sexta-feira, dezembro 28, 2007

Pinto da Costa


Odiado pela esmagadora maioria dos benfiquistas e dos sportinguistas, é o líder incontestado e idolatrado dos sócios e simpatizantes do FC Porto: Jorge Nuno Pinto da Costa, o "Presidente", o "Grande Líder" ou o "Papa", como é apelidado. Provocador, zombeteiro, frontal, corrupto, génio, sarcástico, malabarista, cáustico, arguto, perspicaz, reservado, intriguista, repentista, irónico, brilhante, os adjectivos para caracterizar Pinto da Costa, esgotaram-se desde de há muito tempo. Já foi acusado de tudo e já acusou toda a gente de tudo. Já foi gozado e já foi elogiado na televisão, tanto pelos adeptos portistas como pelos rivais. Já inspirou caricaturas de todos os tipos, mas também tem fama de caricaturar todas as pessoas com quem se cruza. Mas acima de tudo, tirou um clube pequeno do anonimato, e levou-o à alta-roda do futebol mundial. Quase 26 anos depois de ser eleito presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa acumula títulos, paixões e ódios, como ninguém antes dele. Com Pinto da Costa, o FC Porto ganhou todas as competições em que entrou, pelo menos uma vez, excepto a Taça das Taças e ganhou muito: 1 vez a Taça dos Campeões Europeus e uma outra vez a Liga dos Campeões. Uma Supertaça europeia e uma Taça UEFA. Duas vezes a Taça Intercontinental. A nível nacional, em 25 anos ganhou, por 15 vezes o Campeonato Nacional, 9 taças de Portugal e 14 Supertaças Cândido de Oliveira. Nos anos de presidência de Pinto da Costa, o FC Porto ganhou, ainda, centenas de títulos em outras modalidades mas a lista é demasiado extensa para caber neste artigo.
Os títulos falam por si, mas em verdade se diga, Pinto da Costa, é o melhor presidente de sempre num clube de futebol, em Portugal. Faz hoje setenta anos, desejo-lhe muitos anos de vida, se possível longe do dirigismo desportivo e do “seu” FC Porto.
Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa nasceu na cidade do Porto a 28 de Dezembro de 1937, no seio de uma tradicional família da burguesia nortenha. Filho de José Alexandrino Teixeira da Costa e Maria Elisa Bessa Lima de Amorim Pinto, tem mais quatro irmãos. Marcado por uma severa educação matriarcal, o menino Jorge Nuno fez a escola primária no colégio Almeida Garrett, tendo simultaneamente aulas particulares de Inglês e Francês. Aos 10 anos vai estudar para o Colégio Jesuíta das Caldinhas, em Santo Tirso.
É por influência do tio Armando Pinto, entusiasta de futebol que fora presidente do Famalicão, que Jorge Nuno Pinto da Costa começa a interessar-se por futebol. Tinha 14 anos quando, no dia 28 de Maio de 1952, pela mão do tio, assistiu à pomposa cerimónia de inauguração do Estádio das Antas.
Desde então não mais se desligou do clube, nem mesmo quando se encontrava longe do Porto, procurando sempre que possível ouvir o relato das partidas. Quando completa 16 anos, em Dezembro de 1953, a avó materna inscreve-o como sócio do FC Porto.
Após terminar os estudos secundários, Pinto da Costa começou a trabalhar como bancário, no Banco Português do Atlântico. Com cerca de 20 anos, é convidado pelo responsável pela secção de hóquei em patins para ocupar o lugar de vogal, e aceita. Em 1962 passaria a chefe de secção, cargo que viria a acumular com o de chefe da secção de hóquei em campo. Em 1967 passa a ser também chefe da secção de boxe, onde conhece Reinaldo Teles, na altura atleta da modalidade.
Entretanto abandona o Banco onde trabalhava e nos anos seguintes passou por várias empresas, como vendedor, chefe de vendas e empresário, e pelo ramo imobiliário.
Em 1969, é convidado por Afonso Pinto de Magalhães a integrar a sua lista para as eleições desse ano como director das modalidades amadoras. Assim, Pinto da Costa assume pela primeira vez um cargo eleito no FC Porto, de 1969 a 1971. No final desse período, apesar de ter sido convidado por Américo de Sá a candidatar-se com ele, recusou o convite por considerar que o novo candidato deveria apresentar-se às urnas com uma lista totalmente renovada.
Em Maio de 1976, é eleito dirigente na lista de Américo de Sá, tornando-se chefe do departamento de futebol. Pinto da Costa iniciou a sua carreira como director desportivo de forma polémica, trazendo para o FCP o treinador José Maria Pedroto, que fora afastado do clube e proibido de entrar nas suas instalações. Assumiu, desde o início, a postura que o tornou célebre, com as declarações polémicas que ainda hoje mantém. Alterou a organização do clube e a forma de relacionamento com os jogadores.
É com Américo de Sá como presidente, Pinto da Costa como director do futebol e Pedroto como treinador que o FC Porto consegue, ser campeão nacional na época de 1977-78, quebrando um jejum de 19 anos sem vencer um campeonato nacional. Na época seguinte, o FC Porto tornar-se-ia bi-campeão de Portugal. Apesar disso, Pinto da Costa e Pedroto acabam por abandonar o FC Porto em 1980, no chamado "Verão quente" portista.

Em Dezembro de 1981 as coisas corriam mal ao FC Porto, parecia estar de volta o tempo antes de Pinto da Costa ter sido chefe do departamento do futebol e é então que um grupo de sócios se une com o objectivo de convencer Pinto da Costa a candidatar-se à presidência do clube. Relutante em assumir a liderança, o antigo chefe do departamento de futebol na série de dois títulos consecutivos, aceita finalmente ser candidato. Com o slogan, “se quer um FC Porto forte em Portugal e na Europa vota na Lista B – Jorge Nuno Pinto da Costa” e com uma agressiva campanha eleitoral com sessões de esclarecimento de sala cheia na cidade do Porto e nos arredores, que levou o outro concorrente, Afonso Pinto de Magalhães, a desistir a poucos dias das eleições, Jorge Nuno Pinto da Costa vence as eleições de 17 de Abril de 1982, tornando-se o 33º presidente do FC Porto.
A 23 de Abril de 1982, as ruas do Porto enchem-se para festejar a tomada de posse do novo presidente do Futebol Clube do Porto. Do FC Porto de então dizia-se que sofria do «complexo da Ponte da Arrábida», que começava a perder logo que atravessava a ponte. No discurso de tomada de posse, Pinto da Costa deu o mote, para a sua longa presidência: «Lisboa não pode continuar a colonizar o resto do País. O desejo deles é que o FC Porto desça de divisão». A talvez sua frase mais famosa, traduz claramente a profunda rivalidade, quase insana, entre por um lado Benfica e Sporting, e do outro lado, o FC Porto.
No prosseguimento da sua “descolonização”, para que não fosse apenas Lisboa a ter o prestígio desportivo, Pinto da Costa trava em 1983, uma batalha para que a final da Taça de Portugal fosse, nesse ano, no Estádio das Antas. “Ou a final é no Estadia das Antas ou não há Final”. Foi e o Benfica ganhou a final à equipa da casa, por 1-0, com uma "bomba" de Carlos Manuel.
Aquando da sua eleição, Pinto da Costa prometera uma final europeia: cumpriu a promessa em Basileia a 16 de Maio de 1984. No entanto, o FC Porto, perderia essa final das Taças das Taças, para a Juventus. Devido à doença de Pedroto, que já não tinha orientado a equipa nos últimos meses da época 1983/84, incluindo a final da Taça das Taças, Pinto da Costa vê-se na obrigação de contratar outro treinador. Desta vez, contrata Artur Jorge, que conquistaria os primeiros campeonatos do reinado Pinto da Costa em 1985 e 1986 e partiria à conquista da Europa.
Em 1987, Pinto da Costa assistiu finalmente à primeira vitória do seu clube na Taça dos Campeões Europeus. Em 27 de Maio de 1987, no estádio Prater de Viena, o FC Porto vence Taça dos Campeões Europeus em futebol, batendo na final o poderoso Bayern Munique por 2-1. A 13 de Dezembro desse mesmo ano, em Tóquio, o FC Porto, ganha a Taça Intercontinental, ao derrotar o campeão Sul-americano, o Peñarol por 2-1. Um mês depois, a 13 de Janeiro de 1988 o FC Porto conquista a Supertaça Europeia vencendo no Estádio das Antas, o Ajax por 1-0, depois de já ter vencido na primeira-mão, em Amesterdão, por 1-0.
“ Pinto da Costa foi a pessoa que conseguiu acabar com aquele medo de passar a ponte para Sul, ele viu longe e não se limitou a querer ser campeão de Portugal, mas a ser um clube europeu e mundial e conseguiu-o”.
A 9 de Março de 1994 o então Ministro das Finanças, Eduardo Catroga, com o argumento que FC Porto tinha dívidas à Segurança Social e ao Fisco, manda penhorar diversos bens, entre os quais, a retrete da cabine do árbitro do Estádio das Antas. A 25 de Março, no decorrer de uma Assembleia-geral do FC Porto, Pinto da Costa, disparou “Acabem-se as eleições com partidos e votemos em chefes de finanças”. O resultado desta aventura de Eduardo Catroga, nunca chegou a ser conhecido pelo grande público.
A 22 de Maio 1999, O FC Porto, conquista o penta-campeonato, sob orientação de Fernando Santos, que concluiu o trabalho iniciado por Bobby Robson, 94/95 e 95/96, e António Oliveira, 96/97 e 97/98. Na sucessão de títulos, O FC Porto conseguiu com Pinto da Costa à frente dos destinos do clube, dois feitos inéditos no clube: o “tri” e o “penta”. Os cinco títulos consecutivos são uma façanha exclusiva do FC Porto, na história da Primeira Divisão do futebol português.
Como presidente, confirmou a sua perspicácia para nomear treinadores, ao chamar em Janeiro de 2001, José Mourinho, um treinador sem currículo nenhum, para treinar a equipa do FC Porto. Com Mourinho à frente da equipa, Pinto da Costa teria mais algumas alegrias: Em 21 de Maio de 2003, o FC Porto conquista a Taça UEFA, em Sevilha, batendo o Celtic de Glasgow no prolongamento por 3-2. No ano seguinte, a 26 de Maio de 2004, o FC Porto conquista a Liga dos Campeões batendo na final, em Gelsenkirchen, o Mónaco por 3-0. Os resultados ficaram na história. Os elogios ao treinador também ficaram registados. “Mourinho é o grande obreiro desta equipa”, disse Pinto da Costa em declarações à TSF.
No dia em que comemorou 21 anos à frente do FC Porto, Pinto da Costa realizou o sonho de uma vida: ser recebido pelo Papa. A 23 de Abril de 2003, João Paulo II, no discurso feito no Vaticano, falou em português e referiu-se especificamente ao FCPorto.
"Foi um momento inesquecível. Senti um grande orgulho e felicidade quando tive oportunidade de lhe beijar o anel. Foi um grande orgulho ouvi-lo falar em português e referir-se ao nosso clube", disse, na altura, Pinto da Costa.
A 12 Dezembro de 2004, já com o espanhol Victor Fernandez como treinador, o F.C. Porto vence a Taça Intercontinental, batendo os colombianos do Once Caldas na marcação de grandes penalidades, depois de um empate a zero.
Entretanto, tinha sido inaugurado, em 5 de Agosto 2002, o Centro de Treinos do Olival, um projecto financiado pela Fundação Porto/Gaia, que inclui o F.C. Porto e a Câmara Municipal de Gaia e a 16 de Novembro de 2003, o novo e moderno recinto desportivo do clube: O Estádio do Dragão.
A 20 de Abril de 2004, a Polícia Judiciária, através da Directoria do Porto, desencadeou, uma vasta acção policial, destinadas a verificar a existência de comportamentos ilícitos, susceptíveis de alterarem a verdade e lealdade na competição desportiva e os seus resultados. A esta operação foi dada o nome de “Apito Dourado”.
No decurso da complexa operação, a Polícia Judiciária procedeu à detenção de 16 pessoas, dirigentes desportivos e árbitros, incluindo o presidente da Liga de clubes e da Câmara Municipal de Gondomar, Valentim Loureiro, o líder da arbitragem da FPF, Pinto de Sousa, e o presidente do Gondomar SC e vice-presidente da Câmara de Gondomar, José Luís Oliveira.
A 2 de Dezembro de 2004, a Polícia Judiciária desloca-se a casa de Pinto da Costa, com mandados de busca e detenção, mas não encontra o Presidente do FC Porto. O árbitro Jacinto Paixão é detido no âmbito da investigação de um alegado esquema com prostitutas após o jogo FC Porto – E. Amadora, bem como Augusto Duarte, José Chilrito e Manuel Quadrado e o empresário António Araújo. No dia seguinte, Pinto da Costa comparece no Tribunal de Gondomar. Os interrogatórios são adiados quatro dias e a 7 de Dezembro o presidente portista é interrogado, saindo em liberdade mediante uma caução de 200 mil euros. Em 31 de Janeiro de 2006, o Ministério Público acusa 27 arguidos no processo de Gondomar, incluindo Valentim Loureiro, José Oliveira e Pinto de Sousa, extraindo 81 certidões que são remetidas a diversas comarcas.
A 1 de Dezembro de 2006, é publicado o livro "Eu, Carolina", da autoria da ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, que volta a trazer para as primeiras páginas dos jornais o processo «Apito Dourado», ao revelar várias acusações.
Logo de seguida, a 14 de Dezembro, o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, nomeia Maria José Morgado como coordenadora do caso «Apito Dourado», com poderes para reabrir processos. A 16 de Janeiro de 2007, Maria José Morgado assina despacho onde reabre oficialmente os processos conexos ao de Gondomar, justificando a decisão com as declarações de Carolina Salgado.
A 22 de Junho de 2007, Pinto da Costa é acusado de corrupção desportiva activa, no Nacional -Benfica da época 2003/04, depois de ter sido constituído arguido nos casos dos jogos FC Porto - E. Amadora e Beira Mar-FC Porto.
Em 2005 publicou a sua autobiografia, “Largos Dias Têm Cem Anos”, com prefácio de Lennart Johansson, presidente da UEFA entre 1990 e 2007, onde este afirma que “O mapa do futebol português foi virado de pernas para o ar. O domínio dos clubes lisboetas foi apagado”.
Disse um dia Francisco Lucas Pires, um grande benfiquista, que o único dirigente desportivo com direito a biografia seria Jorge Nuno Pinto da Costa. Apesar de não ser a biografia oficial, já tem desde de Maio de 2007, “PINTO DA COSTA - Luzes e Sombras de um Dragão”, escrita a quatro mãos, por Felícia Cabrita e Ana Sofia Fonseca.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Benazir Bhutto


Ex-primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, morreu hoje na sequência dos ferimentos que sofreu num atentado suicida na cidade de Rawalpindi. A líder da oposição paquistanesa foi ainda hospitalizada em estado grave mas acabou por não resistir aos ferimentos. O ataque suicida ocorreu num encontro político de apoio a Benazir Buttho e fez pelo menos 20 mortos.
De acordo com a estação de televisão britânica Sky News, Benazir Bhutto foi baleada no peito e no pescoço já depois da explosão, no momento em que fugia do local do atentado e se dirigia para a sua viatura.
O porta-voz do Ministério do Interior paquistanês, Javed Cheema, confirmou a morte de Benazir Bhutto e tinha anteriormente dado a indicação de que a explosão registada no comício de apoio à ex-primeira-ministra tinha sido provocada por bombista suicida.
O ataque acontece a duas semanas da realização das eleições legislativas e teve como alvo a ex-primeira-ministra paquistanesa e candidata ao escrutínio.
Benazir Bhutto era considerada uma das principais líderes da oposição ao Presidente Pervez Musharraf. Há apenas dois meses e precisamente quando regressou ao seu país após quase nove anos de exílio, a comitiva onde seguia sofreu um violento atentado que causou mais de uma centena de mortos.
Nascida em 21 de Junho de 1953 na província de Sindh, no seio de uma família abastada, Benazir é educada em Harvard e em Oxford, no Reino Unido, onde estudou Ciências Políticas e Filosofia. Inicialmente relutante em iniciar-se na política, ganha credibilidade com o apelido Bhutto. A família Bhutto é uma das dinastias políticas mais conhecidas do Mundo, tal quanto a Nehru-Gandhi, na Índia.
Em 1973, o país é convertido em República Federal e Zulfikar Alí Bhutto, pai de Benazir, é nomeado primeiro-ministro – o primeiro do país. É um dos poucos líderes que, desde a independência em 1947, gere os destinos da nação sem o cunho do poder militar. É, porém, destituído quatro anos depois pelo general Mohammad Zía ul-Haq, que islamiza o país e impõe fortes medias repressoras.
Em 1979, Zulfikar Alí Bhutto é executado. Toda a família é detida. Benazir passa os cinco anos seguintes numa cela solitária, no deserto. A mais velha de quatro irmãos, Benazir reunira em si as expectativas paternas de seguir uma carreira política. Ainda detida, em 1984 e uma infecção no ouvido vale-lhe a autorização para deslocar-se a Londres. Aí se exila e inicia a luta anti-general Zía até 86, quando regressa ao Paquistão. O país recebe-a de “braços abertos”, aclamando-a e tornando-a no símbolo da luta “anti-Zía”.
Zía Ul-Haq morre em 1988, na explosão do avião em que seguia, permitindo ao Paquistão o regresso à democracia. É então que entra em cena Benazir, já líder do Partido do Povo do Paquistão (PPP), fundado pelo pai: nomeada primeira-ministra, é a primeira mulher da História a tornar-se governante de uma nação islâmica. Casada com Asif Ali Zardari – homem de família humilde escolhido pela mãe de Benazir para seu noivo – é acusada de abuso de poder e de corrupção.
Em 1990 é destituída, seguindo-lhe Nawaz Sharif no cargo. As mesmas acusações destituem-no, porém, em 1993. Benazir regressa ao poder, agora sob acusações de arrogância e de despotismo. Acumula os cargos de primeira-ministra e ministra das Finanças. Em 1996 volta a ser destituída por alegações de corrupção e em 1999 é condenada a cinco anos de prisão.Desde então, Benazir viveu fora do país, exilada no Dubai, sempre com a sombra das acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. Sharif volta ao poder com a vitória eleitoral da Liga Muçulmana do Paquistão. É destituído com um golpe de Estado pelo chefe do Exército, o general Pervez Musharraf, que se auto - proclama Presidente em 2001. No ano seguinte, um referendo – qualificado de farsa pela oposição – legitima-o no cargo.
Exilada, Benazir visitou regularmente as capitais ocidentais, para encontros com governantes e conferências em universidades. A 18 de Outubro, chega a Carachi com promessas de devolver ao país a democracia, apostada num acordo de partilha de poder com o Presidente. Muitos falaram, porém, numa trama para ganhar imunidade nos tribunais, em troca de apoio político a Musharraf. (SIC ON-LINE).

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Vladimir Putin


O presidente russo, Vladimir Putin, foi designado personalidade do ano 2007 pela "Time". Putin "impôs a estabilidade a um país que raramente a conheceu e conduziu a Rússia à mesa dos poderosos deste mundo", explicou a revista para justificar a escolha. Num artigo com o título "escolher a ordem antes da liberdade", a revista lembra que "ser a personalidade do ano da “Time” não é, nem nunca foi uma honra". "Não é um apoio, não é um concurso de popularidade", sublinhou a revista que pretende, com estas escolhas, designar as pessoas que desempenharam um papel preponderante na cena internacional.
"Putin não é um escuteiro. Não é um democrata, de acordo com os critérios do Ocidente. Não é um modelo da liberdade de expressão", acrescentou. Este reconhecimento é atribuído ao chefe de Estado russo por ter remodelado um país que tinha "desaparecido do nosso mapa mental", sublinhou um dos chefes de redacção Richard Stengel.
"Com o sacrifício de princípios e valores que uma nação livre estima, Putin realizou, enquanto dirigente, uma proeza extraordinária, impôs a estabilidade a uma nação que raramente a conheceu e conduziu a Rússia à mesa dos poderosos deste mundo", acrescentou Stengel. "Por estas razões, Vladimir Putin é o homem do ano 2007 da “Time", concluiu.
Putin foi escolhido em detrimento do Nobel da Paz Al Gore, considerado pelo cantor Bono a consciência ambiental da América; da autora das aventuras de Harry Potter J.K.Rowling; do Presidente da China Hu Jintao, que conjuga a sabedoria ancestral e a doutrina comunista, e do comandante das forças norte-americanas no Iraque, o general David Petraeus.
A "Time" recorre habitualmente à provocação quando escolhe a "pessoa do ano". Entre os anteriores "eleitos" contam-se Adolf Hitler, Joseph Estaline, ou o presidente norte-americano George W. Bush em 2004, um ano depois da invasão do Iraque. O antigo dirigente iraniano, o ayatollah Khomeini, foi escolhido em 1979, ano do fim do regime do Xá da Pérsia.(LUSA).
Vladimir Vladimirovich Putin, nasceu a 7 de Outubro de 1952, em Leninegrado (mais tarde S. Petersburgo), na Rússia.
Filho único, Putin cresceu junto da mãe e do pai, trabalhador fabril e veterano da Segunda Guerra Mundial, num apartamento comunal que dividia com diversas famílias. Em criança estudou artes marciais, e aos 16 anos era já especialista em sambo, uma combinação Russa de judo e luta livre.
Por volta desta idade, Putin foi escolhido para estudar na Escola de Leninegrado Nº 281, um colégio – preparatório para os melhores estudantes da cidade. Em 1970, entrou para a prestigiada Universidade do Estado de Leninegrado, onde se formou em lei civil, continuando a aperfeiçoar as suas técnicas de artes marciais. Foi campeão de Leninegrado em Judo em 1974, e um ano mais tarde terminou o curso universitário com distinção. Após terminado o curso, Putin foi recrutado pelo KGB, o serviço de segurança da União Soviética, liderado então por Yuri Andropov, um fanático da disciplina e mais tarde, durante um breve período, líder da União Soviética em 1983. Após os estudos de espionagem e política externa em Moscovo, onde aprendeu Alemão e recebeu o cinturão negro de judo, Putin começou trabalhar em contra - inteligência, juntando - se mais tarde ao Primeiro Directório do KGB como agente de inteligência internacional.
Em 1985, o KGB enviou Putin para a Alemanha Democrata, onde residiu na cidade de Dresden sob nome falso e com um emprego fictício como chefe da denominada associação de amizade Germano-Soviética. A natureza exacta do seu trabalho na RDA continua motivo de debate; as suas funções principais incluíam, certamente, actividades de espionagem sobre uma série de nações pertencentes à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN-NATO), recrutamento de informadores e agentes e recolha e análise de dados para envio para Moscovo. Durante a sua permanência na Alemanha dividida, Putin ficou exposto a uma série de ideias Ocidentais, tanto económicas como políticas, que iriam mais tarde ter um papel fundamental na sua carreira pós-KGB.
Com a subida ao poder de Mikhail Gorbatchev e da sua "perestroika", que viria a ter um papel fundamental no colapso do Comunismo na Europa de Leste no final da década de 80, o trabalho de Putin na Alemanha de Leste foi interrompido de forma abrupta. Voltou a Moscovo em 1990, após a queda do Muro de Berlim e da reunificação da Alemanha, como um dos agentes mais condecorados do KGB. A agência recompensou-o com um posto administrativo na sua alma mater, A Universidade do Estado De Leninegrado, que lhe serviu de cobertura para continuar o seu trabalho como agente secreto.
Pouco depois, Putin encontrou o seu ex-professor, Anatoly Sobchak, que já era então presidente do concelho da cidade e um dos líderes do movimento democrata Russo. Atraído pela política, Putin abandonou o KGB para se tornar um dos principais assessores de Sobchak. Após a vitória de Sobchak nas eleições para a presidência da câmara da rebaptizada S. Petersburgo em 1991, Putin foi nomeado vice-presidente da câmara. Além de gerir as actividades diárias de S. Petersburgo, Putin era também responsável pela abertura da cidade a uma série de investimentos estrangeiros, incluindo às grandes companhias como o Credit Lyonnais, Coca-Cola e a NEC, o gigante Japonês de material electrónico.
Em 1996, Sobchak foi derrotado na sua campanha para a reeleição; Putin abandonaria o governo da cidade em lealdade com o seu velho professor. Apesar de Sobchak ter sido acusado de corrupção oficial após ter abandonado a câmara, Putin permaneceu virtualmente intocado pelas alegações. Recebeu em 1997 um convite para o Kremlin, como assessor de Pavel Borodin, o líder do poderoso departamento de propriedades do Kremlin, em Moscovo.
O ex-agente do KGB subiu as escadarias do poder dentro do Kremlin de forma rápida e eficaz: em 1998, o então Presidente Boris Yeltsin apontou Putin para a chefia do Serviço Federal de Segurança, o sucessor doméstico do KGB. Em Agosto de 1999, altura em que o conflito na República da Chechénia começou a entrar na fase mais dramática, Yeltsin nomeou Putin, então com 47 anos, primeiro-ministro (o último de uma série de políticos que Yeltsin apontou sucessivamente para este posto).
De início, poucos consideraram que Putin, como sucessor designado do próprio Yeltsin, viesse a revelar – se um candidato viável para a presidência da Rússia. Mas o pulso forte do novo primeiro-ministro, quer nos assuntos domésticos como internacionais, especialmente a sua atitude de dureza contra os rebeldes Chechenos garantiram-lhe o apoio da população e a reputação de mais popular político Russo.
A 31 de Dezembro de 1999, Yeltsin resignou da presidência do país, seis meses antes do termo do seu mandato. Num acto claramente desenhado para atrair o máximo da atenção internacional, apontou Putin para a presidência da Rússia, anunciando que "a Rússia deve entrar no novo milénio com novos políticos, novas personalidades e com um novo povo, mais inteligente, forte e energético". Se o verdadeiro programa de Putin para a Rússia permaneceu, de início e durante alguns meses, algo obscuro, o novo líder conseguiu contudo aproveitar o apoio popular para garantir a vitória na primeira volta das eleições presidenciais, a 27 de Março de 2000, quando se tornou o segundo presidente da Rússia e o mais jovem líder desde 1922, quando Josef Estaline foi apontado como secretário-geral do Partido Comunista. Nas eleições de 2004, conseguiu mais de 70% dos votos.
Os dois mandatos à frente dos destinos da Rússia, foram marcados por constantes atropelos aos direitos humanos, um controle rígido da imprensa e por uma luta contra as actividades terroristas na Chechénia. Apesar de toda esta repressão, não evitou que a 1 de Setembro de 2004, os terroristas invadissem uma escola em Beslam, e massacrassem 186 crianças. A imprensa internacional, viria a responsabilizar Putin pelo massacre, devido à sua política repressiva na Chechénia. Outro lado negro dos mandatos de Putin, é a eliminação física de todos os que se lhe opõem, sendo de referir neste caso, o assassínio de Anna Politkovskaia e o envenenamento de Alexander Litvinenko, além da eliminação física de outros 12 jornalistas.
Apesar de Putin continuar a ser uma figura algo enigmática, tanto politica como pessoalmente, tem uma alta popularidade na Rússia, onde cerca de 75% dos eleitores, acha que ele deveria cumprir um terceiro mandato á frente dos destinos do país, apesar de ir contra a Constituição. De todas as maneiras, Vladimir Putin, que não pode ser de novo presidente da Rússia, prepara-se para abandonar a presidência, mas não o poder, pois é o mais sério candidato a tornar-se primeiro-ministro da Rússia, depois de ter "nomeado" para seu sucessor, Dmitri Medvedev, para as eleições presidenciais de Março de 2008.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

John Steinbeck


John Steinbeck nasceu em Salinas, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em 27 de Fevereiro 1902. De uma família de classe baixa, John Steinbeck testemunhou desde cedo a vida dos trabalhadores urbanos e rurais. Terminou o curso secundário no Salinas High School, em 1919, ingressando nesse ano na Universidade de Stanford. Para poder pagar os seus estudos, teve diversas profissões. No entanto, abandonou os estudos universitários em 1925, partindo para Nova Iorque, onde trabalhou como operário da construção civil, pouco tempo antes de conseguir um lugar de repórter no New York American, no intuito de seguir carreira literária. Regressou à Califórnia para ser caseiro de uma propriedade, aceitando trabalhos como servente, aprendiz de pintor ou apanhador de fruta, ocupações que foram indispensáveis à construção de algumas das suas personagens.
O seu primeiro romance, Cup of Gold (1929), uma narrativa histórica sobre um pirata jamaicano, antecedeu aquela que, segundo os críticos, seria a sua década de criação mais produtiva. A um Deus Desconhecido (1933) é o primeiro grande um romance de Steinbeck. Um romance quase místico, que tem por tema central "o modo como os homens tentam controlar as forças da natureza, e ao mesmo tempo compreender a sua relação com Deus e com o inconsciente".
Em 1935, publicou Tortilla Flat, o primeiro sucesso popular, um estudo humorístico da vida dos agricultores de Monterey. Seguiu-se, em 1936, Batalha Incerta, em 1937, Ratos e Homens.
Neste livro John Steinbeck, conta-nos a história de dois amigos inseparáveis, George e Lennie, mas completamente diferentes entre si. George é baixo, franzino e astuto, Lennie é um gigante, com uma força bruta impossível de calcular, mas com a inteligência de uma criança. O que os une é a simples amizade e a marginalização imposta pelo sistema. O livro passa-se numa quinta da Califórnia, onde ambos trabalham como contratados da quinta, ganhando pouco mais que a comida e a dormida. Durante o seu árduo trabalho na quinta, encontram outros pobres e explorados, mas também, outras personagens, o filho do patrão e a sua fogosa mulher, que colocam em risco a sua miserável e humilde existência. Ambos têm o sonho de ter um espaço de terra só para eles, situação que nunca se concretizará. Em Ratos e homens, Steinbeck, demonstrou a sua capacidade de criar personagens realistas e cativantes e também de, falar de sentimentos comuns a todos seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna. Ratos e Homens é um dos primeiros grandes clássicos sobre o doloroso período da Grande Depressão americana.
Em 1939 edita As Vinhas da Ira, livro aclamado pela crítica popular mas que suscitou controvérsia, tendo alguns exemplares sido queimados publicamente como forma de protesto e a obra banida nas bibliotecas públicas do Kansas City e de Oklahoma, enquanto se tornava leitura obrigatória nos colégios de Nova Iorque. A obra foi mais tarde galardoada com os prémios Pullitzer e National Book Award.
As Vinhas da Ira, um dos melhores clássicos da literatura do século XX, dá a conhecer os Joad, uma família rural e pobre do Oklahoma que tenta uma nova vida, tendo por pano de fundo os horrores da Grande Depressão. Esta família vê-se obrigada a abandonar as suas terras e partir para um novo mundo, a Califórnia, em busca de melhores condições de vida melhores. Ao seu lado estão milhares de migrantes que se deslocam pelos mesmos motivos, em velhos camiões, em direcção a um futuro incerto. Durante a viagem passam por diversos tipos de provações e quando chegam à Terra Prometida descobrem que era um lugar bem pior do que aquele que tinham deixado.Ludibriados por falsas promessas, a família toda parte num velho camião pela famosa estrada 66 numa jornada em que nada pode ser previsto.
Na maioria das suas obras, marcadas pela paisagem e o quotidiano californianos, o autor explora as duras condições de vida das populações rurais, obrigadas a sobreviver no limiar da pobreza ou forçadas a longas e miseráveis migrações. Procurando tornar evidente que cada ser humano deve ser analisado no ambiente em que se insere, o autor dedicou-se, sobretudo, ao retrato de personagens inadaptadas. A Leste do Paraíso (1952), adaptado ao cinema por Elia Kazan e protagonizado por James Dean, é um dos melhores exemplos, com homens e mulheres no limite das suas forças, prestes a renunciar aos valores morais que a América proclamava.
Em 1941, publicou Sea of Cortez em colaboração com Edward Ricketts. No ano seguinte, Noite Sem Lua, foi adaptado ao teatro, tendo-se seguido Bombs Away. Em 1943, foi correspondente de guerra do New York Herald Tribune nas frentes de combate da Europa e da África do Norte. Em 1945, publicou Bairro da Lata e A Pérola, em 1947. A Pérola é baseada num conto popular mexicano, conta-nos a história de Kino, e da sua família. Kino um pobre pescador encontrou a maior pérola do mundo, que desperta nele e nas pessoas que vivem numa pequena povoação do litoral mexicano sentimentos e desejos vis. Um livro a ler e a reler.
Em 1948, John Steinbeck foi eleito para a Academia Americana das Artes e das Letras. Em 1950, publicou Burning Bright, adaptado mais tarde, ao teatro. Dois anos depois, colaborou no filme Viva Zapata. Em 1953, o livro Os Náufragos do Autocarro foi incluído na listas dos livros desaconselhados pela comissão Gathings.
De 1954 a 1960, publicou Sweet Thursday, O Breve Reinado de Pepino IV e O Inverno do Nosso Descontentamento. No livro O Inverno do Nosso Descontentamento, John Steinbeck, conta-nos a história de Ethan Hawley, descendente de uma família muito rica mas que ficou na ruína financeira. Ethan foi forçado a aceitar a humilde posição de empregado de balcão num armazém de um emigrante italiano com um passado desconhecido. Ethan fica constantemente dividido entre a sua vontade de ser íntegro e o deslumbramento da riqueza e da glória que tiveram os seus antepassados. John Steinbeck faz-nos penetrar na amargura e na infelicidade de Ethan Hawley, que questiona a sua relação com a mulher, filhos, patrão, clientes e amigos. Ethan começando por apresentar uma moralidade a toda a prova, que se vai transformando gradualmente, acabando por alcançar o sucesso financeiro à custa de golpes de moralidade duvidosa.
Afastando-se dos círculos intelectuais e académicos, John Steinbeck foi frequentemente repudiado na América, principalmente nos últimos anos, não merecendo a atenção de outros autores contemporâneos, como Hemingway ou Faulkner.
Em 1962, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Dois anos depois, recebeu a Medalha da Liberdade dos EUA e em 1966, publicou America and Americans, um conjunto de reflexões sobre a América contemporânea.
Morreu em 20 de Dezembro de 1968, em Nova Iorque.

Mãe Migrante


Fotografia de Dorothea Lange (1936).
A fotografia retrata Florence Thompson, uma trabalhadora agrícola da Califórnia e os seus filhos, durante a época da Grande Depressão nos Estados Unidos da América. Florence Thompson, que na época tinha 32 anos, está, com um bebé adormecido ao colo, contemplando o vazio, enquanto que, as outras crianças, com o cabelo desgrenhado e as roupas sujas, escondem o rosto por detrás dos seus ombros. A família vivia num acampamento de apanhadores de ervilhas no Vale do Nipomo, na Califórnia, nesse dia, tinha ficado sem trabalho, depois de as ervilhas que iam colher terem congelado.
Momentos antes de ser apanhada pela objectiva de Lange, Florence Thompson, tinha vendido a sua tenda e os pneus do seu carro para comprar comida, para os seus sete filhos. Dorothea Lange, que trabalhava para o governo dos Estados Unidos, tirou esta e outras fotos destinadas a documentar os efeitos da Grande Depressão, na sociedade americana. As fotos de Lange, ajudaram o governo a dar maior apoio aos trabalhadores agrícolas. Florence Thompson morreu pobre em 1983, apesar desta fotografia, ter sido publicada em milhares de jornais e revistas, e reproduzida em selos dos correios americanos.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Alexandre O’Neill


Alexandre O'Neill, (n.19.12.1924-m.21.08.1986).
Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
Os convencidos da vida só se isolam, por assim dizer, quando atingem uma certa cotação. As expressões “deixou de frequentar” e “passou a frequentar” podem muito bem indicar, na desprevenida conversa quotidiana, subidas ou descidas de cotação ou, mais simplesmente, mudanças de estratégia do convencido da vida. O convencido que se isola não o faz por desgosto da sua pessoa, senão perderia o estatuto e a prática de convencido da vida e correria o risco de se tornar um homem vulgar. Fá-lo para, arteiramente, tomar as suas distâncias. Por isso, quando isolado, o convencido “vai soprando notícias”, “vai fazendo constar”…Maneira de, ausente, estar presente. Não há, nesse estudado isolamento, nenhum Vale de Lobos.
No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil. Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima.
A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro. Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface».
Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.
Alexandre O’Neill, in “Uma Coisa em Forma de Assim”.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Steven Spielberg


O realizador com maior êxito comercial na história de Hollywood, Steven Spielberg nasceu em Cincinnati a 18 de Dezembro de 1946 e começou a desenvolver as primeiras curtas-metragens quando era ainda criança, aprimorando essa capacidade na Universidade da Califórnia.
O seu percurso inicial como realizador foi marcado por trabalhos para a televisão, como nas séries “Columbo” e “Marcus Welby M.D.” ou no episódio-piloto de “Night Gallery”.
A estreia nas longas-metragens deu-se com “Duel”, em 1971, um thriller de baixo orçamento cuja gestão do suspense foi bastante elogiada, fazendo com que o filme, originalmente concebido para televisão, viesse a ter também passagem pelas salas de cinema e se tornasse numa obra de culto. “The Sugarland Express” (1974) voltou a valer-lhe o estatuto de realizador promissor e “Tubarão” confirmou o seu talento, destacando-se como o filme mais bem sucedido de 1975 e iniciando a tradição dos blockbusters, filmes de alto orçamento cuja estreia decorre maioritariamente no Verão e que são, muitas vezes, êxitos de bilheteira.
“Encontros Imediatos do Terceiro Grau” (1977) foi outro marco, uma obra determinante dentro da ficção científica que o cinema apresentou nas últimas décadas e que surpreendeu devido à inovação dos efeitos especiais. A comédia sobre os meandros da guerra, “1941” (1979) foi um fracasso comercial, mas “Os Salteadores da Arca Perdida” (1980) compensou, e muito, esse deslize pontual, figurando entre os grandes sucessos dos anos 80 e apresentando um dos seus heróis mais carismáticos: Indiana Jones, personagem que protagonizou ainda duas sequelas e uma série televisiva.
Outro filme capaz de conquistar o público de todas as idades foi “E.T.” (1982), outra aposta na ficção científica, um dos títulos mais emblemáticos de Spielberg que se tornou num clássico instantâneo e que ainda hoje cativa várias gerações. “A Cor Púrpura” (1985), drama sobre a xenofobia e a Grande Depressão, proporcionou-lhe 11 nomeações para os Óscares, e embora não tenha ganho nenhum foi mais um forte êxito de bilheteira. Menos bem sucedidos comercialmente foram “O Império do Sol” (1987) e “Sempre” (1989), outras apostas em domínios dramáticos, ou “Hook” (1991), que revisitou as clássicas aventuras de Peter Pan.
Em 1993, contudo, Steven Spielberg criaria dois dos marcos da sua carreira: “Parque Jurássico”, um portento de feitos especiais que despoletou um sucesso global (com receitas que ultrapassaram um bilhão de dólares); e “A Lista de Schindler”, um drama épico sobre o Holocausto, galardoado com sete Óscares que comprovou que o cineasta era capaz de oferecer mais do que consistentes filmes de entretenimento.
Para além do cargo de realizador, Spielberg desempenhou também funções de produtor em filmes da autoria de terceiros, como “Poltergeist” (1982), “Regresso ao Futuro” (1985) ou “Quem Tramou Roger Rabbit?” (1988), através da sua companhia, Ambli Entretainment.
Nos anos 90 formou a Dreamworks, juntamente com Jeffrey Katzenber (ex-patrão da Disney) e David Geffen (da editora Geffen), sendo produtor executivo de muitas das suas películas, casos de “Tornado” (1996), “Homens de Negro” (1997), “Impacto Profundo” (1998) ou “A Máscara de Zorro” (1998). “Mundo Perdido” e “Amistad”, ambos de 1997, não foram dos mais marcantes da sua filmografia, mas “O Resgate do Soldado Ryan”, surgido um ano depois, assinalou o regresso à forma, revitalizando o género do filme de guerra e arrecadando cinco Óscares, provando, mais uma vez, que o cineasta também era interessante quando enveredava por obras “sérias”, adultas e complexas. O regresso à ficção científica deu-se com “A.I. – Inteligência Artificial” (2001) e “Relatório Minoritário” (2002), o primeiro baseado numa ideia de Stanley Kubrick e o segundo num conto de Phillip K. Dick. Ambos inovaram na utilização das tecnologias e na sugestão de impressionantes cenários futuristas, embora “Relatório Minoritário” tenha obtido maior consenso tanto perante a crítica como junto do grande público.
“Apanha-me se Puderes” (2002) foi outro sucesso, desta vez baseado numa história verídica e seguindo os jogos de engano de Frank Abagnale Jr., e a aposta num misto de drama e comédia repetiu-se em “Terminal de Aeroporto” (2004), também inspirado num caso real e seguindo as peripécias de um imigrante que passa a habitar um aeroporto norte-americano.
“Guerra dos Mundos” (2005), foi mais um digno blockbuster e um dos seus filmes mais negros, baseado no livro homónimo de H.G. Wells e voltando a focar o confronto de humanos com alienígenas.
“Munique” (2005) é mais um olhar sobre questões polémicas, desta vez o conflito israelo-palestiniano, partindo de um episódio real decorrido durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique.

sábado, dezembro 15, 2007

Oscar Niemeyer


O arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, completa hoje 100 anos de vida. Considerado um génio da arquitectura mundial, é também, o maior arquitecto vivo do século XX.
Oscar Niemeyer Soares Filho, nasceu em 15 de Dezembro de 1907, no Rio de Janeiro. Formou-se na Universidade do Brasil, iniciando a carreira no escritório de Lúcio Costa, em 1934.
No ano seguinte, trabalhou com o arquitecto Le Corbusier no “revolucionário” projecto do edifício dos ministérios da Saúde e da Educação brasileiros, concluído em 1936.
A obra de Niemeyer começou a ser notada quando o jovem arquitecto tinha 33 anos, através de um projecto que englobou a construção de quatro edifícios em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais. Juscelino Kubistchek era, na altura, governador e encomendou-lhe os projectos de construção do Casino, da Casa de Baile, do Yatch Clube e da Igreja de São Francisco.
Em 1947, novamente com Le Corbusier, projecta a sede da Unesco, nos Estados Unidos. A originalidade e a imaginação que Niemeyer revelou nos seus trabalhos valeram-lhe a reputação de líder da arquitectura moderna.
Entre 1951 e 1954 Oscar Niemeyer assina outra grande obra: a Oca, Parque Ibirapuera, em S.Paulo, Brasil. Trata-se de um conjunto de três prédios destinados a exposições, incluindo um museu e um grande auditório.
Primou pela originalidade de todos os edifícios, e a partir daí, nunca mais parou e do seu gabinete começaram a surgir esquissos de edifícios para o Mundo inteiro, com incidência para o seu país, o Brasil.
Niemeyer empenhou-se, por exemplo, no projecto da criação da nova cidade de Brasília, nomeadamente do Palácio Planalto. Tinha 50 anos quando desenhou todos os edifícios oficiais de Brasília, a nova capital do Brasil, que foi construída em três anos e meio. A cidade foi inaugurada em 1960 e é considerada património cultural da humanidade pela Unesco desde 1987.
A arquitectura de Brasília, prevista nos esboços com que Lúcio Costa concorreu ao concurso internacional de projectos para a nova capital do Brasil, foi o impulso definitivo de Oscar Niemeyer na cena da história internacional da arquitectura contemporânea. As cúpulas, côncavas e convexas do Congresso Nacional e as colunas dos palácios da Alvorada, do Planalto e do Supremo Tribunal, deram-lhe grande prestígio internacional pela sua configuração original.
Em 1965, projecta a sede do partido Comunista Francês, em Paris. Majestoso e esteticamente brilhante, o edifício foi considerado, na altura, pelo presidente George Pompidou, “a única coisa boa que os comunistas fizeram”.
Mais recentemente (2003), projectou a Galeria Serpentina, em Londres, actualmente considerado um dos melhores edifícios existente na capital inglesa.
O Funchal é a única cidade de Portugal a possuir uma obra erguida de Oscar Niemeyer - o Pestana Casino Park, um projecto de 1966 mas concluído em 1976 e que é composto por três edifícios: um Casino, um Centro de Congressos e um hotel de 5 estrelas.
A presença constante de Oscar Niemeyer no cenário da arquitectura contemporânea internacional, desde 1936 até hoje, transformou-o na mais destacada figura brasileira da actualidade. Recebeu inúmeros prémios, destacando-se de entre eles o Prémio Pritzker (1988), sendo o primeiro arquitecto de língua portuguesa a receber tal distinção.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Wangari Maathai


“Como tínhamos dito durante muitos anos, a humanidade precisa de repensar a paz, a segurança e o trabalho para culturas de paz, governando-se de forma mais democrática, respeitando o primado da lei, promovendo deliberada e conscientemente justiça e equidade, e gerindo os recursos com maior responsabilidade e fiabilidade – não só para as gerações presentes como também para as futuras.
Ao tentar explicar esta ligação, inspirei-me num banco tradicional africano com três pernas e uma bacia como assento. Para mim, as três pernas representam três pilares críticos das sociedades justas e estáveis. A primeira perna representa o espaço democrático, onde os direitos são respeitados, sejam os direitos humanos, os direitos das mulheres, os direitos das crianças ou os direitos ambientais. A segunda representa a gestão sustentável e equitativa dos recursos. E a terceira representa as culturas de paz que são deliberadamente cultivadas no seio das comunidades e das nações. A bacia, ou assento, representa a sociedade e as suas perspectivas de desenvolvimento. A menos que as três pernas estejam no seu lugar, suportando o assento, nenhuma sociedade consegue prosperar. Nem os cidadãos conseguem desenvolver as suas capacidades e criatividade. Quando uma perna está em falta, o assento é instável; quando faltam duas pernas, é impossível manter vivo qualquer Estado; e quando não há pernas disponíveis o Estado vale tanto como um Estado falhado…
Estes temas de boa governação, respeito pelos direitos humanos, equidade e paz são de particular preocupação em África – um continente que é tão rico em recursos e, no entanto, tem sido tão devastado pela guerra.”
In INDOMÁVEL Uma Luta pela Liberdade.

RUANDA


Fotografia de James Nachtwey/ Magnum Photos.
O Ruanda foi palco de uma das maiores atrocidades da história da humanidade onde, em apenas 100 dias, quase um milhão de tutsis foram brutalmente assassinados por milícias de etnia hutu e pelo exército ruandês.
Esta fotografia de 1994 de James Nachtwey, foi tirada num Hospital da Cruz Vermelha, e mostra um homem que foi mutilado por uma catana, pela simples suspeita de pertencer à etnia tutsi. A fotografia venceria, nesse ano a World Press Photo.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Foi no dia 10 de Dezembro de 1948, que a Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida em Paris aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
No dia em que estes direitos deixarem de ser violados, a Humanidade dará um salto sem precedentes em toda a nossa História.

Artigo 1º.Liberdade e igualdade de todos os seres humanos.
Artigo 2º.Não discriminação.
Artigo 3º.Direito à vida.
Artigo 4º.Poibição de escravatura.
Artigo 5º.Proibição de tortura.
Artigo 6º.Direito à personalidade jurídica.
Artigo 7º.Igualdade perante a lei.
Artigo 8º.Direito a recurso efectivo perante jurisdições nacionais.
Artigo 9º.Proibição de prisão, detenção ou exílio arbitrários.
Artigo 10º.Direito a ser julgado num tribunal independente.
Artigo 11º. nº1:Presunção de inocência até prova em contrário.
nº2:Não retroactividade da lei penal.
Artigo 12º.Direito à vida privada, familiar e protecção de correspondência.
Artigo 13º. nº1:Liberdade de circulação.
nº2:Direito de sair e entrar em qualquer país.
Artigo 14º.Direito de requerer e receber asilo.
Artigo 15º.Direito à nacionalidade.
Artigo 16º.Direito de se casar e constituir família.
Artigo 17º. nº1:Direito de propiedade.
nº2:Proibição da privação arbitrária da propiedade.
Artigo 18º.Liberdade de pensamento,consciência e religião.
Artigo 19º.Liberdade de expressão e opinião.
Artigo 20º.Liberdade de reunião e associação.
Artigo 21º. nº1:Direito de participação nos assuntos públicos do seu país.
nº2:Igualdade de acesso a funções de natureza pública no seu país.
nº3:Direito a sufrágio directo e universal e direito ao voto secreto.
Artigo 22º.Direito à segurança social.
Artigo 23º. nº1:Direito ao trabalho.
nº2:Direito a salário igual para trabalho igual.
nº3:Direito a remuneração suficiente.
nº4:Direito à constituição e filiação em sindicatos.
Artigo 24º.Direito a lazer,repouso e tempos livres.
Artigo 25º. nº1:Direito a um nível de vida suficiente.
nº2:Protecção especial da maternidade e infância.
Artigo 26º. nº1:Direito à educação,princípios da gratuitidade e obrigatoriedade do ensino Básico, acesso generalizado ao ensino técnico e profissional e igualdade de acesso ao ensino superior.
nº2:A educaçao deve favorecer o desenvolvimento da personalidade,tolerância, compreensão mútua e amizade entre os povos.
nº3:Direito dos pais escolherem a educação a dar aos seus filhos.
Artigo 27º. nº1:Direito de participar na vida cultural e de gozar os frutos do progresso científico.
nº2:Protecção dos direitos de autor.
Artigo 28º.Direito a que existam condições permitindo a plena aplicação dos direitos enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Artigo 29º. nº1:Princípio de que o indivíduo tem deveres para com a comunidade.
nº2:As únicas limitações ao exercício dos direitos devem ser previstas por lei,com vista a satisfazer exigências da moral,de ordem pública e de bem-estar geral.
nº3:Os direitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos não podem ser exercidos contrariamente aos fins e princípios da Carta das Nações Unidas.
Artigo 30º.Nenhuma interpretação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ligitimar actividades que visem a aniquilação dos direitos e liberdades nela consagrados.

Divulgue, para quem sabe a Humanidade sair do papel.

Dia Europeu contra a Pena de Morte

Os ministros da Justiça da União Europeia, reunidos hoje em Bruxelas, aprovaram por unanimidade a instituição do Dia Europeu contra a pena de morte, disse à Agência Lusa fonte da presidência portuguesa.A iniciativa havia sido bloqueada em Setembro pela Polónia, mas a mudança entretanto verificada no panorama político naquele país - com a eleição para primeiro-ministro de Donald Tusk, que sucedeu ao conservador Jaroslaw Kaczynski - permitiu agora o consenso entre os 27.
A presidência portuguesa, que tencionava inicialmente instituir o Dia Europeu na conferência contra a pena de morte realizada em Outubro em Lisboa, decidiu recolocar o tema na agenda da reunião de ministros da Justiça e Assuntos Internos que decorre entre quinta-feira e hoje em Bruxelas, tendo o acordo sido alcançado esta manhã.
Nessa conferência internacional realizada a 09 de Outubro estava prevista a assinatura de uma Declaração Conjunta, por instituições da UE e Conselho da Europa, a instituir o Dia Europeu contra a Pena de Morte, todos os anos a 10 de Outubro, com a participação do primeiro-ministro, José Sócrates, pelo Conselho da UE, e Durão Barroso, pela Comissão Europeia. O Dia Europeu acabaria por ser instituído, mas apenas a nível do Conselho da Europa, já que, no seio da União, a Polónia “de” Kaczynski surpreendeu tudo e todos, em Setembro, ao inviabilizar a iniciativa, alegando que a UE deveria abrir antes um debate mais amplo sobre o direito à vida, que incluiria a condenação do aborto e da eutanásia.
Apesar da pressão exercida pela presidência portuguesa e da indignação da generalidade dos restantes Estados-membros, Varsóvia manteve-se inflexível, cenário alterado com a mudança de Governo, no final de Outubro. Já na “recta final”, a presidência portuguesa da UE conseguiu assim retomar e ver aprovada aquela que era uma das suas iniciativas mais simbólicas do semestre.
A 15 de Novembro, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou, pela primeira vez, uma resolução sobre uma moratória sobre o uso da pena de morte apresentada por um grupo transregional liderado pela Albânia, Angola, Brasil, Croácia, Filipinas, Gabão, México, Nova Zelândia, Portugal (em nome da UE) e Timor-Leste, contando com 87 co-patrocinadores.As duas anteriores tentativas para fazer aprovar uma resolução deste género pela Assembleia-Geral da ONU falharam em 1994 e 1999. Agência Lusa

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Eric Schlosser


“A indústria do fast food gasta milhões de dólares todos os anos em actividades de lobby e milhares de milhões de dólares em marketing de massas. A riqueza e poder das grandes cadeias faz com que pareçam impossíveis de derrotar. E, contudo, essas empresas têm de obedecer às exigências de um grupo – os consumidores – que ansiosamente adulam e perseguem…
Ninguém nos Estados Unidos (e no resto do mundo) é obrigado a comprar fast food. O primeiro passo para que haja mudanças significativas é de longe o mais simples: deixem de comprá-la. Os gestores que gerem a indústria de fast food não são homens maus. São homens de negócio. Venderão hambúrgueres de carne orgânica, alimentada a erva e no pasto, se lho exigirmos. Venderão o que quer que seja que se venda com lucro. A utilidade do mercado, a sua eficácia como instrumento, dá para os dois lados. O verdadeiro poder do consumidor americano (e mundial) ainda não foi libertado. Os chefes da Burger King, KFC e McDonald’s deviam sentir-se intimidados; são muito menos. São três e nós quase 300 milhões (no mínimo 4 mil milhões no mundo com acesso a uma cadeia de fast food). Um bom boicote, a recusa de compra, pode falar muito mais alto do que meras palavras. Por vezes a força mais irresistível é a mais banal.
Empurrem a porta de vidro, sintam a corrente de ar fresco, entrem, ponham-se na fila e olhem à vossa volta, olhem para os miúdos que trabalham na cozinha, para os clientes nos seus lugares, para os os anúncios aos últimos brinquedos, estudem as fotografias coloridas e iluminadas por cima do balcão, pensem de onde vem a comida, como e quando é feita, o que é que cada compra de fast food acarreta, o efeito em cadeia perto ou longe, pensem nisso. Depois façam o vosso pedido. Ou voltem as costas e saiam.”
In Fast Food Nation. Os parêntesis são meus.

DARFUR


Fotografia de Tom Stoddart
Há milhões de fotografias a mostrar, violações constantes, mesmo os mais elementares, dos Direitos Humanos. Há 18 anos que uma guerra civil atravessa o Sudão, entre o Governo muçulmano do Norte e os cristãos e animistas do Sul.
A fome tornou-se uma inevitabilidade, à medida que um milhão de pessoas sairam das suas casas e a terra deixou de ser cultivada.
Os centros da UNICEF e dos Médicos Sem Fronteiras, em Ajiep, foram o destino de milhares de habitantes da região. Mas só as crianças com 60% abaixo do seu peso ideal foram aceites. Na altura que Tom Stoddart visitou estes centros em Ajiep, morriam mais de cem pessoas diariamente naquela povoação.
Esta fotografia é de Tom Stoddart e recebeu o Word Press Photo de 1998.

Johannes Heesters


Segundo o Guiness Book of Records, Johannes Heesters é o actor mais idoso do Mundo em actividade.
Não é de admirar. Ontem comemorou o seu centésimo quarto aniversário, com uma representação na casa de espectáculos, a Admiralpalast, em Berlim.
Nascido a 5 de Dezembro de 1903 em Amersfoort, na Holanda, Johannes Heesters queria ser sacerdote católico. Após ir com o pai assistir a um teatro, no dia em que completava 16 anos, decidiu tornar-se actor.
Teve aulas de canto e representação, estreando-se no palco com 17 anos em Amesterdão. Durante mais de uma década actuou na Holanda e na Bélgica em clássicos do teatro, com sucesso mediano.
Só chamou a atenção depois de se ter especializado em operetas, tendo sido convidado para participar numa representação de O Estudante Mendigo, na Ópera Popular de Viena, em 1934. Em 1936 interpretou o mesmo papel, em Berlim, no filme com o mesmo nome.
Entretanto, tinha-se casado com a actriz belga, Louise Ghijs, sua companheira durante 53 anos, com a qual teve duas filhas. Após a morte de Louise Ghijs, em 1983, Heesters voltaria a casar em 1992, com a actriz alemã Simone Rethel, 46 anos mais nova que ele.
Com ela, representou durante cinco anos, de 1996 até 2001, o papel principal na peça Gesegnetes Alter, sempre com a plateia esgotada.
Johannes Heesters goza de uma grande popularidade na Alemanha, ao contrário do seu país natal, a Holanda, onde é votado ao ostracismo e acusado de colaborar com o regime nazista.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

É Natale? Scopiamo?


O fotógrafo Oliviero Toscani, conhecido em todo o mundo pelas suas polémicas campanhas publicitárias, volta a provocar com o seu slogan de Natal. Um convite ao sexo estampado numa T-Shirt para ser usada no Natal é a nova polémica.
Oliviero Toscani foi seleccionado pela Autarquia de Milão, juntamente com outras 29 celebridades italianas, para criar uma T-Shirt com uma mensagem de Natal para ser vendida em todas as lojas do shopping da Via della Spiga, cujos benefícios serão destinados a obras de caridade. O Concelho da cidade de Milão imprimiu o texto È Natale? Scopiamo?
(É Natal?Fodemos?).
As campanhas de Oliviero Toscani podem ser polémicas, porém eu prefiro vê-las pelo lado artístico e pela sua mensagem associada.
Ao contrário de outras campanhas, nomeadamente as que estão nos post's seguintes, esta frase estampada numa T-shirt, para mim, está ausente de qualquer polémica.
Estamos no Natal, celebramos, se é que celebramos, o nascimento de Jesus Cristo. Quando há nascimento, exceptuando as gravidezes com técnicas científicas e a da Virgem Maria, teve que haver sexo, logo esta chamada de atenção da parte de Toscani, enquadra- se perfeitamente no espírito natalício. Para além de ser uma das coisas mais naturais do mundo, o sexo, é bom para a saúde mental, para a saúde física e faz bem à pele.
Como diz um amigo meu: "Sexo? até os bichinhos gostam."

Anorexia Segundo Toscani


Recentemente, Oliviero Toscani, foi notícia em todo mundo pelas fotografias da modelo francesa Isabelle Caro, de 31 quilos, numa campanha para a marca Nolita, que trazia o slogan "No Anorexia", ("Não à Anorexia").
Todos os outdoors da marca foram retirados das ruas, por ordem conselho auto - regulador publicitário italiano, por, segundo este, violar o código de conduta do sector. A imagem "explora comercialmente" a doença, disse o Instituto de Controle da Publicidade.
Estas fotografias de Oliviero Toscani, sensibilizaram alguns sobre o problema da anorexia, mas também recebeu críticas de associações que a consideraram exagerada.
De todas as maneiras, pôs meio mundo a falar da anorexia, como um dos problemas de saúde mais graves, na sociedade “ocidental”.

David Kirby


Fotografia de Therese Frare
Quando a LIFE publicou esta fotografia de David Kirby, a revista foi considerada a publicação que mais contribuiu para diminuir o estigma que envolvia os doentes com SIDA.
A fotografia mostra toda a família a confortar o moribundo David Kirby, no seu leito de morte.
Imagem extremamente forte, onde ressalta as expressões de angústia e de dor dos familiares. Já a face de David Kirby, não apresenta qualquer expressão, os seus olhos fitam o vazio.
O pai de David, William Kirby, ficou impressionado com a reacção que a fotografia causou no público.
A seguir, a família permitiu que o fabricante italiano de moda Benetton usasse a imagem num anúncio. A fotografia foi colorida sobre supervisão de Oliviero Toscani e a Benetton afirmou que a intenção da sua apresentação estilizada era levar as pessoas a reflectir sobre a epidemia da SIDA. Mas enquanto a LIFE foi aplaudida por humanizar a SIDA, a Benetton foi duramente criticada por explorar a miséria humana para fins comerciais.

Sir Bernard Crick


“A pessoa que deseja que a deixem em paz e não ter de se preocupar com a política acaba por ser aliado inconsciente daqueles que consideram que a política é um espinhoso obstáculo para as suas sacrossantas intenções de não deixar nada em paz.”

terça-feira, dezembro 04, 2007

Erich Fromm


“Todos estamos determinados pelo facto de nascermos humanos e, consequentemente, pela tarefa interminável de ter de escolher constantemente, temos de escolher meios juntamente com os fins. Não devemos confiar em que alguém nos salve, mas conhecer bem o facto de que as escolhas erradas nos tornam incapazes de nos salvarmos.”

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Christiaan Barnard


Passam hoje 40 anos que o cirurgião sul-africano Christiaan Barnard fez o primeiro transplante de coração humano. Louis Waskansky, de 55 anos, foi o primeiro homem a receber o coração de um estranho. O órgão transplantado por Christiaan Barnard e a sua equipa, numa operação de 9 horas, era de uma jovem de 25 anos, que tinha morrido num acidente. O coração de uma pessoa morta palpitou, pela primeira vez, no peito de outro humano às 5h25 de 3 de Dezembro de 1967, no hospital Grote-Schuur, na Cidade do Cabo. Waskansky faleceu 18 dias depois da cirurgia histórica, em consequência de uma infecção pulmonar. Um mês depois desta operação espectacular, Barnard fez o segundo transplante de coração e, desta fez, com grande sucesso: o dentista Philip Blaiberg viveu um ano e sete meses com o coração novo.
Christiaan Neethling Barnard nasceu a 8 de Novembro de 1922, Beaufort West, uma pequena cidade de Karoo, a região semi - desértica da África do Sul.
Especializou-se em Cirurgia Torácica e Cardiovascular nos EUA, na University of Minnesota. Fundou o Departamento de Cirurgia Cardíaca do Groote Schuur hospital, na Cidade do Cabo, em 1958. Em 1959 realizou o primeiro transplante renal da África do Sul. Em 1961 tornou-se Chefe do Departamento Cirurgia Torácica e Cardiovascular da University of Cape Town. A 3 de Dezembro de 1967, faz o primeiro transplante cardíaco do mundo. Combatente contra o apartheid, provocou em 1968 uma grande polémica, na África do Sul, ao transplantar o coração de um homem mestiço no dentista Philip Blaiberg de raça branca.
Christiaan Barnard também foi pioneiro em técnicas bastante ousadas para a época, como transplantes duplos , válvulas artificiais e o emprego de corações de animais para tratamentos de emergência.
Em 1983, doutor Christiaan Barnard teve que deixar de fazer operações porque sofria de artrite reumática, dedicando-se a partir desta altura, à pesquisa de como retardar o processo de envelhecimento.Os últimos anos da sua vida, Christiaan Barnard passou-os a dar conferências em vários países e dividia seu tempo entre a Europa e sua fazenda na província do Cabo, no seu país natal.
Morreu a 2 de Setembro de 2001, na cidade balneária de Paphos, no Chipre, ironicamente, vítima de ataque cardíaco.

John Stuart Mill


"A única liberdade que merece esse nome é a de buscarmos o nosso próprio bem, pelo nosso próprio caminho, enquanto não privarmos os outros do seu ou os impedirmos de se esforçarem por consegui-lo. Cada um é o guardião natural da sua própria saúde, seja física, mental ou espiritual. A humanidade acaba por ganhar mais consentindo que cada um viva à sua maneira que obrigando-o a viver à maneira dos outros."

domingo, dezembro 02, 2007

GRUPO DE PORTUGAL NO EURO 2008


Portugal acaba de conhecer os seus adversários do Euro 2008,que vai decorrer entre 7 e 29 de Junho na Áustria e Suiça. Portugal fica integrado no Grupo A, e vai ter como adversários a equipa da casa, a Suíça, a República Checa e a Turquia.
Portugal estreia-se a 7 de Junho, em Genebra, contra a Turquia, defronta quatro dias depois a República Checa, também em Genebra, e fecha a sua participação na fase de grupos a 15 de Junho, frente à Suíça, em Basileia.
Portugal já defrontou por várias vezes todos os adversários que lhe calharam em sorte neste sorteio, com os quais temos boas e más recordações:
Portugal leva ligeira vantagem nos confrontos com os helvéticos. Em nove jogos oficiais, Portugal ganhou por três vezes, empatou quatro, e perdeu por duas vezes.
A República Checa traz más recordações a Portugal. No único jogo oficial entre as duas selecções, eliminaram-nos nos quartos-de-final do Euro-96, batendo a equipa das quinas por 1-0.
A Turquia era o adversário teoricamente mais acessível no pote, que incluía a Rússia, Polónia e a França. Portugal ganhou os quatro jogos oficiais disputados com a Turquia, entre eles o triunfo nos quartos-de-final do Euro 2000, por 2-0.

GRUPOS DO EURO 2008

GRUPO A
Suíça
República Checa
Portugal
Turquia
GRUPO B
Áustria
Croácia
Alemanha
Polónia
GRUPO DA MORTE (C)
Holanda
Itália
Roménia
França
GRUPO D
Grécia
Suécia
Espanha
Rússia

Cristiano Ronaldo


O internacional português Cristiano Ronaldo, jogador do Manchester United, foi hoje consagrado como o melhor futebolista da Europa em 2007, ao ficar em segundo lugar na “Bola de Ouro” do France Football, atrás do brasileiro Kaká.
Depois do diário italiano La Gazetta dello Sport já ter avançado a vitória do médio do AC Milan, a revista francesa confirmou-a oficialmente: Kaká somou 444 pontos, contra 277 de Cristiano Ronaldo, segundo, e 255 de Lionel Messi (FC Barcelona), terceiro.
Os três jogadores - Kaká conta 25 anos, Ronaldo 22 e Messi 20 - formam o mais jovem pódio de sempre do troféu, criado em 1956, sendo que o jogador do AC Milan é o quarto vencedor brasileiro, depois de Ronaldo (1997 e 2002), Rivaldo (1999) e Ronaldinho (2005).
Atrás de Kaká, Ronaldo e Messi, classificaram-se o costa-marfinense Didier Drogba (Chelsea), com 108 pontos, e o italiano Andrea Pirlo (AC Milan), com 41, num universo de 96 jornalistas, que votaram nos 50 futebolistas eleitos pela revista.
Cristiano Ronaldo, também candidato, juntamente com Kaká e Messi, ao título de melhor jogador do ano da FIFA, fica, em grande parte, a dever este título ao desaire no confronto directo com Kaká nas meias-finais da edição 2006/2007 da Liga dos Campeões.
O AC Milan superou os ingleses, com um desaire por 3-2 em Old Trafford, onde Kaká “bisou”, e uma vitória caseira por 3-0, com mais um tento do brasileiro, e sagrou-se, depois, campeão da Europa, ao vencer na final o Liverpool por 2-1 (“bis” Filippo Inzaghi).
“Somos muito semelhantes (eu e o Cristiano Ronaldo), mas a Liga dos Campeões é determinante neste. Ele perdeu pelo Manchester United e eu ganhei pelo AC Milan”, disse Kaká, deixando uma questão: “se tivesse sido ao contrário, para quem seria?”.
Cristiano Ronaldo falhou a “Champions”, mas foi o terceiro melhor marcador da edição 2006/2007 da Liga inglesa, com 18 tentos, levando o Manchester United ao título, e é, actualmente, um dos líderes dos goleadores da “Champions”, com cinco.
O “bronze” do argentino Leonel Messi é, igualmente, fácil de explicar, já que, e mesmo sem conquistar títulos, o jovem jogador catalão “fartou-se” de encantar, conseguindo mesmo um golo à “Maradona”, face ao Getafe, num embate da Taça do Rei de Espanha.
A “Bola de Ouro” já foi ganha por dois jogadores portugueses: Eusébio da Silva Ferreira venceu em 1965, numa altura em que o prémio só estava ao alcance dos jogadores europeus, e Figo em 2000.
Cristiano Ronaldo não vai conseguir, este ano, igualar a proeza, mas junta-se a outros internacionais lusos que já conquistaram o segundo lugar: Paulo Futre em 1987 e Deco em 2004, atrás de Ruud Gullit e Andrei Shevchenko, respectivamente.
No que respeita aos outros internacionais portugueses que figuram na lista dos 50 eleitos do “France Football”, o extremo portista Ricardo Quaresma e o médio Deco (FC Barcelona), nenhum deles recebeu qualquer voto, ficando no 36º lugar. © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

sábado, dezembro 01, 2007

O Dérbi dos Dérbis


O dérbi eterno do futebol português, entre Benfica e Sporting, festeja hoje o centésimo aniversário. Foi a 1 de Dezembro de 1907 que os dois clubes se defrontaram pela primeira vez, em jogo referente à terceira jornada do segundo Campeonato Regional de Lisboa.
O primeiro jogo entre estes dois clubes, como não podia deixar de ser, foi logo rodeado de polémica. O Sport Lisboa teve grandes dificuldades para sobreviver, quando o Sporting C.P., veio no defeso contratar oito jogadores ao Benfica. Os "traidores" que trocaram o Sport Lisboa pelo Sporting, foram: José da Cruz Viegas, Emilío de Carvalho, Albano dos Santos, António Couto, António Rosa Rodrigues, Candido Rosa Rodrigues, Daniel Queirós dos Santos e Henrique Costa. O Sporting que vivia desafogado na sombra do dinheiro do avô de José Alvalade, o Visconde de Alvalade, tinha sede, campo próprio e balneários, ofereceu banhos quentes aos jogadores, a lavagem de equipamentos e uma bola nova em cada jogo, enquanto que o Sport Lisboa nem sequer campo de jogos tinha, que fará outros "luxos".
Nestas condições, o primeiro dérbi entre os clubes, reuniu uma grande afluência de público ao campo, por um lado, os sportinguistas, desejosos de ver a grande equipa construída por José Alvalade e por outro lado, os benfiquistas empenhados em apoiar os seus jogadores contra os "traidores". Também estavam muitos adeptos neutros, atraídos pela polémica à volta do jogo.
O jogo realizou-se na Quinta Nova, em Carcavelos e o árbitro foi o inglês Burtenshaw. O resultado, foi de 2-1 favorável ao Sporting, tornando-se assim no primeiro clube a vencer o dérbi.
Cândido Rodrigues, um dos "traidores", marcou o golo inaugural dos dérbis, dando vantagem à equipa sportinguista . O Sport Lisboa reagiu e Eduardo Corga empatou o jogo. Entretanto, segundo rezam as crónicas, começou a chover a cântaros, o que fez com que a partida fosse interrompida. Os jogadores só voltaram contrariados ao campo para reiniciar a partida, após serem convencidos pelo senhor Burtenshaw, o árbitro do jogo. O resultado final surgiria já na segunda parte, com um golo na própria baliza de Cosme Damião, o histórico fundador do Benfica.
As equipas alinharam:
Sport Lisboa: João Persónio, Luís Vieira e Leopoldo Mocho, Alves, Cosme Damião e Marcolino Bragança, Félix Bermudes, António Costa e Eduardo Corga, António Meireles e Carlos Fraça.
Sporting CP: Emílio de Carvalho, Queirós dos Santos e José Belo, Albano dos Santos, António Couto e Nóbrega de Lima, António Rosa Rodrigues, Cândido Rosa Rodrigues e Jacob Eagleson, Cruz Viegas e Henrique Costa.
No “dérbi dos dérbis” os momentos de inspiração individual ou colectiva, são decisivos para levar alguns destes jogos, por uma ou outra razão, a entraram para a história do futebol português. Entre esses jogos, há dois célebres, os 7-1 com que o Sporting humilhou o Benfica; e os 6-3 com que os benfiquistas responderam, em Alvalade.
No primeiro, a 14 de Dezembro de 1986, o Benfica perdeu a invencibilidade frente ao Sporting, orientado por Manuel José, que esteve intratável na segunda parte. O Sporting abriu o activo com um golo de Mário Jorge aos quinze minutos do primeiro tempo. No recomeço da segunda parte Manuel Fernandes (50m) aumentou a contagem para 2-0. O Benfica reduziria a desvantagem para um golo, quando aos 59 minutos Wando apontou o tento benfiquista. A partir desta altura foi o descalabro do Benfica, Manuel Fernandes por mais três vezes, Mário Jorge e Meade, fizeram o resultado final de 7-1. Apesar desta pesada derrota, o Benfica seria campeão nacional. O Sporting ficaria em terceiro, atrás do FC Porto.
Com arbitragem de Vítor Correia de Lisboa, as equipas alinharam:
Sporting C.P. – Damas, Gabriel, Venâncio, Virgílio e Fernando Mendes (Duílio 79m), Oceano, Litos, (Silvinho 79 m), Zinho, Mário Jorge, Manuel Fernandes e Meade.
S.L. Benfica – Silvino, Veloso, Oliveira, Dito e Álvaro, Diamantino (César brito 72m), Carlos Manuel, Shéu, (Nunes 58m), Chiquinho, Rui águas e Wando.
Sete anos depois, o Benfica clamou “vingança”, quando, a 14 de Maio de 1994, no jogo do título, venceu em Alvalade, por 6-3. O Sporting, esteve a vencer por 1-0 e 2-1, mas João Pinto, com um hat-trick na primeira parte, escreveu a mais bela página da sua carreira. No segundo tempo, Carlos Queiroz, técnico do Sporting, arriscou tudo e o Benfica aproveitou para chegar aos 6-2, por Isaías (2) e Hélder. Balakov ainda reduziu, de penálti.
Com a arbitragem de António Marçal de Lisboa, as equipas alinharam:
Sporting C.P.- Lemajic, Nelson, Valckx, Vujacic, Paulo Tores, (Pacheco 45m), Paulo Sousa, Capucho, Figo, Balakov, Cadete e Iordanov (Poejo 60m).
S.L. Benfica – Neno, Veloso, Mozer, Hélder, Kenedy, Abel Xavier, Vítor Paneira, Isaías, (Rui Costa 71m), Schwarz, João Pinto (Rui Águas 78m) e Ailton.
Nos anais da história dos dérbis entre Benfica e Sporting, também deve ser recordada, uma das páginas mais tristes do futebol português. Na final da Taça de Portugal, realizada no Estádio Nacional, a 18 de Maio de 1996, um adepto leonino morreu ao ser atingido no peito por um “very-light” lançado por adeptos benfiquistas.
Desde do longínquo 1 de Dezembro de 1907, o Benfica e o Sporting já se encontraram por 179 vezes, em jogos a contar para Campeonato Nacional, a Taça de Portugal, a Supertaça Cândido de Oliveira. Destes 179 jogos, 81 foram ganhos pelo Benfica, 60 pelo Sporting e 38 acabaram empatados.