sexta-feira, junho 26, 2009

Michael Jackson em Fotos


Foto Reuters/Allen Fredrickson. Concerto dos Jackson Five em Mill Run Playhouse em Junho de 1974.

Foto Reuters/Allen Fredrickson. Em 1969, o primeiro grande sucesso dos Jacson 5, " I want you back". O grupo assina contrato com a Motown. Em 1970 começará uma carreira paralela a solo.

Foto Reuters/Susumu Takahashi. Michael Jackson e Mickey na Disneyland de Tóquio em 1987, ano em que saíu o disco Bad, que vendeu mais de 20 milhões de exemplares. cinco anos depois de Thriller, o disco mais vendido de sempre.

Foto Reuters. 17 de Janeiro 1993, com o presidente Bill Clinton, Chelsea, a filha do presidente e Diana Ross.

Foto Reuters/Tobias Schwarz. Novembro de 2002 em Berlim. Michael Jackson desesperado quando ia deixando cair o seu filho da janela de uma clínica.

Foto Reuters/Lucas Jackson. Michael Jackson cumprimenta os seus fãs à chegado do Tribunal de Santa Bárbara, a 25 de Maio 2005.

Foto Reuters/Lucas Jackson. Santa Bárbara, 27 de Maio 2005.

Michael Jackson cumprimenta os fãs à saída do tribunal em Junho de 2005, depois das acusações de pedofilia não terem convencido o júri.

Foto Reuters/Kieran Doherty. Dia 16 de Novembro de 2006 durante os "World Music Awards". Fazia nove anos que Michael Jackson não pisava um palco. Abandonou o palco debaixo de um coro de assobios pour ter apenas cantado We Are The World.

Foto Reuters/Stefan Wermuth. Em Março último, durante uma conferência de imprensa para anunciar o seu regresso aos palcos durante o Verão para uma série de concertos em Londres.

Michael Jackson (1958-2009)


Michael Jackson, considerado o Rei da Música Pop, morreu ao princípio da noite de ontem após sofrer uma paragem cardíaca e ser levado à pressa para um hospital em Los Angeles.O cantor de 50 anos não respirava quando os paramédicos chegaram à sua casa e deu entrada no hospital em estado de coma.
Depois de ter praticamente desaparecido em 2005 por causa do julgamento em que era acusado de ter abusado sexualmente de uma adolescente, apesar de ter sido absolvido, o cantor cinquentenário tinha anunciado em Março o seu regresso aos palcos, num concerto em Londres, no Verão.
No fim de Maio, os organizadores anunciaram que os concertos de Julho tinham sido adiados alguns dias, assegurando, no entanto, que isso "nada tem que ver com a saúde" do cantor.
Dotado de uma voz inconfundível, Jackson tinha sido bailarino e já aos dez anos o seu talento era reconhecido, tendo mais tarde conquistado o estatuto de estrela mundial.
No entanto, desde os anos 1980 que o enigmático Michael Jackson mostrava sinais físicos e comportamentais estranhos, pelo que, além de ser um fenómeno musical, o cantor passa a ser também um fenómeno humano.
Michael Jackson nasceu a 29 de Agosto de 1958 numa família negra de origem pobre, em Gary, no estado do Indiana, no norte dos Estados Unidos.
O seu pai era mineiro e a mãe trabalhava numa revista. O casal tinha nove filhos.
Em 1979, o produtor Quincy Jones supervisiona o seu primeiro disco a solo, "Off the Wall", em que participa Stevie Wonder e Paul McCartney, um disco que continuava a ter sucesso mesmo depois de 15 anos.
Michael Jackson bateu o recorde mundial de vendas com o seu álbum "Thriller", em 1982, com mais de 100 milhões de exemplares vendidos, seguindo-se outros dois sucessos musicais: "Bad" (1987) e "Dangerous" (1991).
É nesta altura que o físico do cantor começa também a transforma-se, com a sua pele a ficar cada vez mais clara e o seu nariz cada vez mais fino.
No entanto, Jackson nega qualquer cirurgia, explicando a brancura da sua pele com a sua doença, vitiligo.
Michael Jackson transforma um rancho californiano em residência e parque de atracções a que deu o nome de "Neverland", em homenagem ao seu ídolo, Peter Pan, a criança que não se torna adulta.
Em 1993, esta imagem excêntrica passa para segundo plano quando vem a público uma denúncia de um jovem de 13 anos que afirma ter sido vítima de abuso sexual por Jackson.
O cantor foi considerado inocente e recebeu uma indemnização de cerca de 23,3 milhões de dólares, uma quantia pouco significativa em relação à sua fortuna estimada em cerca de 600 milhões de dólares.
Em 1994, Michael Jackson casa com a filha de Elvis Presley, Lisa Marie Presley, o que foi uma surpresa.
No ano seguinte é editado "HIStory", um disco anunciado como o regresso da estrela da pop mas que se revelou um fracasso.
Jackson e Lisa Presley divorciam-se e, em 1996, o cantor volta a casar com Debbie Rowe, enfermeira australiana com a qual teve dois filhos, Prince Michael Jr e Paris Michael Katherine, divorciando-se novamente em 1999.
Em 2002, nasce o seu terceiro filho, Prince Michael II.
O álbum "Invincible", que sai em Outubro de 2001, revela-se também um sucesso.
Em 2003, num documentário britânico, o cantor afirma que gostava de dormir com rapazes jovens, com "toda a inocência", um escândalo que mancha a sua imagem, mesmo com a sua absolvição em Junho de 2005 pela acusação de abuso sexual de menores.
Entretanto, a fortuna da estrela musical emagrece em 2006, altura em Michael Jackson oferece à Sony a oportunidade de comprar metade do seu catálogo musical para pagar uma dívida de cerca de 170 milhões de dólares.
Depois desta desgraça financeira, Jackson tinha conseguido recentemente a anulação da venda dos seus objectos pessoais que devia ser organizada pela leiloeira Julien's, na Califórnia.
Michael Jackson tinha anunciado que estava a trabalhar num novo álbum que não chegou a materializar-se. (Lusa)

Farrah Fawcett (1947-2009)


A actriz norte-americana Farrah Fawcett, de 62 anos, morreu ontem vítima de cancro num hospital em Santa Mónica, Califórnia, informou o canal de notícias CNN.
A actriz padecia há mais de dois anos de um cancro e relatou a sua doença no documentário televisivo "Farrah´s story".
Natural do Texas, Farrah Fawcett formou-se em Microbiologia, mas sempre sonhou com a representação.
Depois de se mudar para Los Angeles, chamou a atenção da indústria audiovisual pela figura loira, atlética e escultural.

Começou por fazer vários anúncios publicitários e alguns filmes até entrar na série televisiva norte-americana "Anjos de Charlie", produzida por Aaron Spelling, que a tornou, em finais dos anos 1970, a "namorada" dos Estados Unidos.
Entrou em vários filmes que comercialmente não tiveram sucesso, como a comédia "Sunburn", representou teatro em Nova Iorque, tendo sido aclamada em 1983 pela participação em "Extremities", peça de William Mastrosimone.
Foi na televisão que a actriz teve mais sucesso, nos filmes "Murder in Texas", "Poor little rich girl" e "The burning bed", que lhe valeu uma nomeação para um Emmy.
Este mês, Farrah Fawcett tencionava casar com o companheiro de há mais de vinte anos, o actor Ryan O´Neal.(Lusa).

quinta-feira, junho 25, 2009

Reciclagem


Advertising Agency: Grey Beijing, China
Executive Creative Director: Chee Guan Yue
Creative Director: Dan Fang
Art Directors: Dan Fang, Shi Yuan He, Chee Guan Yue
Copywriters: Dong Hai Liu, Jeffery Kwek, Chee Guan Yue
Photographer: Edward Loh
Photo Retouching: Edward Loh

Óscares passam a ter dez nomeados para Melhor Filme


O número de filmes candidatos ao Óscar de Melhor Filme vai passar, já na próxima edição da cerimónia, de cinco para dez, anunciou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Na 82ª cerimónia dos Óscares, em 7 de Março de 2010, haverá então o dobro do número de filmes nomeados para Melhor Filme, confirmou o presidente da Academia, Sid Ganis, citado pela "Variety"."
Após mais de seis décadas, a Academia volta, em parte, às suas origens, quando a competição era maior para a principal recompensa do ano", disse Sid Ganis numa conferência de imprensa, citado pela AFP. Nas décadas de 1930 e 40, a existência de dez nomeados para Melhor Filme era frequente. Em 1934 e 35 houve mesmo 12 candidatos a Melhor Filme. No ano em que se premiavam os filmes feitos em 1944, a categoria passou a acolher apenas cinco títulos.
"O resultado final, seguramente, será o mesmo", afiançou o responsável: no final, haverá apenas um premiado como Melhor Filme do ano. "Mas os finalistas desta corrida serão dez filmes de 2009 e não cinco". Dave Karger, da "Entertainment Weekly", assinala já que esta maior amplitude da selecção final poderá ajudar filmes tidos como "mais comerciais" a entrar nas listas do prémio maior dos Óscares, dando os exemplos passados de "O Cavaleiro das Trevas" ou "WALL.E" e antevendo que na próxima edição haja espaço para filmes como "Star Trek" ou "Up - Altamente".
Os filmes, actores e outros profissionais nomeados para os Óscares de 2010 serão conhecidos a 2 de Fevereiro. A entrega dos prémios máximos do cinema norte-americano, no Kodak Theater em Hollywood (Los Angeles), foi adiada para Março devido aos Jogos Olímpicos de Inverno, que este ano decorrem entre 12 e 18 de Fevereiro e são transmitidos na televisão americana na NBC, sendo que a estação que detém os direitos televisivos dos Óscares é a ABC. (Público).

quarta-feira, junho 24, 2009

Prémio Príncipe das Astúrias para Ismail Kadaré


O escritor albanês Ismail Kadaré foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras 2009. O trabalho do autor de "O Palácio dos Sonhos" foi destacado pelo júri que atribui o galardão "pela beleza e o profundo compromisso da sua criação literária".
Para justificar a sua escolha - o escritor fazia parte de uma lista de candidatos onde se encontravam o italiano Antonio Tabucchi ou o britânico Ian McEwan -, o júri defendeu que o autor, que considerou "uma das maiores figuras da literatura albanesa", enquanto escritor, ensaísta e poeta "atravessou fronteiras para se erguer numa voz universal contra o totalitarismo".
Nascido em 1936, em Gjirokaster, Kadaré sobreviveu a uma infância marcada pela II Guerra Mundial e à ocupação do seu país pela Itália fascista, a Alemanha nazi e a União Soviética. Em 1963, publica o seu primeiro romance, "O General do Exército Morto". Mais tarde seguem-se outros trabalhos, como "O Palácio dos Sonhos" (1992), "A Pirâmide" (1994), "Abril Despedaçado" (2002), "A Filha de Agamémnon e o Sucessor" (2008) e "Três Cantos Fúnebres pelo Kosovo" (2002), todos estes publicados em Portugal pela editora Dom Quixote.
Por várias vezes candidato ao Prémio Nobel da Literatura, Kadaré, considerado uma dos grandes escritores e intelectuais europeus do século XX e uma das principais vozes albanesas contra a presença sérvia no Kosovo, viu a sua obra traduzida em mais de 40 línguas.
O prémio atribuído a Kadaré, que tem o valor de 50 mil euros e incluiu ainda uma escultura criada por Joan Miró, será entregue em Outubro numa cerimónia em Oviedo.(Ípsilon).

terça-feira, junho 23, 2009

Boris Vian Morreu há 50 anos


Boris Vian tinha 25 anos quando confidenciou a Simone de Beauvoir que o seu coração não duraria mais do que uma dezena de anos, se não parasse de tocar trompete, diziam-lhe os médicos.
Continuou a tocar com a inquietação de sempre, escreveu ficção e poesia, traduziu, passou por um sem-fim de actividades artísticas e morreu na escuridão de uma sala de cinema, a visionar uma má adaptação de uma novela sua, faz hoje exactamente 50 anos.
Os médicos enganaram-se por pouco: a trompete de Bisonte Encantado ("Bison Ravi" foi o seu primeiro pseudónimo literário) calou-se de vez na manhã de 23 de Junho de 1959, quando ele tinha 39 anos.

Morreu desencantado com a escrita, que abandonara seis anos antes, sem qualquer sucesso importante em vida. Na década de 60 começou a ser reabilitado, passou a escritor de culto e agora, visto com a distância do tempo que passou, é apontado como um marco das letras francesas do Século XX.
Em França, 2009 é um "ano Boris Vian" e não têm parado as homenagens, as reedições, as exposições, as novas gravações dos seus poemas.
Paradoxalmente, a primeira obra que Vian viu publicada foi um livro técnico, a sua tese de curso. Engenheiro de formação, exerceu essa actividade com rigor, mas sem grande entusiasmo – tinha família e bocas para sustentar, dizia.
As noites eram para o jazz: sentia que era a sua razão de existir, mesmo que fosse para viver rápido e morrer jovem. Toca na orquestra de Claude Abadie, que no pós-guerra ganhou notoriedade em França e na Bélgica, mas também em clubes parisienses, sobretudo da efervescente Saint-Germain-des-Prés, como o lendário Tabou.
Henri Salvador, um dos maiores músicos de jazz francês, assegurava: "Boris só vivia para o jazz, só ouvia jazz, exprimia-se pelo jazz."
Carole, a filha, foi mesmo baptizada por Duke Ellington, um dos muitos "gigantes" da música com que se cruzava nas noites, "mais belas que os dias".
Mas Boris Vian não era só a música, a pulsão da escrita foi-se desenvolvendo, lenta e certeira. Primeiro, os poemas "para a gaveta", depois os pequenos contos, publicados na imprensa, resguardados nos pseudónimos como o anagrama Bison Ravi.
A "coabitação" entre a escrita e a música era inevitável, como está bem simbolizado no símbolo da exposição patente no Museu das Letras de Paris, "L´'écume des années Vian": uma trompete, repleta de palavras manuscritas.
É difícil perceber, confrontados com o actual culto da obra, que ainda antes de "A Espuma dos Dias" e o "Outono em Pequim" tenha escrito um "romance negro", procurando seguir todos os cânones vindos dos EUA, forjando um autor, Vernon Sullivan, e apresentando-se como alegado tradutor.
Vernon Sullivan é Vian. Nesse "Irei Cuspir-vos nos Túmulos", como em "Os Mortos têm Todos a Mesma Pele", "Morte aos Feios" e Elas não Dão por Ela".
Escritos entre 1947 e 1948, venderam bem mas só lhe trouxeram dissabores: condenação por atentado aos bons costumes, severa multa e prisão, com pena suspensa.
Leitor compulsivo do novo romance policial americano, traduziu autores interessantes como Richard Wright, James Cain, Omar Bradley, Nels Algren e A.E. Van Vogt.
Em seis anos apenas, entre 1947 e 1953, escreve o essencial da sua obra de ficção, até desistir de vez e dar por terminada a sua rápida carreira de ficcionista.
Meia-dúzia de anos que chegou para "A Espuma dos Dias", o "Outono em Pequim" e "O Arranca-Corações". Mas também para "As Formigas", compilação de histórias curtas. Dessa época é, também, a compilação "O Lobisomem", mas de publicação já póstuma, e "A Erva Vermelha".
A criatividade é extrema, tanto nos ambientes como na própria linguagem, devendo muito ao existencialismo, mas sobretudo ao surrealismo e ao absurdo, ou não fosse admirador confesso de Alfred Jarry e da Patafísica, a "ciência das soluções imaginárias".
No "Outono em Pequim" adere ao "título arbitrário" dos surrealistas, já que não se passa no Outono, nem na China, mas no Verão e no deserto da inventada Exopotâmia. No "Arranca-Corações" todas as crianças têm nomes invulgares, como Citroen, e há meses como Novreiro, Marulho e Dezarço.
Quanto aos seus poemas, só apareceram em livro depois da morte, mas muitos ganharam nova vida nas vozes de cantores de sucesso, como Yves Montand, Mouloudji e Serge Reggiani.
"Je Voudrais pas Crever" e "Le deserteur" estão na primeira linha, sobretudo este, tornado um clássico pacifista, adoptado pelos manifestantes no Maio de 68 e cantado, entre outros, por José Mario Branco. A lista de intérpretes não pára de crescer e até Carla Bruni já anunciou que vai gravar Vian. (Lusa).

quinta-feira, junho 04, 2009

Rebelde Desconhecido


Fotografia: Jeff Widener/AP Photo
Quando as luzes se acenderam às 4h30 da madrugada, para o ataque final das tropas aos manifestantes da Praça de Tiananmen, um homem franzino, com sacos de plástico nas mãos, colocou-se na Avenida da Paz Eterna, em frente de uma coluna de tanques.
O jovem recusou-se a sair da frente do alinhamento dos veículos militares e o condutor do tanque, também se recusou a avançar. Acaba por subir e falar com o condutor. O mito urbano diz que ele gritou: "Não matem mais o meu povo". O seu destino é desconhecido, depois de ter sido levado para o meio da multidão.
Logo a seguir, o sangue correria na Praça de Tiananmen, mas a imagem demonstrou a mais de mil milhões de chineses que a esperança estava viva.
Em 1999, a revista Time colocou o “Rebelde Desconhecido” entre os 20 mais “influentes líderes e revolucionários do século”.

Massacre da Praça de Tiananmen


A 3 de Junho de 1989 atinge-se o auge de uma série de manifestações pró-democráticas, lideradas por estudantes chineses.
A 15 de Abril, a seguir à morte do secretário-geral do partido comunista e do reformista democrático Hu Yaobang os estudantes desencadearam manifestações pacíficas em Xangai, Pequim e noutras cidades. Hu tornou-se um herói entre os chineses liberais quando recusou fazer parar os distúrbios em Janeiro de 1987.
As manifestações pró-democráticas continuaram com as pessoas a pedirem a mudança do líder supremo da China, Deng Xiaoping e também a cúpula de todos os funcionários do Partido.
Nos primeiros dias do mês de Maio, havia sinais claros de uma cisão dentro da cúpula do Partido Comunistas Chinês. Enquanto o chefe do partido, Zhao Ziyang, mostrava compreensão para as reivindicações estudantis, o primeiro-ministro, Li Peng, e Deng Xiaoping defendiam a linha dura.
A 13 de Maio, os estudantes reunidos na praça da Paz Celestial iniciaram uma greve de fome, para chamar a atenção a Mikhail Gorbachov, que visitaria a China dois depois.
Li Peng recusa as exigências dos estudantes e a visita de Gorbachov realiza-se normalmente, mas o protocolo tem de ser alterado e é cancelada a visita à praça de Tiananmen.
No dia 20 de Maio Li Peng decretou a lei marcial, e a 23 de Maio Zhao Ziyang foi deposto, selando a vitória da linha-dura do governo chinês.
A cisão começava também a atingir os manifestantes. Os mais radicais negavam-se a seguir a sugestão feita pela Aliança Universitária de Pequim, de encerrar a manifestação. No dia 29, os estudantes de belas-artes fazem uma réplica da Estátua da Liberdade com 10 metros de altura, usando papel e esferovite, a que chamaram a “A Deusa da Democracia”. A imagem correu o mundo e tornou-se icónica desta luta.
Durante as sete semanas que duraram as históricas manifestações dos estudantes universitários de Pequim, irradiou da praça da Paz Celestial para o mundo um sopro de entusiasmo e esperança. Eles pediam democracia e fim da corrupção, a justeza das suas reivindicações fez em poucos dias multiplicarem-se os manifestantes, que passaram de 20 mil para quase 2 milhões, envolvendo praticamente todos os sectores da sociedade.
Mas o fim seria trágico.
Depois da tentativa frustrada do Exército controlar Pequim pacificamente, porque os soldados recuaram frente aos apelos dos manifestantes. A cúpula do Partido Comunista e do Exército de libertação, obrigaram os soldados a intervir activamente.
Às 4h30 do dia 4 de Junho, as luzes acendem-se e tropas e tanques desencadeiam o ataque final. O solo da Praça da Paz Celestial fica juncado de cadáveres. O balanço final nunca foi conhecido. Segundo a Amnistia Internacional, foram mortos nessa noite mil manifestantes, segundo dados mais recentes, mas também não definitivos, os mortos dessa noite foram 727 – 14 soldados e 713 manifestantes. Foram feridos, nessa noite dez mil pessoas e presos milhares de estudantes e trabalhadores.
A repressão continuou em todo o país, até hoje, com prisões e execuções sumárias, controle da imprensa e não respeito pelos Direitos humanos.

China Descontente com EUA


As autoridades chinesas expressaram hoje “profundo descontentamento” sobre o apelo lançado na véspera pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que instou à publicação dos nomes de todas as pessoas mortas, desaparecidas ou detidas na repressão das manifestações pró-democracia de 1989, na Praça de Tiananmen, há exactamente 20 anos.
“Este acto dos Estados Unidos ignora os factos e comporta acusações sem fundamento contra o Governo chinês”, avançou ainda o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, considerando ainda que as declarações da chefe da diplomacia norte-americana constituem uma “interferência chocante nos assuntos internos da China”.
Num comunicado emitido ontem, Clinton urgira o regime de Pequim a fornecer um balanço sobre a repressão de há duas décadas e a “examinar abertamente as páginas sombrias do seu passado”. Era feito apelo à libertação de todos quantos se encontram ainda presos em ligação às manifestações de Tiananmen, ao fim da perseguição daqueles que nelas participaram e ainda à abertura de um diálogo com as famílias das vítimas.
Centenas, se não mesmo milhares, de manifestantes, estudantes e cidadãos solidários com os protestos foram mortos na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, depois de os carros blindados terem invadido as ruas de Pequim com o propósito de pôr termo a uma vaga de manifestações pacíficas na capital – que se arrastavam há sete semanas – e que as autoridades chinesas qualificaram como uma “rebelião contra-revolucionária”.
O regime chinês nunca divulgou qualquer balanço oficial sobre o número de mortos no esmagamento dos protestos de Tiananmen, posição uma vez mais reiterada hoje, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a recusar responder a quaisquer perguntas relacionadas com este facto. “Em relação ao incidente político que teve lugar no final dos de 1980, o partido e o Governo já anunciaram as suas conclusões”, afirmou Qin Gang em conferência de imprensa aludindo à terminologia oficial sobre Tiananmen.(Público)

Segurança Máxima em Pequim


Numa crítica invulgarmente dura, os Estados Unidos exigiram ontem a Pequim que publique os nomes dos que morreram ou desapareceram na sequência das manifestações em Tiananmen, há exactamente 20 anos. "Uma China que fez enormes progressos económicos e está a emergir para ocupar o seu lugar de direito na liderança mundial deve examinar abertamente os acontecimentos mais escuros do passado e dar uma satisfação pública dos que morreram, foram detidos ou desapareceram tanto para aprender, como para sarar", declarou a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, citada pela Reuters. "Este aniversário dá uma oportunidade às autoridades chinesas de libertar da prisão todos os que ainda cumprem penas relacionadas com os acontecimentos de 4 de Junho de 1989.
"As forças de segurança chinesas colocaram a Praça de Tiananmen sob pesadíssima vigilância para evitar que seja assinalado o aniversário do massacre, que resultou na morte de milhares de manifestantes pró-democracia. Centenas de agentes da polícia vigiam o local.
O controlo de vozes críticas ao regime também tem sido apertado. Nos últimos dias, vários dissidentes foram levados para fora da capital; outros obrigados a ficar em casa, relata a agência AFP. Por exemplo, Qi Zhiyong, que perdeu a perna esquerda na repressão, foi levado à força para fora de Pequim depois de ter recusado sair por sua iniciativa. A vigilância não se faz só na rua. A rede social Twitter e outros serviços e sites da Internet, como o Hotmail, foram bloqueados. (Público)

quarta-feira, junho 03, 2009

Prémio Camões para Arménio Vieira


O júri do Prémio Camões decidiu atribuir o galardão deste ano ao poeta cabo-verdiano Arménio Vieira.
Arménio Vieira disse que, a título pessoal, já esperava "ganhar" mas sublinhou que era ainda cedo para um autor de Cabo Verde ser distinguido. "A título pessoal, eu esperava o prémio. Mas por causa de ser Cabo Verde, admiti que fosse ainda um bocado cedo. É pequeno em relação à imensidão do Brasil, que tem centenas de escritores óptimos. E Portugal também. Seria muito difícil Cabo Verde apanhar o prémio", disse, visivelmente emocionado.
"É uma honra pessoal. Eu sou o autor dos livros que ganharam o prémio, porque é atribuído à obra e não à pessoa. Acho que é uma honra para Cabo Verde. É histórico, Cabo Verde nunca tinha ganho. Desta vez lembraram-se do nosso pequeno país", acrescentou Arménio Vieira.
O galardoado manifestou a esperança de que, a partir de agora, a sua obra venha a ser estudada em Cabo Verde e no estrangeiro. "Espero bem que sim, será mais estudada. Mas ainda não se estuda. Às vezes as pessoas compram livros mas não os lêem", referiu.
Arménio Vieira, o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, nasceu na cidade da Praia, na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em 24 de Janeiro de 1941.
Arménio Vieira é autor de quatro livros, dois de poemas e dois romances, respectivamente, “Poemas” e “Mitografias, “O Eleito do Sol” e “No Inferno”.
Além de escritor, é jornalista, com colaborações em publicações como o “Boletim de Cabo Verde”, a revista “Vértice”, de Coimbra, “Raízes”, “Ponto & Vírgula”, “Fragmentos” e “Sopinha de Alfabeto”.
Antes, Arménio Vieira foi por diversas vezes galardoado com prémios literários, o primeiro dos quais em 1976, quando conquistou os Jogos Florais. Nos anos noventa, obteve também um dos prémios da Associações dos Escritores de Cabo Verde, AEC.
Contudo, pelo seu valor pecuniário (100 000 euros) e pela sua projecção internacional, o Prémio Camões é, sem dúvida, a mais importante distinção literária deste escritor cabo-verdiano.
Arménio Vieira é o quarto escritor africano distinguido com o Prémio Camões, depois do moçambicano José Craveirinha (1991) e dos angolanos Pepetela (1997) e José Luandino Vieira (2006), tendo este, no entanto, recusado a distinção. É também o regresso da poesia à galeria dos premiados, depois de Eugénio de Andrade (2001), Sophia de Mello Breyner (1999), o já citado Craveirinha, o brasileiro João Cabral de Melo Neto (1990) e Miguel Torga (a inaugurar o Camões, em 1989). Além de poetas e romancistas, foram igualmente premiados dois ensaístas: Eduardo Lourenço (1996) e o brasileiro António Cândido (1998).
O Prémio Camões, instituído pelos governos do Brasil e Portugal em 1988, é atribuído aos autores que tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. E é considerado o mais importante prémio literário destinado a galardoar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra. (Público)