Os conhecimentos e aptidões da população adulta portuguesa não podiam ser piores: estamos em último lugar, entre 30 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no que se refere ao tempo médio que os cidadãos com mais de 25 anos passaram na escola. O indicador contabiliza em oito e meio os anos gastos em regime de educação formal no País, contra uma média global de 11,9 em todos os países. Vale a pena dizer que a tendência está a mudar: a faixa etária dos 25 aos 34 anos apresenta uma subida de mais de 20 pontos percentuais, em relação ao grupo dos 45/54 anos, no que se refere à frequência do ensino secundário. Mesmo assim, os que realmente concluem o 12.º ano são apenas 40% dos indivíduos deste grupo etário. E 25 % do total da população portuguesa, contra 67% da média da OCDE. A manter-se a taxa de crescimento anual, estaremos a par da actual realidade dos outros países em 2013. As más notícias e a perspectiva evolutiva pertencem ao relatório anual da OCDE dedicado ao ensino, Education at a Glance 2006. Na lista das qualificações da população adulta somos seguidos pelo México e Turquia, penúltimo e antepenúltimo lugares - países onde, tal como no nosso, mais de metade da população entre os 25 e os 64 anos não completou o secundário. No topo da escala surge a Noruega, onde a permanência média no sistema educativo é de quase 14 anos, seguida da Alemanha, Dinamarca e Estados Unidos. O relatório, extenso e dedicado a 26 indicadores principais, repartidos por 30 países, aborda também a polémica questão da Matemática. Portugal destaca-se mais uma vez pela negativa: é o segundo país da OCDE que menos tempo dedica à disciplina e às competências da língua materna no currículo do 2.º ciclo do Ensino Básico, a par com a Irlanda. Reportando-se a dados de 2004, o relatório assinala que apenas 12% do currículo dos alunos portugueses entre os nove e os 11 anos é consagrado à Matemática, menos 4% do que a média dos países analisados. Atrás de nós só a Austrália, que dedica 9% do tempo de aulas aos números - e 13% à sua língua materna, logo seguida por Portugal, com apenas 15%. Mas há outros dados interessantes no que respeita à proficiência dos alunos portugueses com os números. Apenas 6% conseguiu atingir os dois níveis mais elevados de competência matemática do PISA 2003, outro estudo da OCDE dedicado apenas à disciplina - concentrando-se a quase totalidade dos alunos nos níveis mais baixos. A explicação tem mais a ver com as diferenças dentro de cada escola - isto é, alunos com a mesma idade mas retidos em diferentes níveis de escolaridade, devido a reprovações - do que entre escolas. No entanto, quando há assimetrias entre as instituições de ensino, estas estão anexadas a uma certa estratificação económica, social e cultural. Apesar de terem menos tempo de aulas na maioria das áreas, os alunos portugueses passam mais horas na escola do que a média dos países da OCDE. Veja-se o exemplo do 2.º ciclo, com as crianças entre os nove e os 11 anos a passarem 874 horas por ano na sua instituição de ensino, mais 66 do que a média dos países analisados. Quanto aos gastos, em Portugal são 4 422 euros bem contabilizados por estudante, desde o ensino básico até ao superior: o País consegue o 23.º lugar entre todos os países no que se refere a este indicador. Abaixo da média da totalidade dos países, claro, que é de 5 381 euros por aluno. Uma salvaguarda: apesar de ser menos do que o que os outros gastam, esse montante representa para Portugal uma maior fatia do Produto Interno Bruto per capita do que para esses mesmos países. Aqui, a questão é mesmo relativa. DN.
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