Muita tinta já correu por causa do programa da RTP “Os Grandes Portugueses”. Essencialmente, essa tinta foi gasta, pela não inclusão da biografia de António Oliveira Salazar, no site do concurso.
Ora, quer se não goste, quer se odeie, Salazar foi uma figura incontornável do século vinte português. A democracia não pode ter medo do fantasma do “Senhor Doutor”, porque exceptuando os taxistas, ninguém precisa de um “novo Salazar”.
Segundo o site da RTP, o programa de entretenimento “Os Grandes Portugueses”, é um programa que “de forma bem disposta, combina o Documentário com o Grande Espectáculo” e pretende “motivar os portugueses a nomear a sua figura histórica preferida”.
Sem pretender ferir susceptibilidades, colocar: Herman José, Mariza, Mário Viegas, João César Monteiro, Raul Solnado, Ruy de Carvalho, Catarina Eufémia, Jesus Correia, Eduardo Souto Moura, Joaquim de Almeida, Luís Miguel Cintra, Maria Medeiros, Livramento, António Guterres, Durão Barroso, Luís Figo, José Mourinho, entre muitos outros, como “figuras históricas” com possibilidades de serem eleitos o melhor português, é no mínimo, enxovalhar as verdadeiras figuras na nossa História.
Muitas destas pretensas figuras históricas, não merecerão uma pequena nota de rodapé, quando passarem pelo crivo da História.
Somos um país de muitos e grandes vultos, não precisamos de pretensas”figuras históricas” para confundir ainda mais, o já débil conhecimento da nossa história, por parte da esmagadora maioria dos portugueses.
Mais de oitocentos e cinquenta anos de História, fornecem uma panóplia de nomes para escolher: pela pena, pelo pensamento, pela bravura, pela liderança, pela espada, pela compaixão, pelo génio, ou por outra qualquer via, há muitos portugueses que conquistaram por mérito próprio e com toda a justiça, um lugar no sub inconsciente nacional.
Na realidade, a dificuldade estará em escolher o “melhor entre os melhores” se, se quiser encarar o voto com a dignidade que esta iniciativa merece. Por isso, há que definir critérios, para dignificar esta iniciativa.
O meu critério de votação passa pela escolha da personalidade cuja a acção ou obra, resultou numa projecção de Portugal, de forma ímpar, na História Universal.
Aplicando este critério, as personalidades que mais se salientam, na minha opinião, são três:
1º- D. Afonso Henriques, cuja estratégia, valentia, coragem e liderança, levaram à fundação de Portugal;
2º- João II, pela superior liderança do País durante o seu reinado e pela repercussão que teve as suas decisões para Portugal, principalmente a assinatura do Tratado de Tordesilhas.
3º-Fernão de Magalhães.
A minha escolha recai sobre: FERNÃO DE MAGALHÃES.
E recaiu sobre Fernão de Magalhães, porque a sua viagem mudou irremediavelmente o curso da História e a forma como vemos o Mundo. Esta viagem alterou para sempre as ideias que o mundo ocidental tinha sobre cosmologia e geografia. Demonstrou entre outras coisas, que a terra era redonda, que as Américas não faziam parte da Índia, que os oceanos cobriam a maior parte do Planeta. Fernão de Magalhães acrescentou ao planisfério o Oceano Pacífico, baptizado por ele. A viagem de circum-navegação do planeta é viagem marítima mais importante jamais empreendida, e ainda hoje, “têm uma poderosa ressonância”.
Embora não tenha dado o nome a nenhum continente ou país, o nome de Magalhães foi atribuído a um grupo de ilhas a nordeste das Marianas, o arquipélago de Magalhães, ao estreito de ligação entre o Atlântico e o Pacífico, a sul do continente americano, o estreito de Magalhães, a uma região do Chile meridional, a ocidente da cordilheira dos Andes, o território de Magalhães. Ainda em sua homenagem, o seu nome encontra-se ligado às duas nebulosas mais próximas da nossa galáxia, baptizadas pelo astrónomo Hevelius, as nuvens de Magalhães.
Hoje li na revista SÁBADO, uma "entrada" que desconhecia e que vou partilhar convosco, porque tem a ver com a ilustre personalidade retratada no post:
"Não é por acaso que os astronautas rezam a Fernão de Magalhães cada vez que se preparam para uma viagem ao Espaço. Fazem-no porque o navegador português é o protector dos descobridores".
(Revista SÁBADO, Nº131, 1 a 8 de Novembro de 2006).
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