segunda-feira, novembro 14, 2005

Sir Ernest Shackleton

Ernest Shackleton nasceu em Kilkea House, County Kildare, Irlanda, em 15 de Fevereiro de 1874, sendo o segundo filho de Henry e Henrietta Shackleton. Em 1885 a família mudou-se para a Inglaterra, onde Ernest foi estudar para o Dulwich College. Em 1890, Ernest deixa Dulwich e entra para a “North Western Shipping Company”, como ajudante de marinheiro.
Em Agosto de 1901, parte para a Antárctida, a bordo do navio “Discovery”, como membro da “Expedição Nacional Antárctica”, liderada por Robert Falcon Scott. A 30 de Dezembro de 1902, Ernest, Robert Scott e Edward Wilson atingem 82º15’S, o ponto mais ao sul atingido até então.
Em Janeiro de 1904, Shackleton é indicado Secretário / Tesoureiro da “Royal Scottish Geographical Society”. Em Abril, casa-se com Emily Dorman.
Em 7 de Agosto de 1907, liderando a “Expedição Antárctica Britânica”, parte do porto de Torqauy, a bordo do “Nimrod”. Em Outubro de 1908 – é definida a equipa que irá tentar chegar ao Pólo Sul – Shackleton, Adams, Marshall e Wild. A 9 de Janeiro de 1909, a equipa chega a 88º51’S, a apenas 97 milhas geográficas (155 km) do Pólo. Shackleton volta à Inglaterra como herói. A 14 de Dezembro de 1909, recebe o título de Cavaleiro do Império Britânico, e torna-se Sir Ernest Shackleton.
Em 8 de Agosto de 1914, começa a grande aventura, Shackleton, parte de Plymouth, a bordo do navio “Endurance”, liderando a “Expedição Imperial Trans-Antárctica”, a sua terceira e mais espectacular expedição à Antárctida. Depois que o norueguês Amundsen (em Dezembro de 1911) e o inglês Scott (Janeiro de 1912) chegaram ao Pólo, Shackleton imaginou e tentou realizar outro grande plano – atravessar as 2000 milhas (3200 km) do Continente Antárctico.
Enquanto se dirigia ao mar de Weddel, onde desembarcaria no Pólo, outra equipa, no navio “Aurora”, iria desembarcar no Cabo Royds, do outro lado da Antárctida. Esta equipa tinha, como missão, instalar depósitos de mantimentos ao longo do Grande Glaciar de Ross, os quais seriam usados por Shackleton, durante a sua travessia desde o mar de Weddell.
O empreendimento tornou-se um bem sucedido...fracasso.
A equipa de 28 homens e 68 cães nunca chegou a por os pés no continente Antárctico. O navio de Shackleton, o “Endurance” (assim chamado por causa do lema de sua família, “By endurance we conquer - Pela persistência vencemos”) foi aprisionado pelo gelo no mar de Weddell durante 11 meses, de Janeiro de 1915 até ser despedaçado e afundar em Novembro de 1915, deixando 28 homens no gelo, com 3 pequenos botes.
Após o afundamento, passaram 5 meses (praticamente todo o Verão) sobre um iceberg, flutuando para longe do Continente. Com extraordinária boa sorte, eles aportaram, em 15 de Abril de 1916, na Ilha Elefante, um pequeno amontoado de pedras e gelo, onde encontraram apenas uns poucos pinguins e algumas focas, para se alimentarem.
Ali estavam, em Abril de 1916, perdidos para o mundo civilizado, e tendo à frente um Inverno antárctico. Sem perder tempo, Shackleton empreendeu uma das maiores jornadas jamais realizadas em pequenos barcos. Ele e mais cinco companheiros partiram no bote de 22 pés (7 metros) “James Caird”, numa viagem de 800 milhas (1.280 km), através de um dos mais tempestuosos mares do mundo, até a ilha da Geórgia do Sul, em busca de socorro.
Dois outros membros da tripulação eram irlandeses: Tom Crean e Tim McCarthy. Tom Crean era um dos grandes membros de expedições da era heróica da exploração antárctica. Forte, corajoso, bem-humorado e experiente – já tinha estado em duas das expedições de Scott – e recebeu a “Albert Medal” por bravura. Frank Worsley, o neo-zelandês navegador do “James Caird”, descreveu Tim McCarthy como “o mais irreprimível optimista que jamais encontrei”. Apesar das condições terríveis por que passaram, McCarthy estava sempre alegre – e foi ele que primeiro avistou a Geórgia do Sul, 15 dias depois haverem deixado a Ilha Elefante.
Chegaram à Ilha Geórgia do Sul em 10 de Maio de 1915, Shackleton ainda teve que cruzar praticamente toda a Ilha a pé para conseguir socorro. Em 20 de Maio, após 36 horas de caminhada, chegaram à estação baleeira.
Estavam salvos, mas para Shackleton só havia um pensamento: resgatar os homens que ficaram na Ilha Elefante.
Devido à I Guerra Mundial, a Inglaterra não dispunha de navios para o resgate. Shackleton percorreu então Argentina, Uruguai e Chile, numa luta desesperada contra o tempo para encontrar um navio que suportasse a viagem de volta.
Três meses depois, a bordo de um pequeno rebocador cedido pelo governo chileno, Shackleton chegou à ilha onde deixou os seus companheiros. Ele era reconhecido pela dedicação e preocupação com seus comandados. No decorrer da tragédia, deu inúmeros exemplos de desprendimento e companheirismo. Para ele, seria imperdoável encontrar algum dos seus homens mortos. Ao avistar a Ilha Elefante, Shackleton pegou nos seus binóculos e contou as silhuetas humanas que se amontoavam na praia: 22.
“Guardou os binóculos na caixa e virou-se para mim, com o rosto exprimindo mais emoção do que eu jamais tinha visto”, escreveu o comandante do navio. Todos os 28 homens voltaram a salvo para suas casas. Inacreditavelmente, quando tempos mais tarde Shackleton convocou todos para uma nova expedição à Antárctida, ninguém recusou.
Em Dezembro, Shackleton deixou a Nova Zelândia no “Aurora”, para resgatar a equipa que havia ficado no Cabo Royds.
A 17 de Setembro de 1921, Shackleton parte novamente para o Pólo Sul, a bordo do “Quest”. Porém, pouco depois de chegar à Geórgia do Sul, o seu coração falha, e ele vem a falecer às primeiras horas de 5 de Janeiro de 1922. Os seus companheiros preparavam-se para levar o seu corpo para a Inglaterra, mas a sua esposa determina que ele seja enterrado na própria ilha. Para ela, “... O seu espírito não encontrará espaço na Inglaterra. Se ele tinha um lar na Terra, deve ser entre os místicos glaciares e penhascos dessa ilha do Atlântico Sul, que significava tanto para ele.” Assim, a 5 de Março, Shackleton foi sepultado no cemitério norueguês da Geórgia do Sul, junto dos baleeiros entre os quais, se sentia em casa.
Desde então, Sir Ernest Shackleton é lembrado como o explorador mais corajoso e tenaz do continente Antárctico por ter dedicado a sua vida e esforços à longa e perigosa conquista do continente gelado.
Para saber mais:south-pole.

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