Clint Eastwood nasceu a 31 de Maio de 1930, em São Francisco. Em 1955, fixou-se em Hollywood, fazendo pequenos papéis como actor. Foi em Itália que ganhou fama ao interpretar o herói «homem sem nome» com os chamados western spaghetti, dirigidos por Sergio Leone. Protagonizou a trilogia For a Fistful of Dollars/Por Um Punhado de Dólares (1964), The Good, the Bad, and the Ugly/O Bom, o Mau e o Vilão (1966) e For a Few Dollars More/Por Mais Alguns Dólares (1967). No início dos anos 70, criou a sua própria companhia produtora - a Malpaso Productions. O filme que o consagrou definitivamente como estrela de cinema foi Dirty Harry (1971). Como realizador dirigiu vários trabalhos na categoria de western, ganhando o respeito do público e da crítica. Em 1980, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque produziu uma retrospectiva dos seus filmes e em 1985, na sequência também de uma retrospectiva do seu trabalho na Cinemateca Francesa, foi condecorado pelo governo francês. De 1986 a 1988 foi eleito presidente da câmara de Carmel, na Califórnia. Da filmografia de Clint Eastwood enquanto actor destacam-se: The Good, the Bad, and the Ugly/O Bom, o Mau e o Vilão (1966), Where Eagles Dare/O Desafio das Águias (1969), Kelly’s Heroes/Heróis Por Conta Própria (1970), The Beguiled/Ritual de Guerra (1971), High Plains Drifter/O Pistoleiro do Diabo (1973), The Outlaw Josey Wales (1976), The Gauntlet/Barreira de Fogo (1977), Any Which Way You Can/O Regresso do Rebelde (1980), Honkytonk Man (1982), Tightrope/Um Agente na Corda Bamba (1984), Pale Rider/O Justiceiro Solitário (1985), The Dead Pool/Na Lista do Assassino (1988), White Hunter, Black Heart/Caçador Branco, Coração Negro (1990), Unforgiven/Imperdoável (1992), In The Line of Fire/Na Linha de Fogo (1993), A Perfect World/Um Mundo Perfeito (1993), The Bridges of Madison County/As Pontes de Madison County (1995), Wild Bill: Hollywood Maverick (1996), Absolute power/Poder Absoluto (1997), City (1998), True Crime/Um Crime Real (1999), Space Cowboys/Cowboys do Espaço (2000) e Blood Work/Dívida de Sangue (2002).A sua carreira de realizador conta já com vários títulos: The Gauntlet/Barreira de Fogo (1977), Bird/Fim do Sonho (1988), White Hunter, Black Heart/Caçador Branco, Coração Negro (1990), Unforgiven/Imperdoável (1992), galardoado com os Óscares de melhor filme e melhor realizador, A Perfect World/Um Mundo Perfeito (1993), The Bridges of Madison County/As Pontes de Madison County (1995), Absolute power/Poder Absoluto (1997), Midnight in the Garden of Good and Evil/Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal (1997), True Crime/Um Crime Real (1999), Space Cowboys/Cowboys do Espaço (2000), Blood Work/Dívida de Sangue (2002) e Mystic River (2003). Em 2003, Clint Eastwood foi candidato à Palma de Ouro do Festival de Cannes com o filme realizado por si, Mystic River. Apesar de não ter ganho o galardão máximo do festival, Eastwood saiu de Cannes com o Carosse d´Or, um prémio atribuído por um conjunto de cineastas franceses a um realizador de carreira. Em 2004, Mystic River voltou a receber novas nomeações, desta feita para os Óscares. O filme foi nomeado em seis categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor Principal, Melhor Actor Secundário, Melhor Actriz Secundária e Melhor Argumento Adaptado. Em 2005, o realizador voltou a dar cartas. O seu filme Million Dollar Baby arrebatou dois Globos de Ouro: o de Realizador e o de Actriz Dramática, para Hilary Swank. Na cerimónia dos Óscares, venceu 4 estatuetas douradas: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actriz Principal e Melhor Actor Secundário. Fonte Biblioteca Universal.
Após os longos meses de Inverno, podemos finalmente convidar uns amigos e fazer um barbecue.Talvez porque há um certo risco envolvido na actividade, este é o único tipo de cozinha a que um verdadeiro homem se deve dedicar.Contudo, não é tarefa fácil. Quando um homem aceita fazer o barbecue põe-se em marcha uma cadeia de acções: 1º) A mulher compra os alimentos; 2º) A mulher faz as saladas, prepara as batatas fritas, o arroz, o feijão preto e a sobremesa; 3º) A mulher prepara a carne para ser cozinhada, tempera-a, coloca-a numa travessa e leva-a ao homem que já está à espera ao pé do grelhador, de cerveja fresca na mão; Aqui vem a primeira parte realmente importante da questão: 4º) O homem coloca a carne na grelha; 5º) A mulher vai para dentro e põe a mesa; 6º) A mulher apercebe-se que o homem está com os outros homens a contar anedotas e vem cá fora a correr a avisar que a carne se está a queimar; 7º) O homem aproveita e pede-lhe mais uma cerveja fresquinha; 8º) A mulher vem cá fora trazer a cerveja e uma travessa... ... e é então que aparece a segunda parte importante do processo: 9º) O homem tira a carne da grelha e entrega-a à mulher; 10º) Depois de comerem, a mulher levanta a mesa, lava a louça, arruma a cozinha e lava a grelha; 11º) Toda gente dá os parabéns ao homem pela fantástica refeição que ele preparou; 12º) O homem pergunta à mulher se lhe soube bem o tempo de folga de que usufruiu e, perante o ar chateado dela, conclui que há mulheres que nunca estão satisfeitas com nada ... (Recebido por e-mail.A minha mulher teve a gentileza de me enviar este e-mail, apesar de eu não compreender o sentido e a intenção do envio...).
Sejamos claros: Se Portugal é um país voltado para o Atlântico, Espanha invadiu-nos por trás. É uma canzana que ainda hoje dói no Portalegre de cada um (fabulosa analogia anal!). Serve isto para introduzir o tema que hoje vou tratar: o sexo em Portugal. Por entre os brandos costumes, o português comum não para de pensar em sexo. Na verdade, depois de um pequeno inquérito por mim efectuado a duas pessoas residentes em Mondim de Basto, conclui que o comum cidadão trocaria a sua vida actual por uma dose de sexo industrial e duas latas de atum. Este priapismo lusitano tem duas faces: a masculina e feminina.
O homem sexual português:
Este espécimen é adepto da linguagem frontal. O seu grande sonho é encontrar mulheres semi-inconscientes que utilizem com frequência diária a expressão “Penetra-me na varanda”. Porém, esta aparente virilidade detém-se quando falamos do acto propriamente dito. O homem português é fã do legado missionário, posição que pratica com invariável mecânica, se possível com uma sandes de chouriço ferrada entre os dentes. E sim: o sexo e a comida são, para o descendente de Viriato, a mesma coisa. Berrar e grunhir, pelo contrário, estão totalmente reservados ao futebol. Assim quando ouvir um homem gemer, provavelmente a culpa é do Ronaldo ou do Figo.
P.S. – Para o homem, 69 é mais do que um simples ano em que não houve campeonato do mundo de futebol
A mulher portuguesa e o sexo:
No que toca ao género feminino tudo é diferente. Na mulher o ímpeto não está à superfície (encontra-se encoberto por pilosidades). Para ela o sexo é um casino, sendo elas o croupier, a roleta e o próprio baralho de cartas. A sedução é uma espécie de jogo constantemente no intervalo até que a mulher sopre o apito (mais uma brilhante alusão sexual!). A fêmea reserva a si o direito constitucional no que diz respeito às relações. Adora fins-de-semana românticos recheados de luxos e imploração. Eis algumas frases que o raçudo lusitano deve evitar dizer a uma mulher para obter sexo:
- Viste a vaselina? - Telefonei para a Abanderado e eles dizem que já não fazem XXXL há dois anos - Ou te despes ou masturbo-me - Ordenha-me - Tira-me um galão
Já agora, a roleta sexual é a única na qual o jogador pode usar mais do que uma bola sem ser penalizado por isso.
Estive ausente oito dias, uma constatação, mas certamente que ainda não tinham dado por isso. Fui em trabalho à China e como toda a gente sabe, na "República Popular" ninguém têm acesso ao "blogspot", portanto pura e simplesmente, não podia escrever nada. Por falar na China, os chineses estão cada vez piores, imaginem que ainda não conseguiram copiar o filme " O Código Da Vinci" para DVD! Tive que me contentar em comprar o "Voo 93" e o "Basic Instinct 2" e mais alguns, ao "astronómico" preço de 80 cêntimos de Euro por filme! Um abraço a todos. Vou dormir!
Este título poderia facilmente conduzir a pertinentes desdobramentos tais como “O Espectacular e o Menos Lindo”, “O Escorreito e o Indecoroso” ou mesmo “O meu tio e uma lista telefónica”. No início deste texto a probabilidade de eu optar por qualquer um destes títulos era igual para todos eles. As probabilidades são um caso estranho de intermitência lógica. Senão vejamos: Enquanto lê o primeiro parágrafo deste texto existem 0,6% de hipóteses de morrer de enfarte, 0,4% de hipóteses de estar a chulear um par de calças 0,2% de hipóteses de casar com um trintão sudanês e 1% de hipóteses de ser cego. Pior somente as estimativas à escala planetária. Eis o que se estará passar no mundo quando mudar para o segundo parágrafo:
(Valores percentuais relativos ao total da população terrestre)
49% - Alimentam-se 46% - Têm relações sexuais 2% - Têm relações sexuais envolvendo afecto 1,8% - Estudam 1,0% - Trabalham 0,2% - Desbloqueiam uma “box” da TV por Cabo.
Entramos pois no segundo parágrafo (com todas as consequências que isso acarreta). Que podemos fazer para trocar as voltas às comuns quantificações probabilísticas? Eis uma pequena, quiçá singela, lista de coisas que pode fazer para arruinar qualquer aspiração estatística:
- Organizar um bacanal nas margens do rio Nilo - Fazer um Papanicolau dentro de um táxi - Fundar uma república - Mudar de sexo - Urinar sem sujar o tampo da sanita - Desvitalizar um dente ao som de Diana Ross
As mulheres têm a tarefa facilitada no que diz respeito a novidades. Por exemplo, podem apaixonar-se por uma pasta de dentes. Uma fonte anónima, garantiu que a única diferença entre um tubo de Colgate e um homem é o sabor final a flúor, já que a cor se mantém. Essa mesma fonte revelou ainda a chave do EuroMilhões para esta semana e duas fotografias a preto e branco.
Em semana de estreia do filme “O Código Da Vinci”, e depois de toda a polémica que surgiu com a publicação do livro, o estranho fenómeno mantém-se. Se atentarmos às reacções de alguns líderes religiosos, aparentemente desesperados com os possíveis efeitos do movimento de questionação promovido por ambas as obras, agem de forma irreflectida sem perceberem que, por absurdo que pareça, são eles próprios que o publicitam e instigam com a sua atitude. Antes de mais refira-se que eu li o livro e se tudo correr bem vou ver o filme. Todavia, considero muito relativa a sua importância. Para sustentar esta posição, que procurarei fundamentar, avaliando o impacto do livro em duas vertentes, o seu valor enquanto obra literária e a sua importância sociológica, nomeadamente no que diz respeito ás questões que levanta do ponto de vista religioso. Apesar de serem indissociáveis, pode fazer-se uma análise individual de cada uma. Em relação à questão religiosa, é importante referir que qualquer discussão tem que partir da dicotomia inerente à crença ou ausência dela. Assim, não há lugar para ambivalências, uma vez que tudo se resume a sentimentos, e a lógica não tem aqui qualquer lugar. Ou se acredita ou não. A principal novidade apresentada e que originou toda esta polémica, a questão do casamento de Jesus, já estava no mercado há muito tempo. Só que, na falta de prova histórica, esta interpretação da história pretendente a teoria tem tanto valor como qualquer outra do género, ou seja, nenhum. É sabido que todos, os crentes e os não crentes, por vezes, se envolvem em discussões acerca da legitimidade de cada uma das posições, tentando convencer a outra facção que a sua é a melhor. Nunca ninguém vence porque, e esta uma verdade irrefutável, estes caminhos em busca da verdade, são caminhos de solidão. Se a dúvida existe, apenas olhando profundamente para o interior de cada um ela se desvanece. Partindo deste pressuposto e imaginado uma discussão deste género, onde um dos envolvidos atira - É tudo mentira, Cristo até foi casado. Se não acreditam, leiam “ O código Da Vinci”. Para além de uma valente gargalhada, uma discussão sobre esta temática onde è esgrimido um argumento destes e se, de alguma forma, este representa uma vantagem argumentativa, é suficientemente revelador da importância da discussão. Parece-me, por isso, que com base neste livro, quem tinha fé vai continuar a tê-la e quem não tinha não viu as suas razões reforçadas. Suponhamos então, num exercício meramente académico, que Cristo casou. Se ele realmente for filho de Deus, será que isto o diminui em alguma coisa? Se atentarmos á oração do Credo, que em determinada altura diz “E se fez Homem”, não será esta uma forma de o fazer completamente? Se assim foi, parece-me esta apenas uma atitude que visa melhor compreender o que é ser Humano, uma espécie de vestir a pele para absorver a condição humana na plenitude. A tentação exercida quer por homens quer por mulheres uns sobre os outros, a forma como se vive o amor e a ausência dele e tudo o que deriva deste sentimento, experimentar primeira pessoa esta realidade é a melhor forma de conhecer os nossos impulsos, donde derivam a maioria daquilo a que muitos chamam pecados. O outro lado da questão, o valor literário da obra. Perdurará como obra de referência da Humanidade? Claramente não. Limita-se a ser um bom policial. Sem grande esforço, consegue-se elaborar uma lista de livros que levantam questões muito mais profundas sobre esta temática e que as exploram e dissecam muito para além deste. Só que não venderam tanto e este é que é o verdadeiro problema. Este livro limita-se a partir de uma possibilidade, não fundamentada do ponto de vista histórico, e conta de forma notável um enredo, do tipo teoria da conspiração, em volta do esforço da igreja católica para esconder esta alegada verdade. A estratégia seguida para desacreditar o livro é que é francamente errada. A atribuição de importância é revelada, por exemplo, quando instiga os católicos a processarem o seu autor (e o mesmo em relação ao filme, que surgiu tão rapidamente devido ao êxito do livro e a indústria cinematográfica, inteligentemente, não perdeu a oportunidade de ganhar algum, ou muito, com isto). Que melhor publicidade poderiam esperar? Será que as questões levantadas do ponto de vista religioso têm algum fundamento para provocarem esta espécie de pânico? Ou então é apenas o medo da debandada que já começou há muito tempo, e não por este motivo mas simplesmente devido ao facto de as pessoas já não se identificarem com uma instituição que não os representa? Se alguém alterou a sua posição relativamente à religião após este livro, apenas o fez porque as suas dúvidas já eram profundas o suficiente e isto foi apenas um pretexto. A sua credibilidade enquanto obra relatora de factos históricos é incipiente. Não se pode, todavia, ter uma visão demasiado redutora do livro. Eu li, não só este como todos os deste autor. E gostei. Não mudaram a minha vida ou criaram um sentimento avassalador como já o fizeram muitos outros, facto que os tornou as minhas obras de referência, mas são os melhores que li do género. Ler, é por tudo isto, um processo que estimula o auto conhecimento. Já há muitos anos, no auge de uma adolescência muito pouco votada a hábitos da leitura, com a arrogância natural desta fase da vida, comecei a sentir-me vazio. Dentro dos meus limitados horizontes, que de repente se viram alargados exponencialmente sem eu estar preparado, perdi-me na noite. Alguém muito mais experiente do que eu, emprestou-me um livro. Jamais me esquecerei. Contacto de Carl Sagan. Há medida que o lia, senti-me ainda pior. O espelho revelou-se demasiado eficaz. Vi exactamente aquilo que era. Ignorante, principalmente. Mas, ao mesmo tempo, a sua leitura empurrou-me para um mundo sem igual. Tornei-me ávido de conhecimento, apercebi-me do valor dos livros e agora leio compulsivamente. Se este autor já vendeu um milhão de livros em Portugal, dos quais nem todos seriam leitores assíduos, alguém pode ter sentido o mesmo tipo de revelação. Se 1% começar a ler assiduamente, são 10.000 pessoas que encontraram a origem do seu descontentamento, que iniciaram um caminho através do mundo da leitura, que é sem retorno, queremos sempre mais e mais, e que, certamente, mesmo estando latente, se não fosse esta primeira experiência, não afloraria.
O centenário do nascimento de Humberto Delgado assinala-se hoje com o lançamento de um livro sobre a carreira aeronáutica do piloto-aviador que fundou a TAP a pedido de Salazar, vinte anos antes de ser assassinado pelo regime. Conhecido pelos portugueses desde 1958, a partir da sua candidatura a Presidente da República, como o «general sem medo», Humberto Delgado notabilizou-se primeiro numa carreira militar dedicada à aeronáutica e à aviação civil, ao serviço do regime de Salazar, de quem foi admirador e, mais tarde, principal opositor. A Fundação Humberto Delgado, presidida pela filha mais nova do general, Iva Delgado, decidiu lembrar essa faceta, lançando, o livro «Humberto Delgado e a Aviação Civil», editado pela Chaves Ferreira Publicações e pela ANA-Aeroportos de Portugal. A obra é da autoria de Frederico Rosa, neto de Delgado, doutorado em Etnologia pela Universidade de Paris, que se dedica desde 2001 à investigação da carreira militar e aeronáutica do avô e é actualmente coordenador do Arquivo Digital da Fundação Humberto Delgado (Lusa). Bastou uma simples frase, para que Humberto Delgado, escrevesse o seu destino na história política de Portugal contemporâneo. O episódio a que esta frase se refere, passou-se no café lisboeta, Chave D'Ouro, no dia 10 de Maio de 1958, respondendo a uma pergunta feita pelo jornalista Mário Neves, sobre qual seria o destino do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, se o general vencesse as eleições, disse: "demito-o, obviamente", a afirmação passaria à história com as palavras em ordem inversa. Humberto Delgado nasceu a 15 de Maio de 1906 em Boquilobo, Torres Novas. Cedo ingressou na carreira das armas, frequentando o Colégio Militar e a Escola do Exército onde se formou em Artilharia em 1925. Participou no golpe militar de 28 de Maio de 1926 que depôs o regime republicano. Em 1928 optou pela carreira da Aeronáutica obtendo o curso de oficial piloto aviador. Em 1936 conclui o curso de Estado-Maior. Em 1942 foi nomeado representante do Ar para as negociações com a Inglaterra para a cedência de bases nos Açores. Devido à eficiência demonstrada, o governo inglês outorgou-lhe a Ordem do Império Britânico (CBE), salientando que arriscara a sua carreira e o seu futuro pela causa dos Aliados e da liberdade. Em 1944 é nomeado director-geral do Secretariado de Aviação Civil. Em 1945 funda os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e cria as primeiras linhas aéreas de ligação com Angola e Moçambique, a chamada “Linha Imperial”. Em 1952 é nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos representantes militares da NATO. Promovido a general com 47 anos é o mais novo oficial daquela patente. Em 1956 o Governo Americano concedeu-lhe o grau de oficial da Ordem de Mérito. Em 1958, acedendo ao convite da oposição democrática, apresentou-se como candidato independente às eleições presidenciais. A vasta movimentação popular que se seguiu permitiu criar pela primeira vez em três décadas de ditadura uma dinâmica de unidade da oposição contra o regime salazarista. O carisma do “General sem medo” surgiu como um fenómeno inesperado, bem como a erupção de massas no processo eleitoral. O candidato da oposição anunciou o então facto inédito de não desistir da ida às urnas. Após os incidentes e tumultos ocorridos no Porto e em Lisboa, a 14 e 16 de Maio, a polícia política (PIDE) aumentou a repressão contra a população que participava espontaneamente na campanha apelidada de “subversiva” pela imprensa controlada. Apesar do mecanismo eleitoral ser manipulado desde o recenseamento, apesar das dificuldades intransponíveis na cópia dos cadernos eleitorais e na distribuição por parte da oposição dos boletins de voto, ainda assim o Estado Novo, temendo um enorme desaire eleitoral, decretou a proibição da fiscalização do escrutínio por parte da oposição. Os números oficiais deram quase 25% dos votos a Humberto Delgado, contra 75% do candidato oficial, Américo Tomás, não sendo possível ainda hoje apurar os resultados reais dada a amplitude da fraude. Com medo de no futuro passar por um outro “golpe constitucional” que representava a possibilidade de a oposição voltar a lançar-se numa campanha eleitoral como a de 1958, Salazar promove, em Agosto de 1959 uma revisão constitucional na qual se suprime o sufrágio directo sendo substituído por sufrágio indirecto proporcionado por um colégio eleitoral de total confiança do Governo. No rescaldo das eleições o governo demitiu Humberto Delgado das funções de Director-geral da Aeronáutica Civil, a 12 de Junho de 1958, e tudo fez para conseguir afastá-lo para o Canadá. Apesar da desmobilização que se seguiu à campanha e da perseguição a que foi sujeito, Humberto Delgado lançou as bases do que viria a ser o Movimento Nacional Independente, com o objectivo de dar continuidade à actividade política, apoiando-se para tal nas frágeis estruturas que a unificação das candidaturas de oposição permitira obter. Mas num evidente desafio ao poder político continuou a dar entrevistas à imprensa estrangeira e a acusar o Governo de fraudulento. Foi então sujeito a processo disciplinar que o separou do serviço militar e colocou sob a alçada da PIDE. Avisado de que estava preparada uma falsa manifestação de apoio em frente da sua residência, com elementos da PIDE e da Legião, com intuitos de o assassinarem, refugiou-se na Embaixada do Brasil, a 12 de Janeiro de 1959. O Embaixador Álvaro Lins, figura conhecida da intelectualidade portuguesa, espantou o governo português ao acolher o refugiado sob a bandeira brasileira. Após demoradas negociações diplomáticas que duraram cerca de três meses, durante as quais o próprio Salazar escreveu directamente ao Presidente do Brasil Kubitschek de Oliveira pedindo-lhe que não concedesse o asilo, o Embaixador Álvaro Lins manteve uma linha de não cedência às pressões que em Portugal e no Brasil se faziam contra o asilado. Para o governo português interessava esvaziar o conteúdo político do gesto de Humberto Delgado acusando-o de protagonismo internacional e de auto propaganda como líder da oposição. O governo brasileiro, forçado pela opinião pública interna e pelas forças de oposição que despertaram não só para a situação anti-democrática vivida em Portugal, como para o paternalismo da “fraternidade luso-brasileira”, pedra de toque da política internacional portuguesa, permitiu que o asilado seguisse viagem para o Rio de Janeiro a 21 de Abril de 1959, após a intervenção de um jornalista, João Dantas, director do Diário de Notícias do Rio de Janeiro. No exílio, logo em Novembro de 1959 faz uma viagem à Grã-Bretanha onde é recebido por membros do Partido Trabalhista e dos outros partidos. Durante a passagem pela Holanda é-lhe proibida a possibilidade de falar em público sobre a situação em Portugal, mas a pressão da opinião pública e da oposição obriga o Governo de Joseph Luns a retirar a proibição. De regresso ao Brasil entra em contacto com núcleos oposicionistas portugueses na América Latina forçando-se por unificar a acção contra Salazar. Firmou um acordo com o Governo espanhol no exílio, chefiado por Emílio Herrera, e assumiu a responsabilidade política da controversa captura do navio Santa Maria, operação levada a cabo por Henrique Galvão e membros do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) em 22 de Janeiro de 1961. Nos finais de 1961, Humberto Delgado entra clandestinamente em Portugal para tomar parte na fracassada revolta de Beja, conseguindo iludir a vigilância da PIDE durante quinze dias. No regresso ao Brasil encontrou dificuldades por parte das autoridades brasileiras que consideraram aquela acção como quebra do estatuto de asilado. Deixa definitivamente o Brasil, em finais de 1963 com destino à Europa, incompatibilizado com grupos rivais e cansado da perseguição que a PIDE lhe movia. Devido ao estado de saúde que entretanto se agrava e por mediação de Álvaro Cunhal permanece três meses na Checoslováquia onde é submetido a delicada intervenção cirúrgica. Após a recuperação, no Verão de 1964 instala-se na Argélia onde o Presidente Ben Bella o recebe com honras de chefe de Estado. Em Argel assume a chefia da Junta Revolucionária Portuguesa, órgão directivo da Frente Patriótica de Libertação Nacional, composta por diversas correntes da oposição. Após uma fase inicial de tentativa de equilíbrio dessas correntes, nas quais dominavam os comunistas, entra em ruptura com os membros da Frente quanto à forma de derrube da ditadura salazarista. A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa de assassinar Humberto Delgado, infiltrou certos círculos da oposição mantendo uma apertada vigilância sobre todos os movimentos do líder da oposição portuguesa no exílio. Uma intensa campanha de descrédito e de isolamento alimentada pelos serviços secretos, fomentou gradualmente ao longo de um período de cinco anos, a criação de uma rede de informadores que conseguiu obter a confiança do general. Foi assim que ele anuiu ir ao encontro de Badajoz. Convencido que se ia reunir com oficiais portugueses interessados em derrubar o regime, Delgado foi de facto ao encontro da morte. Uma brigada da PIDE chefiada pelo inspector Rosa Casaco atravessou a fronteira utilizando passaportes falsos, a fim de montar a cilada que vitimaria o general e a sua secretária brasileira, Arajaryr Campos Moreira. 13 de Fevereiro de 1965 é a data do encontro fatídico, marcado para os correios de Badajoz, donde aliás enviou quatro postais a quatro amigos em quatro países diferentes e assinados com o nome de sua irmã- Deolinda. O objectivo do envio destes postais correspondia a um código, previamente combinado, que significava: estou vivo e não estou preso. Foi o último sinal de vida e por isso esta data é considerada a data do seu assassinato que se pressupõe ter ocorrido perto de Olivença. O desaparecimento de Humberto Delgado deixa os seus companheiros de exílio mergulhados na inquietação. Passam-se semanas sem qualquer notícia do seu paradeiro. Dois meses e meio, a 26 de Abril, os corpos do general e da secretária são encontrados por duas crianças, em adiantado estado de decomposição. No entanto diversos elementos permitem identificá-los, dando início a um longo e árduo processo judicial, que só terminaria após o 25 de Abril de 1974, com a condenação em tribunal militar dos ex. agentes da PIDE directamente implicados e com a trasladação dos restos mortais do "general sem medo" para o Panteão Nacional. Em 1990 Humberto Delgado foi promovido a título póstumo a marechal da Força Aérea. Links: vidaslusofonas. mundoportugues.
Recentemente, quando regressava a casa depois de um dia de trabalho, dei por mim a ouvir um programa cujo assunto versava sobre a existência ou ausência de arrependimentos de actos cometidos no passado de cada um. Como invariavelmente acontece quando regressamos a casa, ou estamos nos momentos em que fazemos uma recapitulação do dia e do que, em consequência, temos de fazer no seguinte, ou então estamos mergulhados em elucubrações que derivam das questões que nos apoquentam. Foi o que sucedeu com a discussão lançada nas ondas hertzianas. Interessou-me o tema. Por entre as conversas, surgiu um ouvinte em particular que, com uma convicção que roçava a arrogância, disse que não se arrependia de nada do que tinha feito. Esta postura resulta de uma de duas coisas. Ou estamos perante alguém que acredita que em cada encruzilhada com se deparou não interessa o caminho seguido, que o resultado final é sempre o mesmo, portanto, um partidário da teoria da predestinação, ou então teve uma vida tão simples que qualquer opção que se colocasse no seu percurso, além de não diferirem muito na sua essência, os resultados também não eram assim tão diferentes, ao ponto de se considerados relevantes no seu contexto existencial. Será esta última o tipo de vida que desejamos? Uma onde as opções são quase iguais em conteúdo e, necessariamente, em consequências? Uma vida rica do ponto de vista existencial não será aquela em que ao serem colocadas as opções se sente o sabor do poder de escolha? A própria existência de opções significativas, férteis em provocar dúvidas sobre qual a melhor, não será por si só sinal de uma vida preenchida? A incerteza nas encruzilhadas provoca descargas de adrenalina e cada um escolhe de acordo com um critério subjectivo. Somos, enquanto seres humanos, o resultado de cada uma das opções tomadas e vamos crescendo, colocando pedra em cima de pedra, como se construíssemos uma casa para albergar a nossa alma. Este processo contínuo torna o passado parte integrante e indissociável do nosso Ser. Não se arrepender de nada é uma alienação completa. Não se pode é viver agarrado aos erros e permitir qualquer tipo de condicionamento. A vida contínua, por muito que isto cheire a lugar comum. Escolher, sobretudo quando o fazemos mal, deveria significar apenas amadurecimento, uma melhoria enquanto ser humano. Não escolher, quando existe possibilidade de o fazer, é que é motivo de arrependimento. E estar arrependido não significa viver agarrado ás opções que se revelaram erradas. Significa, apenas e só que, nas mesmas circunstâncias, a experiência passará a ditar as regras. A inércia perante a vida inevitavelmente será o que recordaremos com insustentável nostalgia, o arrependimento resultante unir-se-á a alma como um qualquer vulgar parasita, que a destruirá todos os dias um pouco por não termos seguido, por cobardia, o caminho que, de alguma forma, sempre sentimos ser o nosso. O que seria de nós sem o passado? A resposta é simples.Não Seríamos. Umberto Eco no seu livro, “A Misteriosa Chama da Rainha Loana”, retrata a vida de um homem que perdeu a memória de si próprio e que, para a recuperar, encetou uma viagem até aos locais do seu passado em busca dos acontecimentos com eles relacionados e que o fizeram ser quem era. Em certa medida isso acontece naqueles momentos em que nos impõe com firmeza militar a organização de alguns dos recônditos cantos das nossas casas, onde vamos empilhando objectos que, em determinada altura, tiveram um significado especial, e que mais não são do que as provas materiais dos sentimentos que lhes estão associados. São as pedras que fomos colocando, e que nos fizeram o que somos. Obviamente que o pretendido é que os encaminhemos para um destino algo definitivo. No entanto, esta exigência é profundamente penosa, sendo muitas vezes uma impossibilidade desfazer-nos de um objecto, tão forte é a ligação criada e que, também, é difícil de explicar. A razão para esta hesitação não é o objecto em si, é a viagem que feita ao longínquo tempo em que o tornamos nosso, e que fez aquele momento que se revive ser mais importante que os restantes. São os sentimentos inerentes que afloram. É o mar de sensações provocadas por algo que vagueava por entre os infinitos ecos do passado, impregnadas no cérebro por mecanismos incompreensíveis, e que foi nossa decisão imortalizar, à nossa escala. O objecto apenas serve de estímulo à memória, e encerra em si um capítulo importante com, mais ou menos perceptíveis, reflexos no presente. Estes objectos permitem evocar a galeria de recordações que, caminhando lado a lado no tempo connosco, nos permitem reviver, com deleite ou desprezo, o momento que os fez serem especiais. Acredito que sem estes auxiliares de memória, sem estes pedaços da nossa vida, esses momentos seriam como tantos outros, meros segundos sem história. Há, no entanto, uma pequena ressalva a fazer. Nestas viagens pode ficar-se agarrado a um determinado momento, do qual não nos conseguimos libertar. As origens das psicoses estão no passado, segundo dizia Freud. Encerrar qualquer capítulo da nossa vida que nos tolda a existência é, por isso, a conquista final. Sendo esta apenas uma forma de arrumar e ordenar o caos, é preciso perceber que não há forma de esquecer nada, fazer de conta que não existe. Esse é o peso das pedras que nos constituem São impossíveis de retirar sem que se crie um novo Ser. E isso ninguém quer. Perder a identidade significa perder aquilo que somos. Esse é o desespero da personagem que Umberto Eco retrata no seu livro e que se torna o nosso quando pensamos o que seria se sucedesse connosco.
O actor americano Tom Hanks entrou sexta-feira para o livro Guinness de recordes por ter protagonizado sete filmes consecutivos que obtiveram mais de 100 milhões de dólares de receitas nos Estados Unidos. Segundo o editor do Guinness trata-se de filmes entre os anos de 1998 e 2002. O anúncio acontece menos de uma semana antes da estreia do filme adaptado da livro "O Código da Vinci", no qual Tom Hanks, de 49 anos, desempenha o papel principal. O Guinness contabilizou filmes de animação aos quais o actor deu a voz, como "Toy Story 2".(Lusa). Tom Hanks nasceu a 9 de Julho de 1956, na Califórnia (EUA). Iniciou a sua carreira no teatro, tendo representado sobretudo peças de repertório clássico. Em 1980, começou a ser notado a partir da série cómica de televisão Bosom Budies. Durante os anos 80, fez várias comédias românticas e dramas ligeiros, como Splash (1984), Big (1988), The Money Pit (1986), Dragnet (1987) e Turner & Hooch (1989). A partir dos anos 90, teve a oportunidade de provar o seu talento ao interpretar o papel de um advogado infectado com o vírus do SIDA em Philadelphia (1993), risco recompensado com o Óscar de melhor actor. A partir de então, a sua carreira seguiu um novo rumo. A sua filmografia inclui ainda A League of Their Own (1992), A Sleepless in Seattle (1993), Forrest Gump (1994), com o qual conquistou o seu segundo Óscar de Melhor Actor, Apollo 13 (1995), O Resgate do Soldado Ryan (1998), You’ve Got Mail (1998), À Espera de um Milagre (1999),O Naúfrago (2000), Band of Brothers (2001, mini-série), America: A Tribute to Heroes (2001, televisão), Caminho Para a Perdição (2002), Apanha-me Se Puderes (2002), O Quinteto da Morte (2004) e Terminal de Aeroporto (2004). Em 2001, foi galardoado com o Prémio do American Film Institute, pela sua dedicação à sétima arte.
A condição portuguesa deve-se, também, a um grosseiro cálculo geográfico. Na realidade não existem cinco continentes mais sim seis, sendo Portugal um deles, senão vejamos: estamos rodeados de mar por dois lados e de civilização e desenvolvimento pelos outros. Somos pois um conclave, uma marquise samaritana. Nas marquises lava-se roupa, assa-se um frango, guarda-se o lixo até ser hora de o colocar na rua e outras coisas que tais. Difícil é imaginar alguém a elaborar uma tese de doutoramento ou a reescrever o código penal nesse compartimento ao som do Pequenito Saúl. Uma marquise. Deus teve sempre, de facto, uma relação estranhíssima com Portugal. Há até defensores, à esquerda e à direita, da teoria que existe um céu e um inferno só para portugueses. Ao que parece, tanto o inferno como o céu para portugueses são anexos aos respectivos edifícios principais, pois quando as casas-mãe foram criadas, Deus nunca pensou que Portugal vingasse. Vingou (ainda que mal), e foram por isso feitos estes dois aumentos. A teoria da direita portuguesa é que o céu é uma grande torre (tipo as das Amoreiras), sendo que os moradores dos últimos andares já usufruem de benefícios fiscais. São Pedro está à porta vestido pela Prada e dá ordens por telemóvel para os ascensoristas do edifício. No interior há champanhe, posters gigantes de Cascais, livros assinados pelo António Sala e ligações em directo para a TVI. Isto tudo com consumo mínimo, é claro. O céu português segundo a visão dos esquerdistas é um pouco diferente. São Pedro continua a estar à porta mas em vez de ter uma chave na mão, ostenta uma foice e bebe vinho americano. O edifício celeste é agora um bunker profundo onde se ouve constantemente Trio Odemira e frases como: “Força camarada”, “Venceremos” e “Onde estão as azeitonas?”. Também em relação ao inferno as opiniões de ambas as facções são diferentes. Para a direita, o inferno situa-se na Quinta da Atalaia e tem à porta a inscrição “Querida Sanzala”. Os trabalhos forçados são constantes e duros: comer com os cotovelos em cima da mesa (para aqueles que cometeram pecados leves) e conduzir carros com menos de 3000 de cilindrada (para os mais mal comportados). Em casos de maldade extrema os prevaricadores (ex-prevaricadores porque já estão mortos) são sujeitos a duas sessões diárias de filmes do Lauro António. Tudo é diferente no céu da esquerda. Há raves e muita loucura. Às sextas Judas Iscariotes é o DJ de serviço, sendo que passa maioritariamente Marilyn Manson e discursos de Fidel Castro. “Highway to Hell” é o tema de abertura todas as noites, seguindo-se vários bacanais ao som, ou não, de Jimi Hendrix. Salazar é o mestre-de-cerimónias ao sábado, passando somente músicas de Frei Hermano da Câmara (aquele a quem o Sr. Dr. apelida de “Jim Morrisson gregoriano”. Por falar nisso, Jim Morrisson esteve com concerto marcado por duas vezes mas o coma alcoólico falou mais alto e em vez disso passaram em reverse cassetes do Marco Paulo, que segundo os especialistas, contêm poderosas mensagens satânicas. Satanás é que (e agora espantem-se) não está no inferno. Ao que parece desceu à terra e diverte-se ora a marcar golos ao Benfica ora a desgraçar o orçamento de estado. Falando em Benfica, tenho de falar de Deus. Deus, como sabem, é benfiquista e, segundo um anónimo da Trafaria, terá até, em tempos idos, jogado a ponta esquerda nos juniores. Sendo isso altamente improvável, continuarei. Além de benfiquista, Deus é também de direita. Para tal confirmar tal facto, basta ler a passagem dos Génesis referente à Torre de Babel. Depois de ver tal cenário, o Criador terá pensado “Esses gajos estão muito unidos e qualquer dia quotizam-se e formam um sindicato. TOCA A SEPARAR!” E assim foi. Separados até aos dias de hoje. Na verdade os únicos Génesis que aprecio são os do Peter Gabriel e mesmo esses separaram-se, vá-se lá saber se inspirados pelo divino livro ou prevendo já as letras da música a solo do seu baterista Phil Collins. Canções como “Separate Lives” ou “Sussudio” (que ninguém percebe o que é) podem ter pesado na decisão. Outro grande problema de Portugal é o facto da psicanálise não ser retroactiva. Passamos os dias a recordar os erros do passado, mas estamos sempre à espera de uma oportunidade para fazermos asneira outra vez. Somos de meio-termo, pouco ousados. Portugal é como um indivíduo que, cheio de confiança, ganha balanço e escarra para o chão. O que acontece no caso português é que, quase sempre, a excreção fica pendurada por um fio de saliva, num vai e vem entre o chão e a boca. E então aí, o que fazemos? Pomo-nos a pensar. “E agora? Cuspo outra vez para ver se isto sai? Engulo? Finjo que estou a fazer de Alien numa gravação do TV Rural?”. Ida a coragem para a valeta, o português é dos que prefere engolir, saboreando a doce merenda do medo. Deus fez os Snacks-bar, mas os portugueses, mais uma vez iluminados por um oportunismo e lucidez brilhantes, decidiram chamar-lhes Café. “Vou ao café”, dizem. Supor que se deve chamar café a um local, somente devido ao facto da bebida que aí mais se vende ser o néctar desse vegetal, é tão racional como dizer “Vou ao Aulin”, quando se vai a uma farmácia ou “Vou ao sexo” quando se sai para beber uma cerveja com os amigos. Os Snacks-bar portugueses são também uma coisa estranha. Basta entrar num desses locais num dia de Verão para compreender o seguinte: - A Feira do Fumeiro não tem lugar em Montalegre mas sim nos sovacos do empregado de mesa. - O apelido desses mesmos empregados é quase sempre Psssssstt (da grande família dos Psssssst portugueses). - Há sempre uma cuspideira regurgitante vinda de uma diabética sentada na mesa três que se engasgou com um croissant com chocolate. - Obrigado é uma palavra rude. Posto isto, acabarei com algumas perguntas: - Onde falhou Deus para ter criado Portugal? - Porque respiram os portugueses? - Porque é que o Mantorras só joga 7 minutos e meio?
Conselho dos Direitos Humanos da ONU "China, Cuba, Paquistão, Rússia e Arábia Saudita estão entre os 44 países eleitos hoje pela Assembleia-Geral das Nações Unidas para integrar o conselho, que substitui a desacreditada Comissão de Direitos Humanos da ONU." Público.
Comemora-se hoje o Dia da Europa. Foi em 9 de Maio de 1950, que Robert Schuman, ministro francês dos Negócios Estrangeiros, apresentou uma proposta de criação de uma Europa organizada, requisito indispensável para a manutenção da paz, numa altura em que a Guerra Fria começava a fazer sentir os seus efeitos, nas relações entre a Europa Ocidental e a Europa de Leste. Esta proposta, conhecida como "Declaração Schuman", é considerada o começo da criação do que é hoje, a União Europeia. O Dia da Europa é hoje assinalado em 27 cafés das capitais dos Estados membros da União Europeia e nas capitais da Roménia e da Bulgária, que aderem à UE 2007, com o objectivo de divulgar a diversidade literária e gastronómica europeia. A presidência austríaca da União Europeia, recuperou “ a ideia de Europa” de George Steiner, defendida na Déciam Palestra do Nexus Institute, de Amesterdão, que passou a livro, com o mesmo nome. Diz, George Steiner que, “enquanto existirem cafetarias, a “ideia de Europa” terá conteúdo”. O café como local de encontro para a troca de ideias, é para Steiner, o primeiro axioma para a construção da “ideia da Europa”. “A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. Não há cafés antigos ou definidores em Moscovo, que é já um subúrbio da Ásia.Poucos em Inglaterra, após um breve período em que estiveram na moda, no século XVIII. Nenhuns na América do Norte, para lá do posto avançado galicano de Nova Orleães. Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-á um dos marcadores essenciais da “ideia de Europa…Na Milão de Stendhal, na Veneza de Casanova, na Paris de Baudelaire, o café albergava o que existia de oposição política, de liberalismo clandestino”. Em Lisboa, o projecto cultural Café da Europa, funcionará no café Martinho da Arcada, celebrizado por ser o café frequentado pelo poeta Fernando Pessoa. Pretende-se sensibilizar os cidadãos europeus para os temas da Europa através do paladar: para além de ser dado acesso a informação sobre a gastronomia, é dado especial destaque aos doces típicos de cada país.O pastel de nata, foi escolhido como «ex-libris» da pastelaria portuguesa, e representante do país a par com o tiramisu italiano, o gaufre belga ou o kolach checo, etc. Nas 27 capitais, será ainda escrita uma história com 27 capítulos, cabendo ao poeta português Casimiro de Brito, escrever e apresentar a versão lusa, inspirado na temática «Seduzido pela Europa», comum a todos. Noutros cafés europeus, estarão presentes autores como Vaclav Havel, que estará em Praga, Eva Demski em Berlim, Christiane Singer em Paris, Jan Baeke em Amesterdão e Timothy Garton Ash em Londres. Todos os escritores abordarão o tema da Europa de um ponto de vista literário, o que será o ponto de partida para o debate entre os presentes, que podem também contribuir com as suas próprias «Histórias da Europa», a compilar e publicar posteriormente no primeiro livro pan-europeu. Costumo celebrar quase diariamente, o dia da Europa mas, como hoje é um dia especial, em vez de um pastel de nata, comi dois. O senhor José, o dono da pastelaria, é que não foi na conversa fiada de divulgar o pastel de nata e por isso, tive de desemblosar um Euro e vinte cêntimos.
A mudança e a evolução esperadas de alguns comportamentos da Humanidade não estão a atingir os níveis desejados, mesmo em questões pequenas no contexto global. É devido a estas últimas, que se vão observando diariamente, que o pessimismo se nos vai enraizando na alma. Alguém disse um dia que um optimista é um pessimista mal informado. Nesta perspectiva, podemos avaliar estas questões enquadradas na importância que deveria ter a articulação, no actual modelo de Educação, entre as matérias disciplinares e o estabelecimento de referências. Não existem referências efectivas que motivem as pessoas a agirem de maneira diferente, que não podem limitar-se a serem conceitos abstractos, sem sentimentos reais envolvidos. Tem que passar a mensagem de que são algo de fundamental à consolidação da democracia. A verdade é que as escolas tornaram-se especialistas em formar “debitómetros” de conceitos teóricos, muito importantes para o desenvolvimento profissional, mas esquecem-se de complementar isto com formação cívica, importante para o desenvolvimento do ser Humano. Considerando a nossa transição de ditadura para um novo regime democrático, que foi feita de uma forma tão surpreendentemente pacífica e rápida, o que contribuiu para imbuir todos os portugueses de uma estranha sensação de desorientação. A facilidade com que se obteve levou a que as pessoas não se esforçassem o suficiente para a manter saudável e progressivamente mais sólida. Nos anos que se seguiram até aos dias de hoje, em muitos aspectos, viveu-se num país de fantasia, onde o pensamento dominante foi de que tudo estava garantido para sempre e, de uma forma ou de outra, com raízes profundas nos anos da ditadura em que não existiam direitos nenhuns, cada sector da sociedade foi impondo a sua força para obter dos governos as suas pretensões, nem sempre de forma razoável, até ao ponto em que se encontram agora. É fácil de perceber que a actual situação não se pode protelar por muito mais tempo sob pena de não haver retorno possível. Teremos sim um País onde o instinto de auto-preservação será o sentimento dominante, algo semelhante a outros onde se presenciavam filas para conseguir papel higiénico. Ao que parece, a mensagem de que algumas coisas são incomportáveis para o País coincidiu com o surgimento de uma grave crise de problemas auditivos, ou então de óbvia diminuição de capacidades intelectuais, numa espécie de acefalia generalizada. Ninguém quer perder os seus direitos e recomendam que os problemas se resolvam sempre à custa dos outros. Analisando com rigor e desinteressadamente a situação actual, cada um por si chegará à conclusão que é necessária a participação de todos, que é necessário um esforço conjunto para que se garanta a sustentabilidade das gerações vindouras. E é nestes que temos que pensar. Então estamos ou não a preparar o futuro das próximas gerações? Parece-me evidente que se não organizarmos o presente, o futuro não será o que todos ambicionámos. Não há, neste momento, qualquer lugar para ambivalências. Não será esta uma forma de egoísmo? Ou a tão propalada solidariedade entre gerações só tem um sentido, aquele que nos interessa. Uma das manchetes desta semana do JN revelava que 85% dos pensionistas tem uma reforma inferior a 374€. Estas reformas baixas resultam necessariamente de rendimentos baixos durante as suas carreiras profissionais e, portanto, o problema da segurança social não se coloca em relação a estes mas aos restantes. Qual será a parte destes 15% que, aproveitando as lacunas da legislação (nada de extraordinário em Portugal), não efectuou a totalidade dos descontos sobre os seus rendimentos à excepção dos últimos 10 anos? A solidariedade geracional foi esquecida enquanto foi conveniente, pelos mesmos que agora não se esquecem de a cobrar na forma de pensões elevadíssimas, que nada têm a ver com a realidade da sua carreira contributiva. Aliás, seria um exercício revelador aplicar as regras que agora vão regular esta matéria a estas reformas de luxo e verificar o resultado final. Ao abrigo da treta dos direitos adquiridos e de uma legalidade imoral, muitas pessoas, premeditadamente, planearam os timings das suas contribuições de modo a que tirassem o máximo benefício de todos os seus rendimentos. São estes que estão a arruinar o sistema, reclamando uma solidariedade quando não foram absolutamente nada solidários. O autismo que isto revela, contribui para criar uma sensação de injustiça que, inevitavelmente, afasta os restantes do cumprimento dos seus deveres de cidadãos. Este afastamento também tem consequência para todos. Não é evidente que quem não cumpre as suas obrigações sociais não só prejudica os outros como também a si próprio? Momentaneamente e a título pessoal, poderá ter uma vida melhor, mas os serviços que a todos dizem respeito, tornar-se-ão, inevitavelmente, piores. Ao não contribuir para a melhoria global do País da qual, obviamente, beneficiaria, empurra-o para um estado de insolvência donde, se as coisas não mudarem, provavelmente não conseguirá sair. É preciso salientar os perigos inerentes ao protelar destes problemas. Nesta fase da nossa democracia e com a tendência que a Humanidade tem para se repetir em ciclos, podemos estar a por em causa os valores democráticos e a preparar a sua substituição. A permanente referência ao Estado na terceira pessoa do plural é algo claramente elucidativo. O Estado não são “eles”, somos “nós”. É esta visão comunitária da sociedade que falta para fazer evoluir o país. A esperança pode não estar morta, mas está para já moribunda. A indignação, contudo, cresce a olhos vistos. Filipe Pinto.
Volto a insistir. Não podemos ficar quietos, calados e deixar esquecer, o que se passou na sessão da Assembleia da República na sessão antes da Páscoa. Como foi tornado público e não foi desmentido, houve uma fraude, de vinte e oito deputados, que assinaram o registo de presenças e não compareceram, em nenhum momento da sessão.Isto significa que no dia anterior, assinaram a presença do dia seguinte. Estamos perante uma ilegalidade; a assinatura antecipada do livro de registo de presenças.Mas, tudo indica que ao registarem uma presença antecipada, não o fizeram inocentemente, mas sim, com a intenção de ludibriar e manter os benefícios, de uma ausência prevista.A ser verdade e não diviso outra explicação quanto a outro motivo, os deputados em causa, pretenderam enganar o Estado e receber todos os benefícios constituídos, através da mentira e da fraude, de uma presença/ausência. À luz dos princípios da honestidade, da rectidão e confiança, que são devidos aos cidadãos e eleitores, não podemos aceitar esta tentativa de apropriação fraudulenta de benefícios que lhes é garantida, no exercício pleno das suas funções.Este acto não pode desculpabilizar a debandada de outros deputados, mas não a gravidade desta atitude, só pode merecer o mais profundo repúdio e nojo. Em nome dos altos valores da democracia os deputados em causa, deveriam ser demitidos dos seus partidos e se tivessem vergonha, deveriam solicitar a recusa do lugar de deputado.Deixo aqui um apelo a toda a blogosfera: não deixem cair esta aldrabice, denunciem-na, façam-na circular, estabeleçam uma corrente de denúncia por todo o sítio. Exigimos acções e saber a lista dos nomes dos deputados que assinaram a presença e não puseram lá os pés. "Entre os que faltaram à votação (79) - assinaram o livro de presença, mas não estiveram no hemiciclo até ao final da sessão - ou os que nem passaram pelo Parlamento (28) e aqueles que estiveram em Missão ao Estrangeiro (13), os serviços da Assembleia registaram a ausência de 120 parlamentares, menos dos que os 116 necessários para que possa existir deliberação. "(PD) Porque concordo com a indignação do Fernando, do blogue, charagoesquerdo, aqui está a reprodução do texto, por ele feito. Se não concordarem com a fraude feita pela esmagadora maioria dos deputados, por nós eleitos e pagos com ordenados principescos, para nada fazerem, divulguem este texto. Sejamos reinvidicativos e politicamente responsáveis. Um bom Domingo para todos.
Passam amanhã 150 anos do nascimento de Sigmund Freud, e como não podia deixar de ser a Fábrica terá que escrever sobre o assunto, apesar de a imprensa nacional ter já editado uma verdadeira história de todo o seu saber. Do mal-estar que continua sendo detectado na civilização às infindáveis interpretações posteriores do sonho, o seu nome continua, apesar de severas críticas, sendo a mais polémica de todas a recente edição do Livro Negro da Psicanálise, e revisões, presente no nosso imaginário. Apesar de todas as polémicas, parece ser incontestável que Sigmund Freud, foi um dos maiores pensadores do século XX. A essência do legado de Freud fica longe de ser reduzido, apenas, à sua psicanálise. É possível que o próprio, se estivesse vivo, apontasse falhas nas teorias que desenvolveu. “Ele não via na terapia a sua grande obra, mas na importância cultural da psicanálise”, observou o psicólogo Wolfgang Mertens. O legado de Freud deverá ser ligado aos pontos de intersecção da psicanálise com a literatura, a filosofia, o cinema, a sociologia, a antropologia e outros saberes que tornam nítida a necessidade de lembrar Freud. Não deixa de ser curioso, o contraste entre as suas palavras e o seu legado à Humanidade, " Nunca fui realmente ambicioso. Procurei na ciência a satisfação que se oferece durante a pesquisa e no momento da descoberta, mas nunca fui daqueles que não podem suportar o pensamento de serem levados pela morte sem terem deixado o nome gravado numa rocha." Sigismund (mais tarde Sigmund) Schlomo Freud nasceu a 6 de Maio de 1856, em Freiberg, Morávia - actual Pribor, na Republica Checa – que então, fazia parte do Império Austro-Húngaro. Na época em que nasceu o seu pai, Jakob Freud, tinha 41 anos e a sua mãe, Amália, 21, ambos professavam a religião judaica. Sobre a sua relação com a religião, Freud diria uns mais tarde, "Sempre me mantive distanciado da religião judaica, assim como de qualquer outra religião. Elas interresam-me apenas enquanto objecto de análise científica. No entanto, sempre me senti solidário para com o meu povo, procurando transmitir esse sentimento aos meus filhos. De uma certa forma, todos nós mantivemos a qualidade de judeus." Seu pai já tinha dois outros filhos de um primeiro casamento: Emanuel e Philipp. Juntamente com eles, viviam também duas crianças, filhos de Emanuel e que eram apenas um ano mais velho do que Sigmund. Essa situação pode ter predisposto Freud, mais tarde a estudar o problema da circulação do desejo dentro das estruturas familiares. Em 1860, devido à guerra Austro-Italiana, os negócios de lã do seu pai, foram à ruína e a família foi obrigada a transferir-se para Viena. "Qualquer pessoa que tenha vivido o sofrimento da miséria na juventude e suportado a indiferença e a arogância dos ricos deveria estar isenta da suspeita de não ter compreensão e boa vontade para as tentativas de eliminação das diferenças económicas entre os homens e de tudo o que elas provocam", diria Freud falando da sua juventude. É nesta cidade, que Freud iniciou os seus estudos e onde viveu até 1938. “No Gymnasium fui o primeiro da minha turma durante sete anos e desfrutei de privilégios especiais, quase nunca tendo de ser examinado na aula(...) O meu profundo interesse pela história da Bíblia teve, conforme reconheci muito mais tarde, efeito duradouro sobre a orientação do meu interesse. Sob a influência de uma amizade formada na escola com um menino mais velho, e que veio a ser um político conhecido, desenvolvi, como ele, o desejo de estudar Direito e dedicar-me a actividades sociais. Ao mesmo tempo, as teorias de Darwin, que eram então actuais, atraíram-me fortemente, pois ofereciam esperanças de um extraordinário progresso na nossa compreensão do mundo, e foi ouvindo o belo ensaio de Goethe sobre a Natureza, lido em voz alta numa conferência pelo professor Carl Bruhl, pouco antes de ter deixado a escola, que resolvi tornar-me estudante de Medicina.” Aos 17 anos, terminados os estudos secundários, Freud dominava perfeitamente o Inglês, o francês, o latim, o grego e o hebreu; possuía conhecimentos de espanhol e de italiano. Ingressou na Universidade de Viena em 1873. Durante o curso, desenvolveu algumas pesquisas com alguns dos seus professores; com Ernest Bruucke, trabalhou durante seis anos numa pesquisa sobre o sistema nervoso central; em psiquiatria, trabalhou com Theodor Meynert, considerado o mais brilhante na sua especialidade, neuropatologia. Findo o curso, vê-se obrigado a trabalhar como médico de clínica geral, pois não consegue arranjar trabalho como pesquisador na Universidade. Entretanto, conheceu Martha Bernays, filha de um dos rabinos mais importantes do mundo judaico da época. Casou-se em 1886 e nesse mesmo ano abriu o seu consultório de neuropatologia. O casal teve seis filhos (Mathilde, 1887; Jean-Martin, 1889; Olivier, 1891; Ernst, 1892; Sophie, 1893; Anna, 1895). O início da obra freudiana está ligado à descrição clínica do caso Anna O., que Freud desenvolveu juntamente com Josef Breuer e que seria publicado sob o título de Estudos Sobre a Histeria, em 1895. Nesse livro, Freud afirma que os sintomas dos doentes histéricos são resíduos e símbolos de ocorrências traumáticas, nas quais um processo afectivo qualquer foi desviado da sua elaboração consciente normal. A hipnose revivesceria esse facto passado. A este processo foi dado o nome de catarse. Após este estudo, Freud convenceu-se de que todo o conteúdo das neuroses possuía uma origem sexual, e que a hipnose e o método catártico não apresentava bons resultados em todos os pacientes. Passou então a utilizar o método da associação livre e foi aí que, segundo as suas próprias palavras, nasceu a psicanálise. Esse método consistia em deixar o paciente livre para falar o que lhe viesse à mente, e competia ao analista interpretar as ideias a fim de clarificar o trauma responsável pela origem da perturbação nervosa. Num estudo publicado anos mais tarde, seria desenvolvida a tese de que a natureza da neurose era de origem sexual, tratando-se de impulsos reprimidos na infância do paciente, daí as considerações que fez sobre o complexo de Édipo e sobre a sexualidade infantil, como determinantes básicas do comportamento humano. O termo “psicanálise” foi concebido por Freud em 1896.”Demos o nome de psicanálise ao trabalho pelo qual trazemos à consciência do doente o psíquico que há recalcado nele”, definiria Freud. Após romper com Breuer, e passando por uma crise, devida à morte de seu pai, Freud iniciou sua auto-análise em 1897, ao examinar seus sonhos e fantasias, contando com o apoio emocional de seu amigo íntimo, Wilhelm Fliess. A Interpretação dos Sonhos, obra que Freud considerou como sendo o mais importante de todos os seus livros, foi publicado em 1899. Entretanto, foi nomeado Professor na Universidade de Viena e fundou a “Sociedade Psicológica das Quartas-feiras” em 1902 (reunião semanal de amigos, em sua casa, com o propósito de discutir os trabalhos que vinha desenvolvendo), a qual se veio a tornar a Associação de Psicanálise de Viena, em 1908. Por volta de 1906, um pequeno grupo de seguidores juntaram-se em torno de Freud, incluindo William Stekel, Alfred Adler, Otto Rank, Abraham Brill, Eugen Bleuler e Carl Jung. Sándor Ferenczi e Ernest Jones juntaram-se ao círculo psicanalítico e o “Primeiro Congresso de Psicologia Freudiana” teve lugar em Salzburg, em 1908, contando com a presença de quarenta participantes de cinco países. Em 1909, Freud foi convidado por Stanley Hall para proferir cinco conferências, na Clark University (Worcester, Massachussets), que mais tarde seriam editadas com o título de Cinco Lições de Psicanálise. Seria esta a sua única visita aos Estados Unidos da América, mas esta oportunidade marcou definitivamente a sua carreira, ao atrair a atenção mundial para os seus trabalhos. O movimento psicanalítico foi sendo gradualmente reconhecido e uma organização internacional, chamada “International Psychoanalytical Association” foi fundada em 1910. A revista de psicanálise “Imago” foi criada em 1912. Conforme o movimento se ia difundindo, Freud teve que enfrentar a dissidência entre os membros de seu círculo. Adler (1911) e Jung (1913) deixaram a “Associação Psicanalítica de Viena” e formaram as suas próprias escolas de pensamento, discordando da ênfase dada por Freud à origem sexual da neurose. Os anos da Primeira Guerra Mundial, foram improdutivos para Freud, que referindo-se à Grande Guerra, diria" Não duvido de que a humanidade se recuperará desta guerra, mas sei com segurança que eu e os meus compatriotas nunca mais haveremos de viver num mundo tão alegre quanto aquele em que vivemos. Tudo isso é muito repelente. E a coisa mais triste de todas está em que tudo isso é exactamente aquilo que a psicanálise esperava do homem e do seu comportamento." Só em 1919 é que escreveu uma das suas mais importantes obras: Além do Princípio do Prazer, onde demonstrou a existência de dois instintos opostos no homem. Um, de preservação, ligado ao Prazer (Eros) e outro de destruição(Tanatos). Alguns factos ocorridos no início dos anos 20 vieram a alterar profundamente a vida de Freud: Primeiro a morte da sua filha Sofia, em 1920 e depois a morte do seu neto, filho de Sofia. Entretanto, em 1923 é-lhe diagnosticado um cancro no maxilar superior e Freud é submetido à primeira de uma série de 33 operações na boca, que o levou a perder todo o maxilar superior. Mas a sua produção intelectual permaneceu bastante intensa. Em 1923, publicou o Ego e o Id, onde apresentou um modelo dinâmico da mente, constituído pelo Ego, Superego e Id. O Id constitui a fonte dos impulsos ou tendências de uma pessoa; o Superego representa os educadores introjectados no indivíduo; e o Ego é uma espécie de relações públicas entre o ser, os seus impulsos e a sociedade. Freud usou a seguinte metáfora para mostrar como essas três instâncias se relacionam: “o Ego é um cavaleiro tentando meter freio a um cavalo selvagem (o Id), seguindo as ordens do professor de equitação (Superego).” No ano seguinte, ocorreu a ruptura com dois dos seus discípulos, Otto Rank e Sándor Ferenczi, devido à teoria do trauma do nascimento. Em 1930 Freud foi laureado com o “Prémio Goethe”. A década de 30 marcou a ascensão do nazismo na Alemanha. Os livros de Freud e de muitos pensadores modernos foram queimados na praça pública. Em 1934, Freud começou a escrever Moisés e o Monoteísmo, onde procurou esclarecer a origem da religião judaica. Nos anos seguintes, Hitler e os nazistas, continuam a invadir os países vizinhos e a endurecer as leis contra os judeus. Em 1938 anexa a Áustria e Freud é imediatamente incomodado. Freud que sempre se manteve afastado da prática religiosa, não evitou que a Gestapo investigasse a sua casa, de onde roubaram preciosos objectos da sua colecção de antiguidades e prenderam e interrogaram a sua filha Anna durante um dia. Várias pessoas intervieram a favor dele, conseguindo que Freud escapasse da Áustria, juntamente com a sua mulher e com a sua filha Anna. Já bastante debilitado pela doença, Freud passou o último ano da sua existência em Londres. Sigmund Freud faleceu, aos 83 anos de idade, no dia 23 de Setembro de 1939, em Londres.
Friederich Nietzsche, o filósofo do desespero, está no limite de uma depressão suicida, incapaz de encontrar cura para as insuportáveis enxaquecas que o afligem. Josef Breuer, médico distinto e um dos pais da Psicanálise, aceita tratar o filósofo com uma terapia nova e revolucionária: conversar com Nietzsche e, assim, tornar-se um detective na sua cabeça. A estes dois vultos da cultura europeia do século XIX, junta-se um jovem médico interno de hospital chamado Sigmund Freud: estes três elementos combinam-se para criar a saga inesquecível de um relacionamento imaginário entre um extraordinário paciente e um terapeuta talentoso. Misturando realidade e ficção de maneira perfeita, Irvin D. Yalom, recria uma profunda amizade entre Friederich Nietzsche e Josef Breuer. Tendo como fundo Viena, nos últimos meses de 1882, a amizade começa quando Breuer, amigo de Freud, é procurado por Lou Salomé para tratar de Nietzsche, seu ex-amante. Deprimido por ter perdido Lou, Nietzsche está com uma depressão suicida. Josef Breuer também está depressivo por ter fantasias sexuais com Anna O., uma jovem recentemente curada com o seu novo método de “terapia através da conversa”. Ao começar a tratar o seu paciente, Josef Breuer irá encontrar na filosofia de Nietzsche algumas respostas para as suas próprias dores existenciais. Ao alternarem as funções de médico e paciente, o relacionamento torna-se irresistível, com fantásticas discussões filosóficas, sobre Psicanálise e as dores da alma. Na vida real, Nietzsche e Breuer nunca se conheceram, mas os componentes essenciais deste romance - a angústia mental de Breuer, Anna. O., o caso entre Nietzsche e Lou Salomé e o desespero do filósofo - existiram historicamente. As cartas escritas por Nitzsche para Lou Salomé, apresentadas ao longo do livro, também são autênticas. O caso de Anna O. foi o primeiro descrito em “Estudos Sobre a Histeria" de Freud e Breuer, o livro que desencadeou a revolução psicanalítica. Não é só pelo conteúdo que o livro se destaca, mas também na forma como está magistralmente escrito. Possui todos os hábeis ingredientes para manter o leitor concentrado na história, muito bem contada, que vai deixando o leitor sobre tensão, umas vezes angustiado outras vezes relaxado, obrigando-o a não parar de ler até que vire a ultima página. No fim, fica-se com aquela sensação de querer mais, já que se fica totalmente apegado às personagens.
Uma semana depois da comemoração dos 20 anos de Tchernobil, apeteceu-me tentar ficcionar como seriam os dias após uma guerra nuclear. Este texto é uma homenagem ao Brasil e aos brasileiros, que em cada vez maior número visitam o nosso blog. É também uma ocasião para homenagear Marcos Pontes. O primeiro a exprimir em português a sensação de ter chegado à última fronteira. Este feito revela o potencial do Brasil. As bombas começaram a cair há uma semana. As comunicações são quase inexistentes e foram solicitados voluntários para prestar o auxílio humanitário possível nestas circunstâncias. Eu ofereci-me. Ás vezes temos que fazer este tipo de coisas para nos sentirmos vivos. Estive no espaço. A percepção da condição Humana, da sua fragilidade, ganha lá uma dimensão colossal. O nosso campo de visão na Terra é um horizonte cheio de vida, permutando entre um fundo negro, polvilhado de estrelas, e um azul com o imenso Sol. No espaço, é uma imensidão de negro e um Planeta azul, agarrado a nada, literalmente suspenso no vazio, onde todos no entrecruzamos. A vida existe apenas porque nós o sabemos. O universo visível adquire uma grandeza que apenas é perceptível através da experiência de olhar para a Terra daquela perspectiva, o que, por sua vez, reforça a sua posição de excepcionalidade. A nossa atitude nunca mais é a mesma. Nem sequer é o cliché de darmos importância ás coisas que realmente interessam. Tudo interessa. Viver é que é importante. Cada um à sua maneira com respeito pelos outros e pelo privilégio da consciência de estar vivo. Quando acontece uma coisa destas não dá para compreender o porquê. Toda a gente conhecia as consequências. Do ataque e do contra-ataque. Do Inverno nuclear. Não interessa quem tem razão todos vão morrer. Todos vamos morrer. Se um dia alguma espécie com inteligência suficiente estudar a nossa civilização, também não vai compreender. Como pode uma espécie com tanto potencial, ter uma capacidade criativa que apenas é igualada pela sua capacidade para se autodestruir? A criação nunca prevalece sobre a destruição. Não nestes casos. Onde todos os que o poderiam fazer são também destruídos. Todas as marcas vivas de uma existência que deveria florescer até ao infinito serão obliterados. Decidimos entrar por Portugal. Sempre gostei do País. Não pela coisa do País irmão, mas por aquilo que nos une. A língua. Quando nos dói verdadeiramente a alma, não importa quão fluentemente falamos outro idioma, exprimir a dor na sua totalidade e a sua compreensão só é possível quando a língua materna, aquela que nos acompanhou no desenvolvimento dos mecanismos do cérebro responsáveis pelos sentimentos e nos dá lógica aos pensamentos, é comum. Talvez mais importante que isso é que a consciência também se desenvolveu em português. É se há momento para sofrer e partilhar é este. A ressaca do holocausto nuclear. Alguém apertou o botão. Em minutos, Mísseis balísticos lançados desde submarinos começaram a atingir aeroportos. Pouco tempo depois, Mísseis balísticos intercontinentais atingiram bases militares, centros de comando e a infra-estrutura industrial. Algumas horas mais tarde, chegam os bombardeiros, que atacaram os alvos não atingidos pelos mísseis. O hemisfério norte ficou devastado. Dia 1 O barco chegou à costa portuguesa e lançou a âncora. Dirigimo-nos a terra nos botes. À medida que nos aproximávamos a destruição foi ganhando forma. Parecia que alguém tinha andado a brincar com legos. Prédios em pé, quase nenhum, o cheiro nauseabundo foi aumentado também. Não se via vivalma. Chegamos a terra. A morte reina sem limites. Totalmente aleatória com cadáveres espalhados por todo o lado, um cenário dantesco. Alguém comenta que estes tiveram sorte ao morrer nos primeiros ataques. Provavelmente tem razão. Nestas áreas os níveis de radiação são tão elevados, que a morte como consequência dos seus efeitos é inevitável, lenta e profundamente dolorosa. Somos enviados para o hospital mais próximo. Pelo caminho, ninguém vivo. O hospital era um amontoado de pedras, com algumas alas ainda de pé. Uma delas era a maternidade. Um quadro horrível, um parto que ficou a meio, apenas se via a cabeça do bebé nas pernas da mãe morta. A equipa médica também. Vómitos ao meu lado. As lágrimas afloram-me aos olhos. A imagem é simbólica. A espécie humana, acabada de nascer para o universo, perdeu a vida ainda antes de se compreender. A zona das incubadoras, todos fugiram e no berçário também. Felizmente tudo estava tão negro que era impossível distinguir as formas com olhares de relance e apressados. Não existia outra cor que não o preto em toda a extensão do nosso olhar. Era como se tudo estivesse de luto por si próprio. Um dos meus parceiros a chorar diz-me – Marcos, a minha filha perguntou-me o que seria de nós. Não consegui articular nada e apenas senti uma imensa vergonha por fazer parte da geração que destruiu o futuro. Tentar descrever este cenário era um exercício inútil. Neste caso, uma imagem vale muito mais que mil palavras. Dia 2 À medida que nos afastamos das zonas de impacto, começaram a surgir os primeiros sobreviventes, cuja designação rapidamente se alterará. A gravidade da sua situação não lhes augura grande futuro. Os dramas humanos repetem-se a cada metro. Os médicos fazem o que podem, mas não podem acudir a todos. Os corpos como que se dissolvem sob o feito da radiação. As feições desfazem-se como que sob a pressão de uma força desconhecida, é como se cada um dos doentes naqueles momentos fosse só sofrimento, fazendo emergir o sentimento de impotência e o desespero. As florestas ainda ardem. O fumo em algumas zonas torna o ar ainda mais negro, já de si pouco respirável. Algumas figuras ainda de pé, cambaleiam em frente aos nossos olhos, aparentemente loucos sem uma direcção definida. Limitam-se a andar de um lado para o outro com um olhar esgazeado, colocado no horizonte, o olhar a abarca tudo mas não vê nada. Dia 3 O caos e anarquia tomaram conta das cidades menos afectadas. O regresso à idade da pedra, o fim da civilização. Os motins que se viram há alguns anos nas televisões, são manifestações de pacifistas comparados com isto. Hiroshima e Nagasaki ensaios de laboratório. A poeira já cobre uma parte significativa do céu e a temperatura começa a descer. Não tardará a atingir níveis que farão congelar a água. Nós somos 70% de água. Se alguém ficar cá, imaginem como será o seu fim. A chuva radioactiva acabará com tudo antes. Os incêndios ainda são visíveis por todo o lado e os gases tóxicos contribuem para a matança. Dia 4 À medida que penetramos na Europa, observam-se as deslocações de refugiados para sul. A suprema ironia para os países ricos. Nas colunas de pessoas a cada segundo cai uma ou morta ou ferida para lá do recuperável. Ninguém olha para trás, a indiferença instalou-se. Os laços familiares, de solidariedade a compaixão, desapareceram em face de tamanha tragédia, fazendo lembrar um bando de gnus perante os predadores que se limitam a tentar individualmente sobreviver. Espanha, terra de Picasso e Velasques. Guernica e As Meninas, considerado por muitos o mais espantoso quadro alguma vez pintado. O do Picasso que é símbolo da Paz. Representa o bombardeamento na segunda guerra à cidade com o mesmo nome. Dois dos maiores ícones da arte humana desapareceram no fogo do inferno. Todos nos tornamos iconoclastas da criatividade e da imaginação. Dia 5 Paris. Acercamo-nos do Louvre. Destruído quase na totalidade. Encerrava a essência humanidade nas obras de arte ali expostas. Ninguém teve coragem para entrar. A torre Eiffel vergada ao poder das bombas como que de joelhos subjugado por um poder insuperável. Norte Dame aos bocados no rio Sena. A escuridão que se via, não era só a poeira que impedia a luz solar de penetrar. A cidade luz apagou-se. Se o planeta fosse uma entidade viva, era aqui que estaria alojada a alma do mundo. Esta escuridão é como se representa-se a sua morte. O pensador de Rodin derretido pelo calor como que a dizer que a consciência e o pensamento estão condenados a resistir intemporalmente como uma marca fossilizada do que antes foi grande. O beijo com os amantes partidos em pedaços. O fim do amor e do desejo. A humanidade vai definhar. Os distúrbios psíquicos perante catástrofe são já evidentes. Já ouvimos falar em canibalismo. Não há alimentos para todos. Não tardarão as doenças contagiosas na forma de epidemias e pandemias. Dia 6 Roma. Vaticano. As dúvidas da divindade assolam-me. Como pode um Deus colocar à disposição do livro arbítrio dos seus filhos a capacidade de se auto destruir? De aniquilar a Sua própria criação? Nenhum ser humano no seu juízo perfeito coloca uma arma ao alcance dos seus filhos, sabendo quais as possíveis consequências, quanto mais uma entidade que é supostamente omnipotente e omnisciente. A capela de S. Pedro. Construída para incutir humildade aos visitantes. Um amontoado de pedras que noutras alturas provocaria o gáudio de uns quantos fundamentalistas. Só que agora, católicos, muçulmanos, judeus e outros que tais, estão de braço dado até o fim da sua existência. Não restará ninguém para manter a luta pela prevalência religiosa que, diga-se de passagem, também era ilógica. O interesse das religiões deveria confinar-se ao reforço do desenvolvimento de uma ética existencial comum na defesa da Vida. É como se espécie humana estivesse dividida em raças, não com definição biológica, mas com fundamentação religiosa. Isto não tem pés nem cabeça. Como cada grupo achava sempre que tinha razão, não reconhecendo qualquer mérito aos outros, alimentava os ódios e resultou nisto. Capela de Cistina. Miguel Ângelo representou a criação divina com o toque divino em Adão. Agora a mão de Deus aponta para as pedras. Dia 7 Paramos, ou descansámos ao sétimo dia. Numa semana a quantidade de luz diminuiu drasticamente. Falta água, comida, combustíveis. As culturas foram quase totalmente destruídas. A temperatura desce cada vez mais. Quando chegar abaixo do ponto de fusão da água, os oceanos começarão a congelar, o fitoplâncton morre e interrompe-se a cadeia alimentar. O fim está próximo. Filipe Pinto.