, uma manifestação do PNR em Lisboa, contra a entrada da Turquia na UE, serviu para as autoridades confirmarem esta aproximação.
Depois da operação na «skinhouse» de Loures - que está sob investigação da DCCB (Direcção Central de Combate ao Banditismo da Polícia Judiciária) - os cabeças-rapadas não desmobilizaram. Antes, aprumaram a sua organização com o objectivo de ascenderem à Hammerskin Nation (HSN).
Desde essa altura, as forças de segurança - principalmente a GNR, na zona de Loures, e a PSP, essencialmente junto às claques de futebol - reforçaram o controlo sobre o movimento e obtiveram provas de que a ambição de pertencer à elite mundial dos «skins» os estava a conduzir à violência contra pessoas.
Em Outubro, a PSP apreendeu, numa busca à casa de um «skinhead» de 24 anos, diverso material que indiciava a preparação de acções criminosas. Entre os objectos estava uma listagem de nomes e moradas, bem como mapas da localização das residências de pessoas que, presumivelmente, seriam alvo das acções do grupo. Na lista constavam os nomes de um elemento da direcção da Opus Gay, de duas pessoas ligadas à Sinagoga israelita de Lisboa e de dois activistas da associação SOS Racismo. Depois do primeiro interrogatório, o indivíduo foi colocado em prisão preventiva, situação que se mantém. Este caso está ainda sob investigação e, contactada pelo EXPRESSO, fonte oficial da PSP não quis comentar nem adiantar nada sobre o assunto.
O núcleo de investigação criminal da GNR de Loures, responsável pela operação de Junho sobre a «skinhouse», é quem tem acompanhado e aprofundado o conhecimento das movimentações dos extremistas. Foram esses agentes que confirmaram a atribuição do título HammerSkin aos portugueses a 29 de Janeiro e logo deram o alerta ao comando-geral sobre o impacto que esse facto teria no recrudescimento da violência do grupo.


Os mais violentos.

A HSN, fundada em Dallas, nos anos 80, é o mais violento e melhor organizado grupo de «skinheads» neonazis dos Estados Unidos e da Alemanha, chegando a constituir pequenos exércitos fortemente armados. É composto quase exclusivamente por homens brancos, jovens, que defendem a supremacia da raça branca. Têm sido identificados por ligação a actividades criminais, incluindo assassínios, «batidas» (caçadas a não-brancos e anti-racistas), extorsões, cobranças difíceis e tráfico de armas.
A GNR não duvida de que os portugueses agora reconhecidos como Hammers («martelos») vão endurecer as suas acções para mostrar «trabalho».
Há suspeitas de que todos os seus membros se fazem acompanhar diariamente por armas de fogo, soqueiras e bastões. Aliás, foi o que se verificou na operação de Junho: um dos líderes estava na posse de um revólver ilegal, que foi apreendido e entregue ao tribunal.
Em Outubro, na sequência de desacatos no centro comercial Alvaláxia (Lisboa), esse mesmo indivíduo, foi encontrado na posse de uma arma do mesmo calibre, mas desta vez com a respectiva licença, emitida em Setembro de 2004 pela Direcção Nacional da PSP - ou seja, apenas dois meses depois de lhe ter sido apreendida a outra, ilegal.
Valentina Marcelino/Expresso

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

República Popular do Absurdistão


Na República Popular do Absurdistão, conhecida pelos norte-coreanos como República Democrática e Popular da Coreia (R.D.P.C.), e mundialmente conhecida como Coreia do Norte, ontem foi dia de comemoração do "principal feriado do país", o aniversário do "Querido Líder", Kim Jong-Il.
Kim Jong-Il nasceu em 1942, na "mais patriótica e revolucionária família coreana". O pai o fundador da República Popular do Absurdistão (R.D.P.C.), dirigiu o país até morrer em 1994. A mãe Kim Jong-suk falecida em 1949 foi " a maior mãe de todas as nobres mulheres que a História regista", o pequeno Kim nasceu "numa cabana improvisada com troncos de árvores, no acampamento onde seu pai comandava a guerrilha, no monte Paektu, o mais alto da Coreia. No céu surgiram nada menos que dois arco-íris e uma estrela cadente". Na realidade nasceu na Sibéria durante o exílio do seu pai. Estudou na Universidade Kim Il-Sung e depois de apresentar uma tese sobre as teorias agrárias do pai, foi trabalhar para um dos organismos do Partido dos trabalhadores Coreanos. É atribuida a Kim Jong-Il uma infindável lista de livros, que inclui manuais sobre jornalismo e tratados sobre cinema, sobre agricultura, sobre medicina, sobre indústria, sobre tudo, no entanto a obra memorável de Kim é o seu livro "O Socialismo é uma Ciência" que para a imprensa local constitui mesmo " um grande acontecimento na História da Humanidade".Em 1974, entrou para o Politburo do partido e terá sido nessa altura que Kim Il-sung o escolheu como seu sucessor. O tio do jovem Kim, Kim Yong-ju, considerado o numero dois do regime, deixou então de ser visto em público, reaparecendo apenas 20 anos mais tarde, quando o sobrinho era já Comandante Supremo das Forças Armadas, com o posto de marechal.Ontem foi "dia de festa para os povos progressistas de todo mundo" pelo comemoração do 63º aniversário do "Querido Líder", acontecimento que, "foi celebrado em todo mundo, do Bangladesh à França, da Polónia ao Paquistão, da Guiné a Singapura, da Rússia à Malásia" declarou a agência KCNA, norte-coreana.
Isto é quase cómico mas este mentecapto para além de oprimir todo um povo, tem armas nucleares que certamente, não terá nenhum remorso em as utilizar se ameaçarem o seu regime.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Protocolo de Quioto


O primeiro acordo sobre a situação das alterações climáticas ocorreu na Conferência do Rio em 1992. Pela primeira vez definiu-se um quadro de trabalho para controlar ou cortar as emissões de gases com efeito de estufa. Foi o primeiro compromisso mundial sobre a ameaça do efeito de estufa. A previsão de ondas de calor, secas, inundações, subida do nível do mar, entre outras catástrofes, levaram os 175 países que tinham assinado o acordo do Rio ao passo seguinte, o Protocolo de Quioto, que foi assinado no Japão, no dia 11 de Dezembro de 1997, e que prevê que os países desenvolvidos reduzam, em média 5,2 por cento das suas emissões em relação ao que emitiam em 1990 entre 2010 e 2012. As metas variam consoante os países, podendo uns diminuir e outros aumentar. O protocolo teve de ser ratificado por 55 países que representassem 55 por cento das emissões dos gases com efeito de estufa, com base nos valores de 1990, com a ratificação da Rússia, em 18 de Novembro de 2004, o protocolo ficou em condições de entrar em vigor, sendo para isso necessário passar 90 dias da ratificação russa, o que acontece hoje. Ratificaram o acordo até hoje 141 países.
Depois de ser um dos grandes impulsionadores do Protocolo de Quioto, através do Presidente Bill Clinton, e principalmente através do Vice-presidente Al Gore, os Estados Unidos o maior poluidor mundial, com a chegada à presidência de George W. Bush informaram o mundo em 2001 que não ratificariam o Protocolo, exigindo para assinar o acordo, um envolvimento mais efectivo da China, da Índia e do Brasil.
Espera-se um rápido e vital envolvimento dos Estados Unidos neste esforço mundial, no combate ao aquecimento global do planeta.

Carlos Paredes


Nascido em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925, Carlos Paredes faria hoje 80 anos. Filho, neto e bisneto de guitarristas, o pai Artur Paredes, ensinou-o a tocar aos cinco anos. A mãe, Alice, ainda lhe arranjou professores de piano e violino, mas de nada serviu.Quando a família se mudou para Lisboa, o aprendiz de mestre tinha nove anos.Concluída a instrucção primária no Jardim Escola João de Deus, entrou para o Liceu Passos Manuel antes de rumar ao Instituto Superior Técnico e a uma licenciatura que ficaria por concluir. Entretanto casou e teve filhos. Tímido e introvertido, escudou-se na sombra tutelar do pai, com quem tocou em programas da Emissora Nacional e gravou um disco nos anos 50. Em 1958 é preso pela em Caxias, e a PIDE acusa-o de ser comunista. Saído da prisão, 18 meses depois, Carlos Paredes é expulso da função Pública, era funcionário administrativo, arquivista de radiografias do Hospital de São José, por pertencer ao PCP. Até ao 25 de Abril, altura que é reintegrado, exerce a profissão de delegado de propaganda médica. Durante os anos sessenta, uma década de muito trabalho para Carlos Paredes, compõe e interpreta a banda sonora do filme Verdes Anos , de Paulo Rocha, em 1962, seguindo-se a música para filmes, como Fado Corrido, de Brum Canto, em 1964, As Pinturas do Meu Irmão Júlio, de Manoel de Oliveira, em 1965 ou mudar de Vida, de Paulo Rocha em 1966.Durante esta fase inicia a composição de temas para peças de teatro e anima festas estudantis fazendo da sua guitarra a sua voz contra a ditadura de Salazar. O primeiro LP, Guitarra portuguesa gravou-o em 1967, tendo de seguida feito, um concerto memorável no Olympia de Paris. Quatro anos depois, em 1971 grava o dificílimo albúm Movimento Perpétuo, que o celebrizaria. Quando chegou o 25 de Abril, deixou para trás as promessas de uma carreira internacional e embarcou no sonho da Revolução levando o seu olhar de esperança e a guitarra a fábricas e colectividades. Nos anos oitenta grava, os albuns Invenções livres com António Vitorina d'Almeida, em 1986, Espelho de Sons em 1987. Em Julho de 1993 sai Inéditos, e em Outubro desse ano dá um concerto memorável na Aula Magna da Univerdisidade de Lisboa, onde partilhou o palco com Luísa Amaro, ex. aluna e companheira de música e de vida desde 1983. Depois dessa noite memorável, não mais voltaria a sentir o nervosismo dos concertos, pois durante o mês de Novembro é-lhe diagnosticado uma mielopatia crónica. Nunca mais poderá tocar. Em Janeiro, entra no lar da Nossa Senhora da Saúde, em Lisboa onde viveu até à sua morte. Nos anos seguintes ao seu internamento sucedem-se homenagens e é recordado num enorme concerto da Expo 98 e nas festas de Lisboa. Em Fevereiro de 2000, o Presidente Jorge Sampaio vai visitá-lo no dia do seu aniversário e a TSF faz uma emissão especial para o Rádio que tem no seu quarto.
Muito antes de falecer a 23 de Julho de 2004, o guitarrista já se havia tornado numa figura incortonável da cultura portuguesa. Deixou-nos a sua música, que era segundo ele, "Uma invenção ligada à vida simples, activa, ao dia-a-dia da gente simples de qualquer estrato social".

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Um-faz-que-avança-mas-não-sai-do-sítio

A Direcção-Geral de Contribuições e Impostos notificou quer a Liga Portuguesa de Futebol Profissional quer a Federação Portuguesa de Futebol da existência de uma dívida de 19.957.145 euros de divídas no âmbito do totonegócio não cobertas pelas apostas do Totobola e ainda outra dívida no valor de 8.464.789.45 Euros, criadas até ao dia 31 de Julho de 1996 e não abrangidas pelo totonégócio. A Federação Portuguesa de Futebol reagiu, pela voz do seu presidente, Gilberto Madaíl dizendo que "Bagão Félix está querer dividendos políticos do totonegócio. A FPF não tem massa associativa", por sua vez o Director executivo da Liga de Clubes Cunha Leal, diz que "os clubes cumpriram escrupolosamente as suas obrigações fiscais, tudo isto não se pode dissociar do momento eleitoral", o fiscalista Lobo Xavier diz que os "clubes não devem absolutamente nada ao Estado" enquanto que o Presidente do FC porto diz num tom jocoso que o problema " é dos árbitros, que vão ver as retretes dos seus balneários penhoradas, e a precaver-se comprou uns potes", por último o Sporting durante o fim de semana, reage em comunicado afirmando que "o clube não deve nada ao fisco".
Hoje o Jornal Público afirma que os clubes de futebol que vão receber uma notificação do Fisco para liquidar as suas dívidas fiscais não abrangidas pelo totonegócio, poderão estar na posse de declarações das Finanças que nada devem, segundo um despacho de 1 de Março de 2001, assinado pelo então ministro, Pina Moura, determinando que essas dívidas não seriam considerads para o efeito de passagem de certidões, sem as quais os clubes não poderiam participar nas competições desportivas. Contactado para comentar os motivos desta decisão, Pina Moura respondeu "Não se lembrar do referido despacho".
Esta situação caricata certamente nunca se passaria com um pequeno contribuinte, o que nos leva à questão, se o Estado no geral e o Fisco no particular, tem ou não tem, dois pesos e duas medidas, isto é, um pagamento coercivo e imediato para os pequenos contribuintes em falta para com o fisco, e um-faz-que-avança-mas-não-sai-do-sítio, quando as dívidas são contraídas por clubes de futebol, ou por contribuintes de peso na economia. Como diz Maria José Morgado, vamos ver se o Estado não fica de joelhos perante o futebol.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

A Irmã Lúcia, os Políticos e os Oportunistas


Morte da Irmã Lúcia - Lúcia de Jesus dos Santos a última sobrevivente dos três pequenos pastores que em 1917, afirmaram ter visto a Virgem na Cova da Iria, morreu ontem com 97 anos de idade. Nascida a 22 de Março de 1907, numa povoação perto de Fátima, lúcia tinha dez anos quando afirmou ter visto pela primeira vez, Nossa Senhora na Cova da Iria, juntamente com os primos Jacinta e Francisco, tendo sido a única a alegar ter ouvido as palavras da Virgem.Inicialmente a Igreja encarou cepticismo os relatos dos três pequenos pastores e só em 13 de Outubro de 1930 o bispo de Leiria proclamou aficialmente que as aparições eram dignas de crédito.Procurando recato, Lúcia entrou em 1921 num colégio de doroteias no Porto, vindo a professorar como doroteia em Tuy, Espanha. Em 1946 regressou a Portugal, entrando dois anos mais tarde, em 25 de Março de 1948 para o Carmelo de Santa Tersa, em Coimbra, tendo aí vivido até à sua morte, ocorrida ontem.
Os políticos - O PSD e o PP cancelaram ontem todas as acções de campanha eleitoral previstas para hoje e para amanhã, depois de saberem da morte da Irmã Lúcia. O primeiro-ministro, que já tinha suspenso as acções de campanha eleitoral durante o dia de Carnaval, fez ainda saber que vai propor que seja decretado luto nacional pela morte da Irmã Lúcia. O PP, que pelo seu líder, deu a conhecer aos portugueses que a, Irmã Lúcia é uma figura ímpar do século XX português, anulou todas as acções de campanha "em forma de respeito e recolhimento". O PS, vá-se lá saber porquê, foi a reboque do PSD e do PP, e decidiu não fazer campanhas de rua e condicionou algumas das suas acções de campanha. O PCP e BE, deram um voto de pesar, mas baseados, e na minha opinião certos, na salutar separação institucional entre o Estado e a Igreja, decidiram continuar com as acções de campanha agendadas para hoje e para amanhã.
Os Oportunistas- D. Manuel Martins, bispo resignatário de Setúbal, faz uma crítica feroz aos partidos que alteraram as acções de campanha eleitoral. Em declarações à TSF, não esconde a sua indignação e considera um absurdo interromper a campanha eleitoral em homenagem à irmã Lúcia. "Não tem nada a ver uma coisa com a outra e a campanha eleitoral devia continuar. Não tenho dúvidas nenhumas" adiantou. D Manuel Martins considera que se está a verificar " um oportunismo político" e que " não fiquei nada contente nem convencido da sinceridade no tocante à suspensão de actividades políticas" Mais uma vez estes políticos, recorrem a truques baixos, para uma exploração oportunista dos sentimentos mais profundos dos portugueses.

domingo, fevereiro 13, 2005

Obviamente, Demito-o!


Bastou uma simples frase, para que Humberto Delgado, escrevesse o seu destino na história política de Portugal contemporâneo. O episódio a que esta frase se refere, passou-se no café lisboeta, Chave D'Ouro, no dia 10 de Maio de 1958, respondendo a uma pergunta feita pelo jornalista Mário Neves, sobre qual seria o destino do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, se o general vencesse as eleições, disse: "demito-o, obviamente", a afirmação passaria à história com as palavras em ordem inversa. Sete anos depois de ter perdido, vencendo não fosse uma monumental fraude, as eleições a PIDE assassinaria o general Humberto Delgado em Espanha. Faz hoje precisamente 40 anos. A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa de assassinar Humberto Delgado, infiltrou certos círculos da oposição mantendo uma apertada vigilância sobre todos os movimentos do líder da oposição portuguesa no exílio. Uma intensa campanha de descrédito e de isolamento alimentada pelos serviços secretos, fomentou gradualmente ao longo de um período de cinco anos, a criação de uma rede de informadores que conseguiu obter a confiança do general. Foi assim que ele anuiu ir ao encontro de Badajoz.Convencido que se ia reunir com oficiais portugueses interessados em derrubar o regime, Delgado foi de facto ao encontro da morte.Uma brigada da PIDE chefiada pelo inspector Rosa Casaco atravessou a fronteira utilizando passaportes falsos, a fim de montar a cilada que vitimaria o general e a sua secretária brasileira, Arajarir Campos Moreira. 13 de Fevereiro de 1965 é a data do encontro fatídico, marcado para os correios de Badajoz, donde aliás enviou quatro postais a quatro amigos em quatro países diferentes e assinados com o nome de sua irmã- Deolinda.O objectivo do envio destes postais correspondia a um código, previamente combinado, que significava: estou vivo e não estou preso. Foi o último sinal de vida e por isso esta data é considerada a data do seu assassinato que se pressupõe ter ocorrido perto de Olivença. O desaparecimento de Humberto Delgado deixa os seus companheiros de exílio mergulhados na inquietação.Passam-se semanas sem qualquer notícia do seu paradeiro. Dois meses e meio, a 26 de Abril, os corpos do general e da secretária são encontrados por duas crianças, em adiantado estado de decomposição. No entanto diversos elementos permitem identificá-los, dando início a um longo e árduo processo judicial, que só terminaria após o 25 de Abril de 1974, com a condenação em tribunal militar dos ex. agentes da PIDE directamente implicados e com a trasladação dos restos mortais do "general sem medo" para o Panteão Nacional. Como diz Severiano Teixeira " A democracia veio finalmente prestar homenagem à sua memória e dar-lhe o lugar que ele merecia na História de Portugal, fazendo-o marechal"

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Longa Caminhada para a Liberdade


Ainda tenho bem presente na memória, as imagens da televisão daquele Domingo 11 de Fevereiro de 1990, quando Nelson Mandela foi libertado da cadeia de Robben Island, após 27 anos de encarceramento. Vejo-o a dar uns tímidos passos abraçado á sua mulher Winnie Mandela, e com o braço direito levantado e de punho cerrado, saúda uma multidão que o aclama. Vejo a seguir esta multidão a acompanha-lo num lento e festivo cortejo até à Cidade do Cabo, onde da varanda da câmara municipal se dirige, pela primeira vez a uma multidão de mais de 50 mil pessoas. As primeiras palavras são para o Presidente De Klerk, que diz ser um homem íntegro, acrescentando "Mas a nossa luta atingiu um momento decisivo. A nossa marcha para a liberdade é irreversível". Nelson Mandela foi um incansável maratonista na longa corrida contra o appartheid.
Recusou várias vezes a liberdade em troca de desistir de combater a segregação racial. A sua persistência, a estatura moral que manifestou na cadeia, a ligação que conseguiu continuar a manter com as estruturas do ANC, serviram para alimentar campanhas mundiais pelo seu prestígio e pela sua libertação.
A libertação de Nelson Mandela foi a confissão do regime de que estava à beira do esgotamento.A instabilidade interna provocada pela degradação das estruturas do sistema, pela luta social e política contra a segregação racial, pelos efeitos das sanções económicas internacionais, fizeram com que as figuras mais realista do regime percebessem que a situação não podia prolongar-se por muito mais tempo.
Frederik De Klerk tomou a decisão corajosa de libertar Nelson Mandela sem que este fizesse concessões em relação aos princípios que sempre defendera. E quando Nelson Mandela saiu da prisão naquele Domingo, o Mundo que finalmente ficou a conhecê-lo de vista e não apenas de nome, advinhou que aqueles timídos passos eram dados em direcção a uma nova África do Sul, o fim de uma longa caminhada para a liberdade.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Fim da Intifada


O registo histórico de acordos não cumpridos entre israelitas e palestinianos, deixa-nos uma ténue esperança, para os resultados conseguidos na cimeira Sharm el-Sheikh, realizado no passado dia 8 de Fevereiro, se cumpram. Ariel Sharon e Mahmoud Abbas, com o alto patrocínio de Hosni Mubarak, do Egipto e do rei Abdallah II da Jordânia, declararam um cessar fogo mútuo e total, pondo assim fim à segunda Intifada. Durante os quatros anos de violência que durou a Intifada, morrerram mais de 4000 pessoas, (3350 palestinianos e 970 israelitas).Neste acordo Israel abandona todas as operações militares nos territórios ocupados e pôe fim aos assassínios selectivos, enquanto que os palestinianos suspendem todos os ataques contra israelitas. Serão libertados 900 prisioneiros palestinianos e a desocupação de cinco cidades cisjordanas. Foi um primeiro passo, que espero leve à criação de um estado independente para os palestinianos, mas pela frente tanto o lado israelita como o lado palestiniano, têm um árduo trabalho. Da parte palestiniana, Mahmoud Abbas terá que controlar os grupos armados, principalmente o Hamas e a Jihad Islâmica, do lado israelita Ariel Sharon terá que ter pulso para controlar a extrema direita que se opôe a qualquer acordo com os palestinianos. Nas eleições para presidente da autoridade palestiniana todos queriam Mahmoud Abbas, agora, espera-se que Israel, Ariel Sharon, EUA, George W. Bush e Condoleezza Rice se capacitem que têm neste interlocutor a última oportunidade para a paz.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Naked Portrait


Hoje a Christie's, realiza em Londres um leilão dedicado à arte contemporânea, onde será leiloado o "Naked Portrait 2002", que mostra a famosa modelo Kate Moss grávida e nua. Este quadro é de autoria de Lucian Freud, que é considerado o maior pintor britânico vivo. A obra está avaliada entre 3,5 milhões de Euros e 5 milhões de Euros.
Vendido por: 5 milhões e 600 mil Euros.

Lucian Freud


Auto-retrato, 1985
Lucian Freud nasceu em 1922, neto de Sigmund Freud, é considerado o maior pintor britânico vivo, depois da morte de Francis Bacon. É o grande pintor figurativo pós-moderno, herdeiro da tradição iconoclasta do Renascimento. Pinta o corpo nu, despojado, solitário, do nascimento à morte. Talvez por ter sido sempre figurativo, um realista, num mundo que até há pouco tempo só valorizava o abstrato, Freud foi desprezado durante décadas.Insultado e ignorado, Lucian Freud disse que a essência da sua pintura, é a decadência do corpo humano. Por trás de modelos definidos perpassa algo invisivelmente repulsivo. As telas de Freud não são as pessoas, mas sim as intrepretações de pessoas. Lucian Freud na pintura, como o seu avô na psicologia, tentou devolver a humanidade à realidade ordinária.

Kate Moss



sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Grandes Homens, Grandes Causas


No âmbito da campanha internacional, "Faça da Pobreza História", Nelson Mandela, defendeu ontem num magacomício em Trafalgar Square, Londres, a libertação dos escravos da pobreza, insistindo que tratando-se de obra do homem, pode ser erradicada pela acção do homem. "Neste novo século, milhões de pessoas dos países mais pobres do Mundo continuam presas, escravizadas e acorrentadas.Chegou a altura de as libertar", disse Nelson Mandela à multidão que o ouvia. Acrescentando que " Tal como a escravatura e o apartheid, a pobreza não é natural. É obra do homem e pode ser erradicada pelas acções dos seres humanos." Para que o Mundo se liberte de uma "desigualdade obscena", Mandela pediu aos dirigentes dos países ricos para "não hesitarem, não desviarem o olhar, porque o mundo está sedento de acções e não de palavras".
Uma grande causa, defendida por um grande Homem.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

The Day the Music Died


Depois de um concerto no Surf Ballroom em Clear Lake, no Iowa, os músicos-cantores Buddy Holly, Ritchie Valens e J.P. Richardson, apanharam uma pequena avioneta de 4 lugares, para regressarem a casa, debaixo de uma intensa tempestade de neve. Algumas milhas após a descolagem, a avioneta despenhou-se provocando a morte de Buddy Holly, Ritchie Valens, J.P. Richardson e do piloto Roger Peterson.
Este acidente inspirou o cantor Dan McLean a criar em 1971 a famosa música "American Pie", que imortalizou o dia 3 de Fevereito como o dia em que a música morreu.

O Aviador


O filme "O Aviador", nomeado para 11 Óscares da Academia de Cinema de Hollywood, é o grande favorito a receber o Óscar de Melhor Filme do Ano.
Filme realizado por Martin Scorsese, conta com a participação, de Leonardo Di Caprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin , Alan Alda e, é baseado no percurso do multimilionário Howard Hughes, cujas as principais paixões foram os aviões, as mulheres e o cinema.
Estreia hoje, num cinema perto de nós.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Perfil do Político Estúpido


O psicólogo Vítor J. Rodrigues, no seu livro " A Nova Ordem Estupidológica", traça o perfil do político estúpido elegível, para quem não conhece o livro, aqui fica a prosa.
Um político estúpido elegível:
"1. Estupidamente flexível, no sentido de ser capaz de mudar de ideias, orientações, colorações e declarações para se adaptar às vicissitudes da faena na arena política...
2. Estupidamente magnético, no sentido de poder atrair muitos votos independetemente do seu potencial para governar segundo os interesses da nação.
3.Estupidamente carismático, no sentido de ter uma imagem geradora de impacto e fácil de memorizar, capaz, por exemplo, de agitar e convencer os cidadãos independetemente da veracidade dos argumentos...
4.Esgrimista verbal estúpido, no sentido de ser muito capaz de usar as palavras e os argumentos como armas pontiagudas para vencer debates.Uma vez mais, a relação disto com a verdade ou a realidade não é importante devido aos direitos do político sobre elas.
5.Estupidamente bom vendedor, no sentido de saber relacionar-se com a clientela eleitoral e saber convencê-la a adquirir o seu produto (esta aquisição é paga em votos).
6.Estupidamente bom líder, no sentido de ser capaz de chefiar estúpidos encaminhando-os e motivando-os com base nos seus desejos, impulsos institivos, necessidades elementares e visões parcelares encurtadas..."
Felizmente que tudo isto é ficção, não têm absolutamente nada a ver com a realidade portuguesa.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Morte das Ideologias



Só mesmo um psiquiatra para explicar, este "reality show" que chegou a campanha eleitoral. Sem política e sem ideologia, esta campanha eleitoral apenas versa as pessoas, com tricas personalizadas e com críticas destrutivas como único argumento. Veja -se Santana Lopes no comício de Braga, apregoar referindo-se a José Socrates " o outro candidato tem outros colos. Estes colos sabem bem", rodeado de mil mulheres. Se não houver uma inflexão no discursos dos líderes partidários, teremos de escolher no próximo dia 20 de Fevereiro o próximo primeiro-ministro, não pela sua qualidade como político e pelas suas políticas, mas sim pela cor dos olhos, pelo seu penteado, pelo seu corpo, pelo seu tom de voz ou pelo sentido de humor. A incoerência e a campanha negativista chegou ao limite do racional. A retórica política encheu-se de meras palavras ou slogans- choque de valores, choque tecnológico, choque de gestão, choque fiscal, competência, responsabilidade, utilidade, mudança, mérito , desafio- usados tanto pela esquerda como pela direita, na sua ânsia de conquistar o eleitorado.
Os políticos tentam todos os dias convencer-nos que o tempo das ideologias acabou, mas se as ideologias acabaram, o que é a política?
Uma simples gestão da administração pública?
Para isso contrate-se, os melhores gestores portugueses, e deixem o combate político para os filósofos. Que a política morra!

O Senhor que se Segue


O FC Porto despediu o segundo treinador da temporada.Victor Fernandez não resistiu a uma série de maus resultados. Tudo aponta para que José Couceiro, treinador do Vitória de Setúbal seja o senhor que se segue.
Mais um rombo no mito que o FC Porto, não despede os treinadores a meio da época.Nunca no reinado de Jorge Nuno Pinto da Costa o FC Porto demonstrou tantas fragilidades a nível de estruturação de uma equipa, como na corrente época. O balneário e a indisciplina, também ajudam a destruir o grande trabalho feito por José Mourinho. Aguarda-se a confirmação da contratação de José Couceiro.