As autoridades chinesas expressaram hoje “profundo descontentamento” sobre o apelo lançado na véspera pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que instou à publicação dos nomes de todas as pessoas mortas, desaparecidas ou detidas na repressão das manifestações pró-democracia de 1989, na Praça de Tiananmen, há exactamente 20 anos.
“Este acto dos Estados Unidos ignora os factos e comporta acusações sem fundamento contra o Governo chinês”, avançou ainda o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, considerando ainda que as declarações da chefe da diplomacia norte-americana constituem uma “interferência chocante nos assuntos internos da China”.
Num comunicado emitido ontem, Clinton urgira o regime de Pequim a fornecer um balanço sobre a repressão de há duas décadas e a “examinar abertamente as páginas sombrias do seu passado”. Era feito apelo à libertação de todos quantos se encontram ainda presos em ligação às manifestações de Tiananmen, ao fim da perseguição daqueles que nelas participaram e ainda à abertura de um diálogo com as famílias das vítimas.
Centenas, se não mesmo milhares, de manifestantes, estudantes e cidadãos solidários com os protestos foram mortos na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, depois de os carros blindados terem invadido as ruas de Pequim com o propósito de pôr termo a uma vaga de manifestações pacíficas na capital – que se arrastavam há sete semanas – e que as autoridades chinesas qualificaram como uma “rebelião contra-revolucionária”.
O regime chinês nunca divulgou qualquer balanço oficial sobre o número de mortos no esmagamento dos protestos de Tiananmen, posição uma vez mais reiterada hoje, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a recusar responder a quaisquer perguntas relacionadas com este facto. “Em relação ao incidente político que teve lugar no final dos de 1980, o partido e o Governo já anunciaram as suas conclusões”, afirmou Qin Gang em conferência de imprensa aludindo à terminologia oficial sobre Tiananmen.(Público)
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