EPA/STR O escritor egípcio Naguib Mahfouz, prémio Nobel da Literatura em 1988, morreu hoje no Cairo, indicaram fontes oficiais à agência France Presse. O único escritor de língua árabe premiado com o Nobel da Literatura, era considerado pela crítica o maior cronista do Egipto da actualidade. O mais novo de sete filhos de um funcionário público, Naguib Mahfouz, nascido a 11 de Dezembro de 1911, casado e pai de duas filhas, adquiriu um profundo conhecimento da literatura medieval e arábica durante o bacharelato. Quando frequentava a Universidade Rei Faruk I (a actual Universidade do Cairo), onde estudou Filosofia, começou a escrever artigos para revistas especializadas, como Al-Mayal, Al-Yadid e Ar- Risala. Em 1932, para aperfeiçoar o domínio da língua inglesa, traduziu para árabe a obra de James Baikie sobre o Egipto antigo. Terminados os estudos, começou a escrever ficção e publicou bastantes contos nos anos seguintes. Em 1938, lançou uma colectânea intitulada "Whisper of Madness (Sussurro de Loucura)". Entre 1939 e 1954, enquanto trabalhava no Ministério de Assuntos Religiosos, publicou três volumes de uma projectada série de 40 novelas históricas passadas no período faraónico. Posteriormente, abandonou esse projecto e dedicou-se a escrever sobre temas sociais, ao mesmo tempo que elaborava vários guiões para cinema. A esta fase pertence, por exemplo, o filme "Bidayah wa-Nihayah (O princípio e o fim)", que contou com a participação de um jovem Omar Sharif. Naguib Mahfouz é considerado um dos escritores árabes contemporâneos mais inovadores, sendo o tema central das suas novelas o homem e a sua impotência para lutar contra o destino e certas convenções sociais. Em 1947, lançou o romance "A Viela de Midaq", que se tornou uma das suas mais obras mais famosas, passada para o grande ecrã pelo realizador mexicano Jorge Fons, que a situou no México actual e com a qual ganhou o Prémio Goya para o Melhor Filme Estrangeiro de Língua Espanhola em 1996. No clima de mudança política que se seguiu à queda da monarquia egípcia, em 1952, a sua "Trilogia do Cairo" (1956-1957) obteve um grande êxito. A obra é inspirada na sua biografia e narra a história de uma família humilde durante o período entre 1917 e 1944 no Egipto. Apelidado como "Balzac do Egipto", fez, ao longo da sua carreira, experiências com a técnica narrativa e, em especial, com o monólogo e a literatura do absurdo, numa produção que inclui cerca de 40 novelas e colecções de contos, na maioria traduzidos em inglês e francês. Mahfouz foi também um escritor politicamente comprometido, tendo manifestado apoio incondicional ao tratado de paz entre o Egipto e Israel em 1978, o que lhe custou a inclusão nas listas negras de vários países árabes. No final da década de 80, o líder islâmico radical Omar Abdel Rahman, actualmente na prisão pelo atentado às Torres Gémeas de Nova Iorque em 1993, condenou-o à morte pelo seu mais famoso romance, "Children of Gebelaawi (Filhos do Nosso Bairro)". Esta obra, que lhe valeu o reconhecimento mundial, está, paradoxalmente, proibida no Egipto, desde a publicação em 1959 de vários fragmentos num jornal diário do país. Mahfouz foi, além disso, alvo de vários atentados. Em 1994, foi apunhalado no pescoço por um fundamentalista e dois anos mais tarde foi classificado como "herege" e sentenciado à morte por grupos islâmicos radicais. Desde então, permaneceu praticamente em reclusão domiciliária, com saídas esporádicas e controladas pela polícia. Em 1988, a Academia Sueca galardoou-o com o Prémio Nobel da Literatura, por "ter elaborado uma arte novelística árabe com validade universal". Conta ainda, entre outros, com o Prémio da Academia da Língua Árabe e o Prémio Egípcio da Literatura. Candidato ao Prémio Príncipe das Astúrias em 2000, deu o seu nome a um Prémio de Tradução promovido pelo Instituto Cervantes. Há três anos, foi hospitalizado depois de sofrer uma repentina crise cardíaca. A sua saúde começou a deteriorar-se em 1994, após o esfaqueamento, que lhe causou graves danos na visão e audição, bem como uma paralisia do braço direito. Desde o passado 18 de Julho, encontrava-se internado no Hospital da Polícia de Al Aguza, no Cairo.Lusa.
Joe Rosenthal nasceu em 9 de Outubro de 1911 em Washington. Durante a Grande Depressão mudou-se para São Francisco, onde começou a trabalhar no Newspaper Entrepise Association. Depois de concluir o curso universitário foi trabalhar para o San Francisco News onde trabalhou como redactor e fotógrafo. Na altura da célebre fotografia ("Raising the Flag on Iwo Jima"), Joe Rosenthal trabalhava para a Associated Press. Depois da Segunda Guerra Mundial mudou-se para o San Francisco Chronicle, onde trabalharia 35 anos até se reformar. Ontem o San Francisco Chronicle, anunciou que, Joe Rosenthal, morreu. Tinha 94 anos e morreu enquanto dormia no domingo, num um asilo para idosos em Novato, Califórnia. Joe Rosenthal ficou mundialmente conhecido pela fotografia dos marines americanos a colocarem a bandeira americana em Iwo Jima (Japão). Rosenthal, ganhou o Prémio Pulitzer com a lendária foto, tirada no dia 23 de Fevereiro de 1945, quando trabalhava como correspondente de guerra da Associated Press. A fotografia a preto e branco, mostra seis soldados esforçando-se para içar um mastro com a bandeira americana no Monte Suribachi, durante a batalha pela estratégica ilha de Iwo Jima, na qual morreram quase 20 mil japoneses e mais de seis mil norte-americanos. Rosenthal, teve que lutar durante toda a vida contra aqueles que diziam que a fotografia tinha sido foi forjada. Joe Rosenthal sempre afirmou que o momento foi espontâneo. No entanto, numa uma entrevista de 1995, explicou que aquela fora a segunda vez que os marines erguiam a bandeira no monte porque os comandantes das forças americanas quiseram colocar uma bandeira maior que a içada originalmente.
O músico João Gil lançou uma petição no seu blog (http://joaogil.blogspot.com/) a pedir a aprovação de uma lei que proíba a transação comercial de terrenos vitimas de incêndios num prazo nunca inferior a trinta anos. Diz João Gil, "Acreditando ser esta uma das soluções para o fim do flagelo, vimos por este meio pedir ao Sr. Primeiro-Ministro e ao Sr. Presidente da República a proibição imediata da comercialização dos terrenos ardidos, por um período nunca inferior a trinta anos". Por estar completamente de acordo com esta iniciativa já a assinei. Se quiserem assinar a petição, vão aqui: Fim para os incêndios.
(15 de Março 1948 – 19 de Agosto 2003) Passam hoje três anos sobre o brutal atentado que vitimou Sérgio Vieira de Mello. À frente de importantes missões humanitárias da ONU no Líbano, no Ruanda, em Timor Leste, no Kosovo e no Iraque, Sérgio Vieira de Mello era uma das mais respeitadas figuras da diplomacia internacional. A sua actividade profissional, até a sua trágica morte em 19 de Agosto de 2003, esteve dedicada à reconstrução de comunidades que sofreram as nefastas consequências de guerras e de violências extremas. O carácter humanista de sua formação, associado ao seu talento para a negociação e a defesa da democracia mesmo em situações adversas, foram factores chave do sucesso de muitas de suas iniciativas. Sérgio Vieira de Mello nasceu no Rio de Janeiro em 15 de Março de 1948. Com menos de um mês de vida mudou-se para Buenos Aires, onde o pai era diplomata.Formou-se na Universidade de Paris em 1969, e nesse mesmo ano entrou para o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em Genebra, Suíça.Na década de 70, simultaneamente com os estudos em Paris, trabalhou em missões da ONU em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Peru. Em 1974, Vieira de Mello completou o seu doutoramento em Filosofia em Paris e, na década seguinte, terminou o doutoramento em Ciências Humanas na Universidade de Sorbonne, também na capital francesa. No início dos anos 80, foi conselheiro político das Nações Unidas no Líbano, durante a ocupação israelita. Nos anos 90, Vieira de Mello actuou na repatriação de refugiados do Camboja e foi representante das Nações Unidas na Bósnia-Herzegovina. Teve também uma importante participação como administrador do governo de transição do Timor Leste, até que fossem feitas as primeiras eleições no recém-criado país. Em 12 de Setembro de 2002, foi nomeado Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU e, em Junho de 2003, tornou-se representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, para o Iraque. Perdeu tragicamente a vida, num ataque terrorista no dia 19 de Agosto de 2003. O seu exemplar desempenho, em defesa dos direitos e dos valores humanos, inspira a perpetuação da sua memória.
“As sociedades não se mudam pela força das armas, é esse o grande erro que, de geração em geração, se continua a cometer. Não é a força militar que deve constituir a panaceia para resolver todos os problemas, porque a violência para resolver os conflitos é contrária á dignidade humana. A discussão e o diálogo são os meios que abrem a via pacífica para terminar com a violência. Como parte da sociedade temos o direito de nos salvarmos por nós mesmos sem que as armas falem por nós. Já sei que isto é quase uma utopia mas não de todo inalcançável. “ Citação do Livro "Um mundo sem medo", de Baltazar Gárzon – Juiz Espanhol. Sempre procurei manter alguma objectividade relativamente aos problemas quando se estão a discutir assuntos relacionados com Israel. Por um lado penso que os israelitas agem indiscriminadamente e com violência gratuita protegidos por uma espécie de complexo de culpa do ocidente, que os faz desculpabilizar alguns actos, face ao holocausto, por outro lado, os países fronteiriços para fazerem ouvir as suas pretensões, recorrem a métodos igualmente bárbaros. Não há, por isso, ninguém inocente. Ás vezes revela-se impossível manter a sanidade perante tantas mortes inocentes. Se a guerra já é, em si mesmo, uma perversão da alma humana, a perversão última é a aparente indiferença perante o facto de que, por incrível que pareça, os danos colaterais terem passado a ser os soldados mortos, a julgar pelos números dos ataques. Faço parte do grupo de pessoas que deseja efectivamente a paz e a sã convivência entre os povos. Só que estes ataques estão a condicionar tudo. As nossas fileiras estão a perder adeptos e, claramente, não estão a ajudar as facções moderadas a prevalecerem. Muito pelo contrário. Temo que a escalada de violência arraste outros países para o conflito e que piore a situação. Pode estar iminente algo com dimensões mundiais com consequências a um nível nunca antes visto. Já não bastavam as condições de vida inerentes á localização geográfica, a falta de recursos que permitam a melhoria da qualidade de vida, ainda tem que se suportar uma situação da responsabilidade dos Homens, sem solução á vista. Assim, com o passar do tempo o problema agrava-se quando se percebe que se alguém cede na sua posição moderada ao extremismo, normalmente torna-se mais extremista que os que já o eram, pois é como se tivesse de provar aos que agora o rodeiam, e em cada momento da sua vida, a sua nova postura. Por outro lado, matar os cabecilhas nada resolve. Seguindo o mesmo raciocínio, quem os substitui, vê-se na contingência de ser mais violento, para provar ser merecedor do lugar que ocupa. Como em qualquer empresa, a sua competência é avaliada na medida em que consegue superar o seu antecessor e, como o negócio é a violência, só recorrendo a formas mais requintadas, pode almejar a consegui-lo. Seguindo esta lógica e se nada se alterar, o contínuo extremar de posições, perpetuará a situação até que, no limite, as partes se exterminem. As reacções à violência são compreensíveis. E o amor tem destas coisas. Quando nos privam do que amamos, o discernimento não é algo que prevaleça, principalmente quando o sofrimento se impõe de forma tão violenta. Quase não há ninguém que possa de alguma forma ajudar a suportar a dor, pois toda a gente está a sofrer de forma intensa pelos mesmos motivos. A morte torna-se uma banalidade. Não se conseguem desligar as imagens e a sensação de impotência perante os acontecimentos. Não é fácil assimilar o sofrimento e o sentimento de culpa, resultante da incapacidade em proteger os seres amados. Isto é algo que transporta em si um sentimento de tal forma avassalador que viver se torna uma agonia. Para atenuar as coisas desviam-se as frustrações para terceiros. Não existem perspectivas para as coisas se alterarem e, por isso, nunca há um desfecho para que a vida possa continuar, ainda que isto seja um lugar comum. Surgem continuamente casos semelhantes e todos revivem o seu problema como se da primeira hora se tratasse. É difícil compreender o desespero de quem convive diariamente com tal nível de violência. De dia qualquer som que se pareça com uma arma, provoca sobressaltos de verdadeiro terror. É como se se caminhasse em permanência com uma arma apontada á cabeça e nunca se soubesse quando ia disparar, embora se sentisse que era uma questão de tempo. A incerteza conjugada com a inevitabilidade. A morte em lugar incerto. À noite, os pesadelos, os suores frios e o silêncio ensurdecedor em que qualquer som soa a ameaça. Ninguém dorme. Na escuridão, que potencia todos os medos quando todas as formas são indefinidas, este clima de morte latente torna-se insuportável. As crianças acordam de pesadelos em choros sufocantes e perguntam porquê. Não há resposta. Embora saiba que algures em Israel ou em qualquer lugar do mundo, qualquer criança que pergunte a qualquer pai, obterá como resposta um longo silêncio ou uma referência vaga á maldade dos homens, ou então uma explicação fundamentada numa visão do mundo toldada por um qualquer sentimento de vingança de quem já não reage á violência sobre os inocentes. É destas convulsões que se geram as tendências para os mártires. Estou convencido que todos ganhariam mais se os de convicções fortes ajudassem a implementar uma nova ordem local, mais humanitária. Ainda que se aprenda a conviver com a diferença e cesse a violência, os ressentimentos e a desconfiança vão fazer sentir os seus efeitos por muitos anos. Será uma tarefa árdua, mas valerá a pena acabar com as fotografias das mortes que se vão sucedendo a um ritmo desconcertante. Parece que é, nesta fase, muito mais fácil partir para a guerra e esquecer que os outros também têm sentimentos. É um profundamente narcisista pensar que se possui a exclusividade da dor. Por isso mesmo, as questões sociológicas deveriam merecer maior atenção e servir de base ao aparecimento de um espírito comunitário na região. Se pensarmos que os israelitas têm um nível de vida incomparavelmente superior ao da esmagadora maioria dos países muçulmanos e, se o objectivo dos governos é trabalhar em prol do desenvolvimento económico e social em benefício das populações, então as parcerias são a melhor maneira de o fazer. A região é pobre. Os israelitas fizeram de um enorme pedaço de areia um país evoluído. Aliaram-se ao Conhecimento e conseguiram um feito notável. Não interessa a dimensão das críticas, esta é a grande verdade que é necessário sublinhar. Criar sinergias que permitam ás pessoas ter condições de vida que garantam uma existência digna, desde o saneamento básico, educação, saúde e segurança é a única solução para esta situação, que pode e deve ser feita em conjunto. Filipe Pinto.