terça-feira, janeiro 02, 2007

A Derrota Moral do Ocidente.


A execução do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein na manhã de Sábado, 30 de Dezembro, é uma demonstração inequívoca que cinco mil anos de civilização não fazem a Justiça melhor.
Na melhor tradição do Código de Hamurábi, de “olho por olho, dente por dente”, a “democracia” iraquiana enforcou Saddam Hussein, para regozijo de Israel, do Irão e do Presidente americano George W. Bush: “o julgamento de Saddam Hussein marca o empenho do povo iraquiano em substituir o domínio de um tirano pelo domínio da lei. Trata-se de um grande desempenho da jovem democracia iraquiana. As vítimas daquele regime receberam hoje a justiça que achavam que nunca chegaria”, disse o Presidente americano.
Depois do chorrilho de mentiras por parte dos americanos para a invasão do Iraque, parece que o objectivo principal da invasão está finalmente cumprido: Saddam foi enforcado.
Felizmente que o mundo é plural e nem todos tem a mesma opinião. Críticas contra a execução de Saddam vieram do mundo inteiro, com a Europa à cabeça a repudiar esta execução e o Vaticano a alertar que não se deve punir um crime com outro.
As vozes contra esta execução estão longe de sentir qualquer simpatia pelo ex. ditador, mas pura e simplesmente, repudiam este crime, que é a pena de morte.
O enforcamento de Saddam Hussein, será recordado historicamente, como um acto ignóbil das novas autoridades iraquianas e de toda a Administração Norte-americana, especialmente do Presidente George W. Bush.
Esta execução medieval, vem demonstrar que o Estado de Direito, como o conhecemos e queremos exportar, está muito longe de existir no Iraque, além de que, a Democracia que o Ocidente quer impor como um imperativo moral a muitos dos países do Mundo, sofreu o seu maior revés.
Por último, a execução da sentença de Saddam Hussein, com o alto patrocínio dos Estados Unidos e do Reino Unido é, também, uma derrota, para todos aqueles que advogam a "superioridade moral do Ocidente" e mais uma benesse para todos aqueles que fazem do extremismo e terrorismo a sua causa de vida.
Dizem que Ghandi comentou um dia, sobre o Código de Hamurábi: “Olho por olho, deixa o mundo cego”. Além de concordar, acho que, é difícil encontrar uma crítica mais devastadora a esta forma de fazer justiça.

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