terça-feira, setembro 27, 2005

Blogosfera em Felgueiars

No século XX tinhamos os fenómenos no Entroncamento. Mas hoje há Felgueiras, "o Entroncamento do século XXI". Esta descrição - fenomenal - consta do blogue Felgueiras 2005.blogspot.com e é anterior à reaparição da autarca do mesmo nome lá na terra. Uma blogosfera activa segue os acontecimentos políticos locais, à margem do que dizem os media nacionais. Exemplos de como a blogosfera, potencialmente global, como a Internet, forma uma esfera pública alternativa, a nível local. Um fenómeno do século XXI que retrataremos aqui, durante as autárquicas. Na blogosfera felgueirense entram páginas como o Diário de Felgueiras (endereço JoséCarlosPereira.blogspot.com), com muita informação, actualizada diariamente. Este diário virtual puxa por um ataque do Bloco à isenção da RTP que é retomado na página Ovelhanegra, que bate em todos os partidos excepto no... Bloco, uma das duas organizações partidárias com página própria nesta blogosfera. A outra é a Juventude Socialista e, pelo que se lê, o candidato socialista não é bem visto por lá. Também há as páginas apolíticas, como o EN-101 (nome conseguido) ou A Fábrica. Mas este reproduz o texto onde um candidato autárquico escreve "o conselho de Felgueiras". Um fenómeno, a blogosfera. M.G.
Notícia DN.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Fernando Alonso


O espanhol Fernando Alonso, da Renault, fez o suficiente para assegurar o título de campeão Mundial de F1. Neste domingo, terminou em terceiro lugar no GP do Brasil, disputado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, e tornou-se o mais jovem campeão da história da categoria. Também foi o primeiro espanhol a ser campeão da F1.
Com 24 anos, Fernando Alonso, tornou-se o mais jovem campeão da F1.
O recorde anterior era do brasileiro Emerson Fittipaldi, que tinha 25 anos, oito meses e 28 dias quando se tornou campeão no ano de 1972. O espanhol, por sua vez, tornou-se ontem campeão com 24 anos, um mês e 27 dias.
A excelente notícia é, que com esta vitória, Fernando Alonso acaba com a hegemonia do alemão Michael Schumacher, que vinha de conquistar cinco títulos consecutivos.

Fernando Alonso, nasceu em 28 de Julho de 1981 em Oviedo Espanha. Oriundo de uma família humilde, o pai era torneiro mecânico e a mãe funcionária do El Corte Inglês, nasceu com vocação para vingar no mundo do desporto automóvel. Por influência paterna, aos 4 anos já se sentava num kart de fabrico caseiro, porque as economias não permitiam outra coisa. Ainda como infantil, correu sempre com miúdos mais velhos, nas provas organizadas em diversas localidades da região das Astúrias, mas nem por isso deixava de os derrotar, ganhando a primeira prova oficial aos 7 anos. O pai, Jose Luis Alonso, dedicava todo o tempo livre de que dispunha aos cuidados da preparação do kart para as corridas do fim de semana.
Com a subida de escalão, os gastos aumentavam quase em proporção, criando dificuldades ao modesto orçamento gerido pelo pai Alonso, que apenas quando o miúdo tinha nove anos e já ostentava o título das Astúrias e da Galiza lhe comprou um kart em primeira mão.
Já detentor de vários títulos em Espanha, chegava o momento de dar o salto, em termos de competição, para a Europa, mas o problema era sempre o mesmo: escassos recursos financeiros. Um importador de karts, Genis Marco, acabaria por ser determinante no futuro da carreira do actual piloto da Renault. Passou a apoiá-lo oficialmente, angariando também patrocínios e Alonso podia dispor, finalmente, de material novo e competitivo em cada prova. Um salto qualitativo que lhe permitiu, a partir de então, brilhar também a nível internacional, conquistando, entre outros sucessos, um título de campeão mundial de karting na categoria júnior. Passa de seguida pela Fórmula 3000, em 2001 chega finalmente à F1, onde se estreia pela Minardi, no Grande Prémio da Austrália, tornando-se o terceiro mais jovem piloto de sempre a fazê-lo. Em 2002 é chamado para piloto de testes da Renault e no ano seguinte torna-se piloto oficial da marca. Em 2003, a 22 de Março alcança a sua primeira Pole Position, tornando-se o piloto mais jovem de sempre a alcançá-la. Nesse mesmo ano, no Grande Prémio da Hungria, com 22 anos e 26 dias, torna-se o mais jovem piloto a ganhar um Grande Prémio.
Ontem, voltou a fazer história.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Afinal o que é... Sexo?


Recebi este texto por mail, como lhe acho piada, decidi fazer este post.
Afinal o que é... Sexo?
Para o médico o sexo é
... uma doença porque sempre termina na cama.
Para o advogado o sexo é... uma injustiça porque sempre há quem fica por baixo.
Para o engenheiro o sexo é... uma máquina perfeita porque é a única em que se trabalha deitado.
Para o arquitecto o sexo é... um erro de projecto porque a área de lazer fica muito próxima da área de saneamento.
Para o político o sexo é... um acto de democracia perfeito porque todos gozam independentemente da posição.
Para o economista o sexo é... um desajuste porque entra mais do que sai. Às vezes nem sabe o que é activo ou passivo.
Para o contabilista o sexo é... um exercício perfeito: põe-se o bruto, faz-se o balanço, tira-se o bruto e fica o líquido. Podendo, na maioria dos casos, ainda gerar dividendos.
Para o matemático o sexo é... uma perfeita equação porque a mulher coloca entre parênteses, eleva o membro à sua máxima potência, e extrai-lhe o produto, reduzindo-o à sua mínima expressão.
Para o psicólogo o sexo é...explicar é foda!

Bom fim de semana, esqueçam o trabalho...

quinta-feira, setembro 22, 2005

Furacão Rita


O furacão Rita, que atingiu a categoria máxima na escala Saffir-Simpson, é já o terceiro de maior intensidade na história da bacia das Caraíbas, anunciou o Centro norte-americano de Furacões.
O Centro Nacional de Furacões disse que os ventos do Rita atingiram 265 quilómetros por hora ao passarem sobre as águas quentes do golfo do México, depois de atingir as ilhas Key, na Flórida, na terça-feira. A tempestade provocou poucos danos no arquipélago, mas na de quarta-feira tornou-se um furacão de categoria 5, superando o poder de destruição do furacão Katrina, que devastou parte da Louisiana, Mississippi e Alabama em 29 de Agosto.

Mais de um milhão de pessoas estão a entupir as auto-estradas do estado do Texas para tentar sair das cidades de Houston e Galveston, por causa do avanço do furacão Rita naquela direcção.
O Presidente George W. Bush criticado pela falta de reacção da Administração ao desastre do furacão “Katrina”, pediu agora aos americanos que «ouçam com atenção as instruções dadas pelas autoridades estaduais e locais» em relação ao “Rita”.
«Esperamos e rezamos para que o furacão “Rita” não seja uma tempestade devastadora, mas temos de estar preparados para o pior», disse Bush num discurso perante a Coligação Judaica Republicana.
Centenas de camiões de água, gelo e refeições pré-preparadas chegaram terça-feira às localidades que estão no caminho do “Rita” e equipas médicas e de emergência encontram-se de prevenção.
«Sabemos que haverá um espaço de tempo antes de a ajuda chegar, por isso, têm de ter o plano da vossa família pronto, o plano de evacuação pronto. Verifiquem se têm comida, água, medicamentos e todas as coisas que precisam para sobreviver alguns dias sozinhos», pediu o novo director da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), David Paulison.
Entretanto o último balanço de mortes em consequência do furacão Katrina é de 1037 vítimas mortais.
*Seguem-se os nomes de alguns dos mais mortais furacões que atingiram o sul dos Estados Unidos desde 1900, por número de mortes:
1900 -- Um furacão sem nome, conhecido desde então como Galveston, atinge o Texas, matando pelo menos 8.000 pessoas.
1928 -- Cerca de 2.500 pessoas são mortas na Flórida por um furacão que provocou tempestades e enormes ondas no lago Okeechobee.
2005 -- O furacão Katrina ataca Louisiana e Mississippi com ventos de 224 quilómetros por hora e ondas de nove metros. O total de mortos pelo Katrina é de 1.037 até 21 de Setembro.
1935 -- Um furacão sem nome, de categoria 5, varre as ilhas Key, da Flórida, deixando 408 mortos. O furacão passou a ser mencionado como o do Dia do Trabalho de 1935 e é a tempestade mais intensa a atingir os Estados Unidos desde o início dos registos.
1957 -- Furacão Audrey atinge o sudoeste da Louisiana e Texas, matando 390 pessoas.
1919 -- Um furacão sem nome atinge a Flórida e o Texas, matando 287 pessoas.
1969 -- Furacão Camille, a segunda tempestade mais intensa a investir contra os EUA, mata 256 pessoas no Mississippi, Virgínia e Louisiana.
1972 -- Furacão Agnes, apesar de ser apenas da categoria 1, mata 122 pessoas ao atingir a Flórida.
1954 -- Furacão Hazel ataca a Carolina do Norte e a Carolina do Sul, matando 95 pessoas.
1965 -- Nova Orleans recebe um golpe do furacão Betsy, de categoria 3, que inunda a cidade e mata 75 pessoas.
1961 -- Furacão Carla atinge o Texas, matando 46.
1989 -- Furacão Hugo inunda a Carolina do Sul, matando 32.
1992 -- Furacão Andrew, de categoria 5, dilacera a Flórida e a Louisiana, deixando 29 mortos e causando mais de 25 mil milhões de dólares em danos. Foi o furacão que causou mais prejuízo entre os que atingiram os Estados Unidos e o terceiro mais intenso da história.
2004 -- Furacão Ivan, de categoria 3, atinge a Flórida e o Alabama, matando 25. O furacão Charley, de categoria 4, investe contra a Flórida, matando 23.
*Fonte: www.nhc.noaa.gov.

Outono


Fotografia chez-moi.

Num pálido desmaio a luz do dia afrouxa
E põe, na face triste, um véu de seda roxa...
Nuvens, a escorrer sangue, esvoaçam, no poente.
E num ermo, que o Outono adora eternamente,
Vê-se velhinha casa, em ruínas de tristeza,
Onde o espectro do vento, às horas mortas, reza
E o luar se condensa em vultos de segredo...
Almas da solidão, sombras que fazem medo,
Vidas que o sol antigo, um outro sol, doirou,
Fumo ainda a subir dum lar que se apagou.

Paisagens, de Teixeira de Pascoaes

quarta-feira, setembro 21, 2005

Leonard Cohen


“Como um pássaro no fio, como um bêbado numa cantoria nocturna, eu vou buscando a minha maneira de ser livre”, definiu-se na sua mais emblemática canção, “Bird on the wire”.
Faz hoje setenta e um anos, um dos melhores poetas e músicos do nosso tempo.
Nascido numa família tradicional judaica, em 21 de Setembro de 1934, Leonard Cohen escreveu os primeiros poemas aos 15 anos, dando início a uma busca pessoal que o levou também à boémia, à música, às drogas e a insolúveis conflitos em todos os caminhos que tem percorrido, incluindo o religioso. Enquanto frequentava a universidade, Cohen começou a escrever poesia e passou a fazer parte de uma cena literária local tão underground que era apelidada de «subversiva». A sua primeira colectânea de poesia, Let Us Compare Mythologies, foi editada em 1956, quando Cohen ainda estava a estudar. Mas foi o segundo livro de poemas, The Spice Box of Earth, de 1961, que lhe deu o reconhecimento internacional. As suas origens, além do hábito de se vestir bem, afastaram dele os poetas da geração beat. Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs consideravam-no “muito classe média para nós”.
Depois da licenciatura, Leonard Cohen partiu para uma viagem pela Europa e acabou por se fixar na ilha grega de Hidra, onde viveu durante sete anos. Na Grécia, escreveu mais dois livros de poesia, Flowers For Hitler (1964) e Parasites of Heaven (1966) e dois romances, O Jogo Preferido (1963) e Belos Vencidos (1966).
Depois da passagem pela Grécia, Cohen decidiu regressar ao continente americano e iniciar uma carreira musical. Em 1967, apareceu no Festival Folk de Newport, onde chamou a atenção de John Hammond, o responsável pela edição de nomes como Billie Holiday, Bob Dylan. Finalmente, em 1967, aos 33 anos, lançou Songs of Leonard Cohen, que já trazia alguns temas muito conhecidos, como Sisters of Mercy e So long Marianne, além de Suzanne. Este disco apresentava as principais características da sua obra musical, feita de melodias suaves, aparentemente monótonas, quase declamativas, porém dotadas de uma beleza que dispensa teorizações. Em 1968, Cohen editou mais um livro de poesia, Selected Poems: 1956-1968, e, no ano seguinte, o seu segundo álbum de originais, Songs From a Room.
Os anos que se seguiram foram prolíferos, tanto em termos de poesia como de música. Songs of Love and Hate (1971), Live Songs (1972), New Skin For the Old Ceremony (1973), Best of Leonard Cohen (1975), Death of a Lady´s Man (1977), Recent Songs (1979), Various Positions (1985), I´m Your Man (1988), The Future (1992), Cohen Live (1994), Field Commander Cohen - Tour of 1979 (2001), Ten New Songs (2001) e The Essential Leonard Cohen (2002) foram os álbuns editados por Cohen e The Energy of Slaves (1972), Death of a Lady´s Man (1978), The Book of Mercy (1984), Stranger Music (1993), os livros de poemas.
Pouco tempo depois da digressão do álbum The Future, Cohen começou a passar cada vez mais tempo num retiro zen no topo do monte Baldy, no sul da Califórnia. Passava a maior parte do tempo a meditar, a exercitar os koans e a cozinhar para o seu mestre, Sasaki Roshi.
Em 1999, depois de quase cinco anos no monte Baldy, período em que Cohen foi ordenado monge zen e baptizado com o nome dharma de Jikan (O Silencioso), o compositor desceu a montanha com centenas de novos poemas e letras de canções. Começou imediatamente a trabalhar as canções e daí nasceu o álbum Ten New Songs.
Voltou aos registos discográficos em 2004, com mais um disco intimista intitulado Dear Heather.

Parabéns Mister Cohen!

Fátima Felgueiras


A ex-presidente da Câmara de Felgueiras Fátima Felgueiras foi detida hoje pelas autoridades policiais portuguesas no aeroporto de Lisboa, onde chegou às 7:00 vinda do Rio de Janeiro, no Brasil, disse à Lusa fonte policial.
A fonte da Polícia Judiciária adiantou que a autarca pediu para ser detida, o que foi cumprido pela PJ, que estava na posse de um mandado de detenção emitido pelo Tribunal da Relação de Guimarães.
Fátima Felgueiras deverá agora ser conduzida ao Tribunal Judicial de Felgueiras onde será ouvida, provavelmente ainda hoje, pelo delegado do Procurador da República.
Fátima Felgueiras vai entregar ao Tribunal um requerimento solicitando a alteração do regime de prisão preventiva a que foi sujeita em Maio de 2003, data em que se fugiu para o Brasil.
No documento, a ex-autarca argumenta que já não existem as três razões invocadas pela Relação para lhe impor aquela medida: o perigo de perturbação do inquérito, o de continuação da alegada actividade criminosa na Câmara e o de fuga.
No primeiro caso, lembra que o inquérito está terminado pelo que não pode nele intervir, no segundo, assinala que já não governa os destinos da Câmara, dado ter renunciado ao mandato, e, no terceiro, usará o argumento de que regressou voluntariamente do Brasil para "provar" a sua inocência em Tribunal.
Caso o Tribunal não lhe conceda a liberdade, poderá manter a prisão preventiva, ou alterar a medida de coacção, optando pela prisão domiciliária, pelo pagamento de uma caução, ou mesmo pela imposição do sistema de pulseira electrónica.
Ao regressar a Portugal, Fátima Felgueiras cumpre a promessa feita a 03 de Agosto ao Tribunal de Felgueiras, e concretiza aquilo que vinha dizendo desde que foi para o Brasil, para fugir a um mandado de captura das autoridades portuguesas.
Fátima Felgueiras está acusada de 23 crimes, seis dos quais de corrupção passiva para acto ilícito e quatro de abuso de poderes.
O caso, conhecido como o "saco azul de Felgueiras", envolve 14 outros arguidos, estando julgamento marcado para dia 11 de Outubro em Felgueiras.
A autarca sempre se disse "inocente", garantindo que o conseguirá "provar em julgamento" e "nunca geriu qualquer saco azul ilegal, em benefício próprio, do PS ou do Município".

A ex-autarca Fátima Felgueiras, invocou a imunidade dos candidatos autárquicos para evitar a prisão preventiva, disse à Lusa fonte da Polícia Judiciária.
A mesma fonte disse que a ex-presidente da Câmara de Felgueiras pediu à Polícia Judiciária do Porto, em cujas instalações se encontra detida, para transmitir o seu pedido de imunidade ao Tribunal Judicial de Felgueiras. Felgueiras ficará nas instalações da PJ do Porto a aguardar a decisão do Tribunal.
O pedido de imunidade significa que Fátima Felgueiras decidiu levar por diante a sua candidatura como independente à Câmara de Felgueiras, anteriormente formalizada por um grupo de apoiantes.
Além dos telejornais terem de que falar à hora do almoço, mostrando uma vez mais, o lixo de informação a que nos habituaram, a senhora arrisca-se sériamente, a ser reeleita presidente da Câmara de Felgueiras.

terça-feira, setembro 20, 2005

Simon Wiesenthal


O “caçador de nazis” Simon Wiesenthal, morreu hoje em Viena aos 96 anos.
Fundador do Centro Judaico de Documentação, em Viena, ajudou a capturar cerca de 1.100 criminosos de guerra nazistas, entre eles Adolf Eichmann, o carrasco que planeou o extermínio dos judeus. Wiesenthal recebeu mais de uma centena de prémios e condecorações, entre os quais a “Medalha Presidencial da Liberdade”, maior condecoração civil dos Estados Unidos, oferecida por Bill Clinton, em 2000, e o “World Tolerance Award”, outorgado para premiar o seu compromisso com a justiça, a tolerância e a paz. Também foi homenageado por movimentos de resistência de vários países europeus, recebeu “Medalhas da Liberdade” na Holanda e no Luxemburgo, e a Medalha de Ouro do Congresso americano. Foi nomeado Cavaleiro da Legião de Honra, na França, e seu trabalho em prol dos refugiados foi reconhecido pelas Nações Unidas.
Simon Wiesenthal nasceu em 31 de Dezembro de 1908, em Buczacz, então parte do Império Austro-húngaro, hoje Lvov, na Ucrânia. Recusado pelo Instituto Politécnico da sua cidade natal pelas cotas restritivas a alunos judeus, fez os seus estudos na Universidade de Praga, onde se formou em Arquitectura, em 1932.
Em 1936 casou-se com Cyla Mueller e trabalhou num gabinete de arquitectura em Lvov. Em 1939, a Alemanha e a Rússia assinaram o pacto de não-agressão e concordaram em dividir a Polónia entre si. O exército russo logo entrou em Lvov. O padrasto de Wiesenthal foi detido pelo NKVD (Comissariado do Povo para os Assuntos Internos - polícia soviética) morrendo na prisão. O meio-irmão foi abatido a tiro e o próprio Wiesenthal viu-se obrigado a encerrar o seu gabinete, tornando-se mecânico numa fábrica. Mais tarde conseguiu salvar-se, e à mulher e à mãe, da deportação para a Sibéria subornando o comissário do NKVD. No início de 1942, os nazis decidiram pôr em prática a “Solução Final” para o “Problema judeu “ - Aniquilação.
Em Agosto de 1942, a mãe de Wiesenthal foi enviada para o campo de morte de Belzec. Em Setembro, a maior parte da família da mulher estava morta. No total, sucumbiram 89 elementos de ambas as famílias.
Conseguiu fugir em 1943, mas foi recapturado no ano seguinte e enviado novamente para o campo de Janovska. Com o avanço do Exército Vermelho, as SS decidiram manter vivos os 34 mil prisioneiros que ainda restavam dos 149 mil que havia inicialmente no campo. Durante a marcha de retirada rumo ao Ocidente, que passou pelo campo de Buchenwald e terminou em Mauthausen, pouquíssimos prisioneiros sobreviveram.
Quando, em 5 de Maio 1945, o campo de Mauthausen foi libertado pelos americanos, Simon pesava menos de 50 quilos. Assim que recuperou as suas forças, começou a reunir provas das atrocidades cometidas pelos nazistas para a secção dos crimes de guerra do exército americano. Além desse trabalho, dirigia o Comité Judaico da Áustria, uma organização assistencial beneficente.
No final de 1945, Simon e Cyla reencontraram-se e uniram-se novamente, após anos acreditando que o outro morrera. Um ano depois, nasceu sua filha Pauline. Simon Wisenthal criou em 1947 o centro de informação e documentação sobre criminosos nazis, ponto de partida para a procura de nazis.
Após anos de perseguição obstinada na Argentina, localizou Eichmann, que os serviços secretos israelitas raptaram em Buenos Aires em 1960. Levado perante a justiça em Israel, em 1961, o dirigente nazi foi condenado à morte e executado pelo Estado hebraico a 31 de Maio de 1962. Em 1967, Simon Wiesenthal desferiu mais um golpe de mestre com a detenção do comandante do campo de concentração de Treblinka, Franz Stangl. “Para que Auschwitz não se interponha sempre entre os judeus e os alemães é preciso que os criminosos de guerra sejam condenados”, defendia Wiesenthal. Ao retirar-se, em 2003, observou: “Os criminosos que procurei, encontrei-os. Sobrevivi a todos eles”.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Maria Callas


Maria Anna Sofia Cecilia Kalogeropoulos, filha de emigrantes gregos, nasceu em Nova Iorque, no dia 2 de Dezembro de 1923. Depois do divórcio dos pais, em 1937, foi viver para a Grécia, onde começou a estudar canto, no Conservatório de Atenas. Aos 16 anos, substituiu uma outra cantora em Tosca, na Ópera de Atenas. Em 1945 regressou a Nova Iorque, na esperança de iniciar uma carreira internacional, mas foi em Verona, Itália, ao interpretar «La Gioconda», que deu o primeiro grande passo para se tornar na mais célebre soprano de todos os tempos. A partir daí, as interpretações em óperas dos maiores compositores tornaram conhecidas as suas extraordinárias capacidades vocais e de expressão dramática. Embora a sua técnica não fosse considerada perfeita, Maria Calas contribuiu para a popularidade dos papéis clássicos da coloratura através da expressividade que lhes conseguia imprimir e do seu carisma. Em Verona conheceu o empresário Giovanni Battista Meneghini, com quem viria a casar. A sua carreira prosseguiu então, acumulando sucessos, tornando-se a cantora de ópera mais célebre e procurada do seu tempo.
Em 1957, Maria Callas conheceu o milionário grego Onassis, por quem deixou o marido em 1959, tornando pública a sua relação amorosa com o armador grego, um dos homens mais ricos do mundo, que insistia para que ela deixasse os palcos .Aristóteles Onassis viria depois a separar-se dela, casando com Jacqueline Kennedy em 1968. Desde inícios dos anos 60, a voz de Callas começara a acusar algum desgaste, chegando mesmo os médicos a proibi-la de cantar. A sua última grande interpretação em palco foi na ópera «Tosca», no teatro de Covent Garden, em Londres, em 1965. Após um longo período em que se afastou dos palcos, Maria Callas voltou aos palcos em 1973 em companhia de Di Stefano numa digressão mundial que se inicia na Alemanha e termina no Japão. Mas, Callas não recupera a paixão e a vontade de viver. Em 1974, apresentou-se pela última vez em público e recolhe-se no seu apartamento de Paris.A 16 de Setembro de 1977, pouco antes de completar 54 anos, “La Diva” acordou de manhã e sucumbiu duas horas depois, vítima de um ataque cardíaco. Encontrava-se sozinha, no seu apartamento em Paris.

Equidade de Género


Em Nenhum País do Mundo As Mulheres Têm as Mesmas Oportunidades que os Homens
Não existe, actualmente, um único país do mundo onde as mulheres gozem das mesmas oportunidades que os homens. Apesar do progresso em algumas áreas nos últimos anos, as mulheres estão ainda em desvantagem na vida económica e política, de acordo com o último relatório anual da Social Watch.
O Social Watch é uma rede internacional de 400 organizações não governamentais de mais de 50 países – entre as quais a Oikos em Portugal – dedicada a monitorizar o cumprimento dos compromissos nacionais e internacionais para a erradicação da pobreza, que tem a equidade de género como uma das suas dimensões fundamentais.
A exclusão das mulheres é muito visível na arena política. Apesar de representarem mais de metade da população mundial, somente 15 por cento das mulheres têm assento nos parlamentos no mundo.
De acordo com os estudos internacionais, para que as mulheres possam exercer uma influência real sobre os processos políticos é necessário que ocupem pelo menos 30 por cento dos cargos políticos. No entanto, apenas alguns países, na sua maioria na Europa do Norte, superam esta taxa: Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca.
Em Portugal, e após as eleições de 2005, as mulheres representam apenas 17,8% entre os deputados da Assembleia da República e há apenas duas mulheres entre os 16 ministros do actual Governo.
De facto, a presença de mulheres nos centros de poder de decisão política é o único indicador de equidade de género que não varia segundo a pobreza do país. Em alguns dos países mais ricos do mundo como a França ou o Japão, as mulheres ocupam apenas entre 10 e 12 por cento dos assentos parlamentares, que é menor do que a taxa de 13 por cento alcançada pela África subsariana, a região mais pobre do mundo.
De um modo geral, os decisores políticos nacionais continuam a ser homens, e isto acaba por se reflectir no tratamento dos temas que preocupam as mulheres: 47 países membros da ONU continuam sem assinar ou ratificar a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, adoptada em 1979, e outros 43 fizeram-no com reservas, diz o relatório.
Quanto à participação económica, a nível mundial as mulheres enfrentam diferentes níveis de discriminação laboral. Elas têm um acesso limitado ao mercado do trabalho, e o salário médio que recebem é menor do que o dos homens. As maiores iniquidades nestes dois aspectos encontram-se nos países do Médio Oriente, no Norte de África e alguns na América Latina como o Chile, México e Peru.
Contrariamente ao que muitos podem assumir, os países não necessitam de altos níveis de rendimento para conceder oportunidades iguais para homens e mulheres. Existem algumas nações com problemas sérios de pobreza e que têm feito um progresso assinalável no alcance de uma maior equidade de género, revela o relatório Social Watch.

Fonte Oikos.

quinta-feira, setembro 15, 2005

O Embus(h)te Americano


Apesar de milhões de dólares gastos na prevenção, para responder a catástrofes de todos os níveis, a resposta da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), à passagem do furacão Katrina, foi feita de uma maneira descoordenada, com falhas de comunicação e confusão generalizada, que custou a vida a muitas centenas, ou mesmo milhares de americanos. Acusado de ter demorado demasiado tempo a reagir à catástrofe – só abandonou o seu rancho no Texas, onde estava de férias, dois dias depois de o Katrina ter destruído New Orleans, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu na segunda-feira que foram cometidos erros na forma como as autoridades responderam à catástrofe criada pelo furacão Katrina, há cerca de duas semanas. George Bush disse em New Orleans, que houve uma inoperância dos serviços de protecção civil e que as críticas que alguns sectores lhe fizeram, são justas.
George W. Bush, fez estas declarações num momento em que as sondagens publicadas pelas revistas Time e Newsweek, dizem que a esmagadora maioria dos americanos estava descontente com a velocidade de reacção do governo norte-americano à tragédia de 29 de Agosto.

Obrigado, Humor Negro.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Acção Governativa


Quadro Pleasure Principle - René Magritte
Num país mal governado, em que os salários de miséria são uma regra, é, de certa forma, escandaloso ouvirmos notícias de pessoas que são nomeadas para cargos para os quais, sem nunca ter demonstrado alguma competência, auferem salários milionários. Ao longo destes seis meses, foram muitas as nomeações que indignaram de uma forma ou de outra o cidadão comum. Assim de cabeça lembro-me: Pina Moura, Fernando Gomes, Armando Vara, Oliveira Martins e ainda ontem, Maria Rui. A lista seria certamente muito mais extensa se fizesse uma pequeníssima pesquisa. Mas para o efeito estes nomes são os bastantes. Ontem estava numa pequena arrumação aos meus livros, quando me veio parar à mão o livro “A Nova Ordem Estupidológica” do psicólogo Vítor J. Rodrigues. Já há muito que não lhe punha os olhos em cima , por isso decidi folheá-lo, e encontrei este texto que quero partilhar convosco:
“…Um governo de estúpidos não se avalia realmente a si mesmo, nem fornece aos outros elementos para que o avaliem: pelo contrário, apresenta dados que convençam os outros de que é um bom governo. A fim de assegurar a perpetuação do poder, é fundamental fazer quatro coisas:
a - Consolidar o poder. Acelerar o acesso de primos, conhecidos, comparsas, colegas, enfim, estúpidos de confiança a lugares-chave .Elaborar legislação destinada a favorecer e proteger as conquistas de todos os interessados em que o político estúpido continue a governar.
b – Convencer o público de que os seus interesses estão a ser objecto de um zelo desvelado. Isto será grandemente facilitado pelo facto de uma parte destes interesses ser de natureza estúpida – o que, nos tempos que correm, é frequentemente o caso.
c – justificar cuidadosamente as decisões tomadas. O que importa é justificá-las a posteriori, razão pela qual elas podem e devem ser tomadas segundo conveniências políticas momentâneas deixando depois a técnicos esforçados o cuidado de inventarem justificações que pareçam convincentes (até mesmo científicas).Isto costuma ser especialmente interessante e útil na esfera educativa e laboral.
d – Afastar do poder as pessoas inteligentes. Este aspecto costuma ser fácil pois essas pessoas tomam frequentemente a iniciativa de se conservarem afastadas – sob o efeito do enjoo – ou, noutra variante, não têm hipóteses pois uma boa parte do mundo está nas mãos dos estúpidos…
Apesar deste texto ser ficção, e não ter nadinha a ver com o que se passa no nosso país, não resisti a partilhá-lo.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio


Em Setembro de 2000, 189 Chefes de Estado e de Governo, reunidos a nível de Cimeira, aprovaram a Declaração do Milénio. Exactamente um ano depois da assinatura desta declaração o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, apresentou um projecto contendo oito medidas essenciais para que a declaração do milénio pudesse ser executada até a data estipulada de 2015. Ficando conhecido este documento como Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). O mais importante objectivo é a redução da pobreza e da fome para metade. Os outros sete objectivos são menos ousados. Quando a 60ª sessão da Assembleia-Geral da ONU for inaugurada na próxima quarta-feira são exactamente estes “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio” que estarão em cima da mesa:
ODM 1: redução da pobreza e da fome
O primeiro ODM é a redução da pobreza extrema e da fome para metade. Para as Nações Unidas, pobres são as pessoas que têm de viver com menos de um dólar por dia, uma definição um tanto formal, pois quem tem que lutar diariamente pelo que comer geralmente está excluído de todo o resto: educação, saúde, participação política e social. A luta contra a pobreza é portanto o cerne da questão, sem a qual nenhuma das outras metas é alcançável.
ODM 2: educação
O segundo objectivo para as Nações Unidas é o alcance de níveis básicos de educação. A garantia de acesso à educação básica é a condição para que cada um possa desenvolver plenamente o seu potencial de modo a poder participar activamente no processo de formação social e político.
Até 2015, pretende-se assegurar que todas as crianças possam completar o nível escolar básico.
ODM 3: igualdade dos sexos
O terceiro objectivo é a igualdade dos sexos.Com um empenhamento especial para pôr fim à violência contra a mulher, especialmente à violência doméstica, ao comércio de mulheres e à mutilação genital.
ODM 4, 5 e 6: saúde
Os objectivos 4, 5 e 6 estão ligados à saúde, especialmente a redução da mortalidade infantil (ODM 4) Saúde materno - infantil (ODM 5). O sexto ODM, prevê o aumento da luta contra a Sida, malária e outras doenças. Entre 1,5 e 2,7 milhões de pessoas morrem por ano vítimas da malária, que chega a infectar entre 300 a 500 milhões de pessoas ao ano. Outros dois milhões de pessoas morrem de tuberculose e mais de meio milhão de mulheres sucumbem devido a complicações na gravidez e no parto em cada ano. Mais de 42 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus HIV, que já custou a vida de mais de 20 milhões de pessoas.
ODM 7: meio ambiente
A situação é complicada quanto à chamada “garantia de sustentabilidade ecológica”. Enquanto que nos países industrializados a causa da destruição ambiental está ligada a formas descontroladas de produção e consumo, em países em desenvolvimento as causas são a pobreza, o crescimento populacional, falta de condições básicas e o desconhecimento de alternativas.
ODM 8: desenvolvimento
O oitavo e último objectivo é a “construção de uma parceria internacional pelo desenvolvimento”. Como a criação de um sistema comercial e financeiro justo e aberto, o perdão da dívida externa aos países em desenvolvimento, o aumento da ajuda para o desenvolvimento, e cada vez mais, a cooperação da economia privada nessa ajuda.
Mais de mil milhões de pessoas, vivem na pobreza extrema, carecendo da água, alimentação adequada , cuidados de saúde básicos e serviços sociais de que precisam para sobreviver. Cidadãos do terceiro mundo precisam de oportunidades, não de esmola. É necessário um avanço importante ao nível das políticas globais, na maior Cimeira das Nações Unidas, de sempre, que tem lugar entre 14 e 16 de Setembro, para que os países mais pobres do planeta fiquem em condições de alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Ainda há tempo de realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, mas já não resta muito. Mesmo nos países mais pobres, é possível alcançar os Objectivos até 2015.
Mas esta é a última oportunidade.
Esta Assembleia-Geral vai contar com a presença de mais de 170 chefes de Estado e de Governo, o Presidente da República, Jorge Sampaio representará Portugal.

domingo, setembro 11, 2005

Chovia em Santiago


No dia 11 de Setembro de 1973, o presidente Salvador Allende apareceu pela última vez na varanda do palácio presidencial de La Moneda. Com um capacete de combate e uma metralhadora em punho, observou o cerco dos militares em redor do palácio. O presidente, voltou ao seu escritório, onde escreveu a última mensagem transmitida ao país através da Rádio Magallanes:
“Esta será certamente a última oportunidade que terei de falar com vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas de Rádio Magallanes. As minhas palavras não expressam amargura, mas decepção.

Que elas sejam um castigo moral para quem traiu o seu juramento:
soldados do Chile, comandantes titulares, o almirante Merino, que se auto proclamou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general desprezível que só ontem manifestou a sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se auto promoveu Director Geral do Corpo de Fuzileiros.
Diante destes factos só me cabe dizer aos trabalhadores:
Eu não vou renunciar!
Colocado num caminho histórico, pagarei com a minha vida a fidelidade do povo. E digo-vos que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser apagada definitivamente. Eles têm a força avassaladora, mas não detêm os processos sociais, nem com o crime nem com a força.
A história é nossa e é escrita pelos povos.
Trabalhadores da minha Pátria:

Quero agradecer-vos a vossa constante lealdade, a confiança que depositaram num homem que só foi intérprete de grandes desejos de Justiça, que se comprometeu a respeitar a Constituição e a lei, e assim o fiz.
Neste momento definitivo, o último em que posso dirigir-me a vocês, quero que aprendam a lição:
o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reacção, criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem com sua tradição, que lhes foi ensinada pelo general Schneider e reafirmada pelo comandante Araya, vítimas do mesmo sector social que hoje estará à espera de reconquistar o poder para continuar a defender os seus lucros e privilégios.
Dirijo-me a vocês, principalmente à modesta mulher da nossa terra, à camponesa que acreditou em nós, à mãe que soube da nossa preocupação pelas crianças.

Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que sempre trabalharam contra a sedição das corporações profissionais, corporações de classe que também defenderam as vantagens de uma sociedade capitalista.
Dirijo-me à juventude, aqueles que cantaram e deram a sua alegria e o seu espírito de luta.
Dirijo-me ao homem chileno, o trabalhador incansável, o camponês, o intelectual, aqueles que serão perseguidos, pois no nosso país o fascismo já esteve presente nos atentados terroristas, explodindo as pontes e as vias ferroviárias, e destruindo os oleodutos e condutas de gás, ante o silêncio de quem tinha obrigação de proceder.
Estavam comprometidos.
A história os julgará.
A Rádio Magallanes será certamente cortada e o metal tranquilo da minha voz não chegará a vocês.
Não importa.
Continuarão a ouvi-la.

Sempre estarei junto de vocês.
Pelo menos a minha lembrança será a de um homem digno que foi fiel à Pátria.
O povo deve defender-se, mas não sacrificar-se.
O povo não deve deixar arrasar-se, molestar-se, nem deve humilhar-se. Trabalhadores da minha Pátria, tenho fé no Chile e no seu destino.
Outros homens superarão este momento negro e amargo no qual a traição pretende impor-se. Fiquem sabendo que, muito mais cedo do que tarde, as grandes alamedas por onde passará o homem livre, serão abertas novamente, para construir uma sociedade melhor.
Viva o Chile!

Viva o povo!
Vivam os trabalhadores!
Estas são as minhas últimas palavras e tenho a certeza de que o meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a deslealdade, a covardia e a traição.”
Nas suas últimas palavras, o presidente Salvador Allende antecipou a sua própria morte como uma “lição moral” para os seus inimigos responsáveis, pelo golpe de Estado que instalou no Chile a ditadura do general Augusto Pinochet.

Salvador Allende


Salvador Allende nasceu em 26 de Junho de 1908, na cidade de Valparaíso. Em 1926, entra na Escola de Medicina da Universidad de Chile, concluindo o curso de Medicina. Em 1933 é um dos fundadores do Partido Socialista do Chile, de cujo grupo parlamentar faz parte entre 1937 e 1946. Por fazer oposição ao governo conservador do General Carlos Ibáñez, é exilado na região de Caldera. Em 1939, após o triunfo do Presidente Pedro Aguirre Cerda, aceita o cargo de Ministro da Saúde.
Casa-se, no ano de 1940, com Hortensia Bussi, que lhe deu três filhas: Laura, María Isabel e Beatriz. Foi eleito Secretário Geral do Partido Socialista chileno, em 1942. EM 1945 foi eleito Senador pelas províncias sulistas de Valdivia, Llanquihue, Chiloé, Aysén e Magallanes. Durante quase quinze anos, de 1949 a 1963, preside ao Colégio Médico do Chile.
Em 1952, candidata-se à Presidência da República pela primeira vez, recebendo 5% dos votos. É reeleito Senador, representando as províncias de Tarapacá e Antofagasta, no norte do país. Recandidata-se à Presidência da República, sendo derrotado pelo candidato independente Jorge Alessandri Rodríguez, que tinha o apoio de uma coligação de direita, em 1958. A pequena diferença de menos de trinta e cinco mil votos assusta a burguesia chilena. Em 1961, chega ao Senado pela sua região natal: Valparaíso, reduto conservador, tradicionalmente difícil para a esquerda.
Recandidata-se novamente em 1964. Para impedir a vitória dos socialistas, a direita chilena vota maciçamente em Eduardo Frei, democrata cristão. Allende recebe cerca de 40% dos votos.
Conquista a Presidência do Senado em 1966. Em 1969 reelege-se como Senador por Chiloé, Aysén e Magallanes. O candidato do Partido Comunista às eleições presidenciais, o poeta Pablo Neruda, desiste da candidatura, em favor de Salvador Allende.
Em 04 de Setembro de 1970, Salvador Allende obtém a primeira maioria relativa (36%) nas eleições presidenciais, apoiado pela Unidad Popular, sucessora da Frente Popular. Devido à Lei Eleitoral chilena, o Congresso Nacional deve escolher entre as duas primeiras maiorias relativas. Após um acordo com a Democracia Cristã, Salvador Allende é eleito Presidente da República, assumindo a Presidência, sob a apreensão e o temor de todos os conservadores, no dia 04 de Novembro de 1970.
Inicia-se a chamada Via Chilena ao Socialismo, “la revolución de empanada y vino tinto”.
Durante o Governo Popular, a luta popular incrementa-se, contra todas as campanhas destabilizadoras promovidas pela direita apoiada pelos democratas cristãos. A CIA observa, planeia, conspira. A Unidade Popular ganha a maioria absoluta nas eleições municipais de 1971, além de cerca de 43% dos votos parlamentares de 1973. Fracassada uma tentativa de impugnar Salvador Allende, o grupo de centro-direita começa uma intensa campanha para preparar a intervenção das forças armadas.
Sob intenso clima de agitação, provocado pelos sectores reaccionários e conservadores, com amplo apoio dos EUA, via CIA, fazem greves de sectores vitais, como transportes, para minar o abastecimento de víveres. Os motoristas de camiões são pagos, com vários meses de adiantamento, para ficar em casa. O Golpe de Estado de 11 de Setembro de 1973, derruba aquele que foi o mais democrático regime da América do Sul. Um dos líderes golpistas é Augusto Pinochet, Ministro da Defesa do Governo de Salvador Allende.
O Presidente Salvador Allende Gossens é covardemente assassinado no Palácio de La Moneda, no dia 11 de Setembro de 1973.
Iniciava-se no Chile uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina, comandada pelo general Augusto Pinochet, proclamado no ano seguinte "Chefe Supremo da Nação". Imediatamente após o golpe, o general inicia uma repressão cruel contra a oposição, proibindo qualquer actividade política e oprimindo os sectores da esquerda com prisões, torturas e execuções em massa, espalhando o terror por todo país e exterior. O Chile, que foi abrigo dos perseguidos de todo o continente, e um dos últimos pilares de liberdade na América do Sul, persegue implacavelmente os seus compatriotas.

A longa noite do horror fascista, cobriu o Chile.

9/11: Um Longo Dia de Terror


Há quatro anos, os Estados Unidos da América eram vítimas do maior atentado terrorista de que há memória.
Cronologia do ataque terrorista ao WTC e Pentágono:

8h45: Um Boeing 737,da Americain Airlines choca com a torre norte do World Trade Center, em Nova York deixando-a em chamas.
09h03: Um segundo avião, um Boeing 767 da Americain Airlines colide com a torre sul do World Trade Center. Agora as duas torres estão em chamas.
09h18:Todos os aeroportos dos Estados Unidos, numa acção inédita, são fechados.
09h21: Autoridades portuárias da cidade de Nova York fecham todas as pontes e túneis, que dão acesso a Nova York.
09h39: O presidente George W. Bush convoca uma reunião com membros do gabinete de segurança nacional, com a presença do vice-presidente, Dick Cheney, e do governador do Estado de NY, George Pataki.
09h43: Um avião Boeing 757-200 da Americain Airlines colide com o Pentágono, em Washington. O Governo determina evacuação imediata do prédio.
09h45: A Casa Branca é evacuada.
09h51: Administração Federal de Aviação suspende pela primeira vez na história todos os voos para os EUA.
10h00: A torre sul do World Trade Center desaba. Tinha 417 metros de altura.
10h08: Agentes da CIA armam-se e preparam-se para proteger a Casa Branca.
10h10: O voo 93 da United Airlines cai em Somerset County, Pittsburgh, Pensilvânia.
10h13: A sede da ONU é evacuada.
10h22: Em Washington, os Departamentos de Estado e de Justiça são evacuados.
10h24: Administração Federal de Aviação redirecciona todos os voos vindos do exterior para o Canadá.
10h29: A torre norte do World Trade Center desaba provocando uma grande cortina de fumo e de destroços.
10h45: Governo ordena evacuação de todos os escritórios oficiais nos EUA.
10h46: O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, suspende a sua visita ao Peru.
10h48: Polícia confirma a queda de um avião em Somerset County, Pittsburgh, Pensilvânia.
11h02: O “Mayor” de Nova York, Rudolph Giuliani, pede que a população se mantenha em casa e ordena a desocupação de áreas no sul da cidade.
11h16: O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças prepara equipas especializadas em bio-terrorismo, como medida de precaução. O centro informa, no entanto, que não há nenhuma denúncia de ataques do tipo.
11h18: A American Airlines informa a queda de dois aviões da empresa: um Boeing 767, de Boston para Los Angeles, com 81 passageiros a bordo e 11 tripulantes; e um Boeing 757, de Washington para Los Angeles, com 58 passageiros e seis tripulantes.
11h20: O editor da sucursal de Londres de um jornal árabe afirma que o terrorista Osama bin Laden havia alertado, há três semanas, que ele e seus partidários fariam um ataque sem precedentes aos Estados Unidos.
11h26: A United Airlines informa que o voo 93 da companhia, vindo de Newark rumo a São Francisco , caiu na Pensilvânia. Informações não oficiais revelam que o avião foi abatido.
11h53: Eleições primárias em Nova York são adiadas.
1h54: Israel evacua todos os escritórios diplomáticos do país nos EUA.
11h59: A United Airlines confirma a queda do vôo 175, de Boston para Los Angeles, com 56 passageiros a bordo. Há informações de que todos morreram na queda.
12h15: O Serviço de Imigração decreta alerta máximo nas fronteiras dos EUA com o Canadá e com o México.
12h15: O Aeroporto Internacional de São Francisco é evacuado e fechado. O aeroporto era o destino do voo 77 da American Airlines que chocou com o World Trade Center.
12h30: A FAA (Administração Federal de Aviação) informa que 50 voos estão sobre os EUA no momento, mas nenhum deles apresenta problemas.
13h04: O presidente George W. Bush faz discurso em local desconhecido, anunciando que o governo não poupará esforços para capturar o responsável pelos atentados.
13h27: É declarado estado de emergência na cidade de Washington.
13h44: O Pentágono informa que cinco navios e dois aviões deixarão a estação naval dos EUA, no Estado da Virgínia, para assumirem posições na costa de Nova York. Os navios e aviões aumentarão as defesas das cidades de Nova York e de Washington.
13h48: O presidente dos EUA, George W. Bush, embarca no avião presidencial, Força Aérea 1, rumo a local não divulgado.
14h21: Grupos muçulmanos negam a autoria dos atentados.
14h49: Cuba condena os atentados e abre aeroportos para aviões desviados dos EUA pousarem.
15h: O “Mayor” de Nova York, Rudolph Giuliani, afirma que primeiras informações sobre mortos só sairão após 24 horas.
15h30: O congressista americano Jim Moran diz que o número de mortos pode chegar a 10 mil, somente em Nova York. O Departamento de Polícia não confirma esses números.
15h57: O temor provocado pelos ataques terroristas fazem o preço do petróleo e do ouro fechar em alta.
16h01: As Actividades desportivas são suspensas nos EUA.
16h06: O governo da Califórnia envia equipas de socorro e de buscas para a cidade de Nova York para auxiliar as forças locais nos resgates de vítimas dos escombros do World Trade Center.
16h20: EUA confirmam o terrorista Osama Bin Laden como o principal suspeito da série de atentados. Israel fecha fronteiras com Egito e com a Jordânia.
16h21: Por causa de atentados, a cotação do dólar dispara.
16h27: Novo edifício do complexo do World Trade Center começa a arder.
16h36: O subsecretário de Estado dos EUA, Richard Armitage, afirma que inspeccionou o prédio do Departamento de Estado do país e que não houve explosão de carro-bomba.
16h52: Hospitais de Nova York estão superlotados com vítimas do atentado ao World Trade Center.
16h59: O hotel Marriot, em Nova York, que fica dentro do complexo de prédios do Word Trade Center ficou com a sua estrutura bastante danificada por causa da queda dos 110 andares das duas torres. Há riscos de desabamento.
17h09: O ex-presidente dos EUA Bill Clinton, que está na Austrália, pede apoio dos americanos às medidas que o presidente George W. Bush irá tomar.
17h16: Atentados provocam congestionamento na Internet.
17h28: Edifício número sete do complexo World Trade Center desaba. Prédio número cinco começa a arder.
17h37: A americana Barbara Olson, 46, que estava em um dos aviões sequestrados que se chocou contra o World Trade Center, teria feito duas ligações para seu marido do próprio avião para avisar do sequestro.
17h57: Colónia árabe dos EUA teme represálias por causa de atentados.
17h58: Ameaça de bomba no Parlamento canadiano. Governo determina interdição do aeroporto de Ottawa.
18h05: A Disney anuncia o fecho de todos os seus parques nos EUA.
18h07: Uma explosão é registada na cidade de Cabul (capital do Afeganistão). Há suspeitas de que possa ser uma retaliação dos EUA ao país.
18h22: O governo anuncia que todas as autoridades dos EUA deixarão Washington e ficarão em locais não revelados, por medida de segurança. Bush ficará na capital para fazer um discurso ao País.
18h24: A UE (União Europeia) convoca reunião de emergência para debater medidas de segurança.
18h28: A United Airlines identifica os passageiros dos seus voos.
18h39: A NASA suspende os seus trabalhos e também evacua seu edifício.
18h40: Governo dos EUA negam ter atacado o Afeganistão como represália aos ataques terroristas que assolaram o país hoje.
18h58: Bush afirma que responsáveis pelos ataques “vão sofrer as consequências”.
19h23: Liga do Norte assume ataques na capital do Afeganistão. O grupo é oposição ao Regime Taliban.
20h24: FBI pede ajuda à população para encontrar os responsáveis pelos ataques e cria número de telefone e página na Internet para receber denúncias.
20h45: O presidente americano George Bush faz um discurso à nação em que promete encontrar os responsáveis pelos ataques e diz que amanhã os EUA voltam ao trabalho.
22h44: Após 12 horas da queda da primeira torre do WTC, o chefe de polícia de Nova York afirma que há sobreviventes entre os escombros.
22h50: Os primeiros números informam que pelo menos 800 pessoas teriam morrido no prédio do Pentágono.
22h52: A Polícia de Nova York intercepta um camião carregado de explosivos na ponte George Washington.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Pablo Neruda


Neftalí Ricardo Reys Basoalto, nasceu a 12 de Julho de 1904 em Parral, no Chile. De família humilde, viveu no sul do Chile, em Temuco. A sua mãe morreu alguns meses após o seu nascimento. Estudou no liceu desta cidade, entrando aos 15 anos no Instituto Pedagógico da Universidade de Santiago. Começou aos 10 anos de idade a escrever.
Quando tinha apenas 12 anos conheceu Gabriela Mistral, uma famosa poetisa chilena, que lhe deu a conhecer os escritores clássicos que iriam influenciar a sua carreira e as suas decisões políticas.
A partir de 1920 passou a usar o nome de Pablo Neruda que adoptou legalmente em 1946. Em 1921 deixou Temuco e mudou-se para a capital Santiago. Neste ano ganhou o prémio da federação chilena de estudantes de poesia com “La canción de la fiesta” e a partir daí começou a publicar poemas na revista da federação, “Clarida”.
Em 1923 escreve o seu primeiro livro, “Crepusculário”. Para cobrir as despesas desta publicação viu-se obrigado a vender o relógio que o pai lhe tinha oferecido. Em 1924 encontrou quem lhe publicasse “Viente poemas de amor y una canción desesperada”. Este trabalho foi muito bem recebido pelo público e conservou a sua popularidade ao longo dos anos. Em 1927 foi nomeado cônsul em Rangoon, Birmânia, e durante 5 anos representou o seu país na Ásia. Seguidamente viajou para Ceilão e Indonésia onde casou com a sua primeira mulher de origem holandesa. Durante estes anos na Ásia escreveu “Residencia en la tierra”.
Em 1933 foi nomeado cônsul em Buenos Aires e daí data a sua amizade com o poeta espanhol Federico García Lorca. Em 1934 foi transferido para Barcelona para e depois para Madrid onde voltou a casar, desta vez com Delia del Carril. Em 1943 volta para o Chile, recebendo grande ovação dos seus conterrâneos.
Em 1945 foi eleito senador e nos 3 anos seguintes consagrou a maior parte do seu tempo aos interesses do país. A actividade política de Neruda foi interrompida quando foi eleito um governo de direita. Pablo Neruda comunista foi obrigado a ocultar a sua ideologia. Em Fevereiro de 1948, deixa o Chile.
Mas em 1952 depois da ordem para prisão dos escritores de esquerda e figuras políticas terem sido retirados, Pablo regressa ao Chile, e casa pela terceira vez com a chilena Matilde Urrutia. Entre 1960 e 1966 tem o reconhecimento internacional e a sua poesia é traduzida em quase todas as línguas. Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renuncia à honra em favor de Salvador Allende.
Participante activo na campanha vitoriosa de Salvador Allende é nomeado, após a eleição de Allende, embaixador do Chile na França. Em 1971 recebe o Prémio Nobel da Literatura.
Entre as suas obras destacam-se «A canção da festa» (1921), «Crepusculário» (1923), «Vinte poemas de amor e uma canção desesperada» (1924), «Tentativa do homem infinito» (1925), «Residência na terra» (em três volumes publicados em 1931; 1935 e 1939) «Ode a Stalingrado» (1942), «Terceira residência» (1947), «Canto geral» (1950), «Odes elementares» (1954), «Navegações e retornos» (1959), «Canção de gesta» (1960).
Morreu a 23 de Setembro de 1973 em Santiago do Chile, doze dias após, o golpe militar fascista, que ditou a queda do Governo da Unidade Popular e a morte de Salvador Allende .

Mentira de Destruição Maciça

US Secretary of State Colin Powell addresses the United Nations Security Council 05 February, 2003 at the UN in New York. Powell was unveiling evidence that Iraq is harboring weapons of mass destruction in violation of UN resolutions. AFP PHOTO/Timothy A. CLARY.
O antigo secretário de Estado norte-americano Colin Powell admitiu quinta-feira que a sua apresentação em 2003 perante a ONU sobre as armas de destruição maciça (ADM) que o Iraque alegadamente tinha foi uma "mancha" na sua reputação.
"É uma mancha porque fui eu que fiz esta apresentação em nome dos Estados Unidos perante o mundo e isso fará sempre parte da minha ficha", disse Powell numa entrevista a Barbara Walters na ABCNews.
O antigo general, que foi o Secretário de Estado do presidente George W. Bush de 2001 a início de 2005, afirmou que a recordação deste episódio lhe era agora "dolorosa".
O militar-diplomata tinha feito a 05 de Fevereiro de 2003, perante o Conselho de Segurança da ONU, uma longa apresentação do dossier que os Estados Unidos elaboraram sobre as supostas ADM do regime de Saddam Hussein.
Estes argumentos serviram para justificar a invasão do país algumas semanas depois, mas nenhuma destas armas foi encontrada.
No discurso na ONU, Powell disse que se tinha baseado em informações recebidas em breafings na CIA (central de espionagem norte- americana).
O antigo secretário do Estado norte-americano desculpou quinta- feira o então director da Agência George Tenet defendendo que ele acreditava que os elementos que fornecia a eram "exactos".
Powell declarou-se também "consternado" com o facto de alguns responsáveis dos serviços secretos norte-americanos terem, segundo ele, sabido que algumas fontes não eram credíveis.
"Mas havia algumas pessoas no seio dos serviços secretos norte- americanos que sabiam na época que essas fontes não eram boas e nada disseram. Isso deixa-me consternado", disse.
Powell disse também "não ter visto" uma ligação entre os atentados anti-americanos de 11 de Setembro de 2001 e o regime de Bagdad.
"Nunca vi prova" de que houvesse uma ligação, declarou.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Índice de Desenvolvimento Humano (II)


Guerra, Paula Rego.
Mais de 109, 5 milhões de pessoas morreram devido a conflitos violentos no século XX, número três vezes superior a “ todos os séculos precedentes juntos”, segundo cálculos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Percentualmente, no século XVI morreu 0,32% da população mundial, de 493,3 milhões de pessoas, e no XVII, 1,05% dos cerca de 579 milhões de habitantes que havia no planeta.
No século XVIII a percentagem caiu para 0,92% das 757,4 milhões de pessoas que habitavam a Terra então, e no XIX voltou a subir para 1,65% do cerca de 1,1729 mil milhões de pessoas.
No entanto, no século XX a percentagem de mortos em conflitos bélicos disparou para 4,35% da população mundial, de aproximadamente 2,519 mil milhões.
Um aspecto positivo assinalado pelo relatório é que, enquanto em 1991 houve 51 conflitos violentos no mundo, em 2003 esse número foi de 29, embora as guerras sejam cada vez mais longas e sangrentas.
Por exemplo, o genocídio de Ruanda de 1994 matou cerca de um milhão de pessoas; a guerra civil da República Democrática do Congo dizimou 7% da população, e o conflito entre o Norte e o Sul do Sudão deixou sem vida aproximadamente dois milhões de habitantes e deslocou quase seis milhões.
Outra característica da evolução das guerras ao longo do tempo é que os conflitos ocorrem actualmente nos países mais pobres. Assim, uma nação com um rendimento per capita médio de 600 dólares tem a metade de risco de atravessar uma guerra civil que outra com uma média de 250 dólares.
Assim, nove dos dez países com menor Índice de Desenvolvimento Humano viveram algum conflito bélico desde 1990, e só dois deles eram democracias.
No mesmo período, tiveram conflitos violentos cinco dos dez países com a esperança de vida mais baixa, nove dos dez com maior mortalidade infantil e oito dos dez com taxa de escolaridade mais baixa.
Entre 1946 e 1989, os países em desenvolvimento com baixo rendimento per capita respondiam por cerca de um terço dos conflitos violentos. Mas entre 1990 e 2003 esse nível subiu para mais de metade.
Vivemos num mundo cada vez mais violento, não só do ponto de vista histórico. A guerra é a eliminação mais brutal do desenvolvimento humano.

À atenção das senhoras...

As doenças cardíacas são a principal causa de morte entre as mulheres europeias, segundo um estudo apresentado numa conferência na Irlanda.
As doenças cardíacas são dez vezes mais frequentes que o cancro da mama, disse o professor Ian Graham, do hospital Adelaide and Meath, de Dublin, na conferência anual da Sociedade Europeia de Cardiologia.
Segundo a professora Caroline Daley, do Royal Brompton Hospital, de Londres, o estudo realizado em 32 países europeus indica que as doenças cardiovasculares contribuem para 55% da mortalidade feminina e para 43% da masculina.
O problema, afirmam especialistas, é que as mulheres têm menos probabilidades de receber um diagnóstico correcto e uma medicação adequada quando sofrem com esse tipo de doença.
Segundo Graham, as mulheres estão, além disso, muito pouco representadas nos testes de novos tratamentos contra essas doenças.
“O risco de uma mulher morrer no prazo de um ano após sofrer um primeiro ataque cardíaco é duas vezes maior do que o do homem”, explicou o professor Graham. Segundo o médico, as doenças cardíacas desenvolvem - se nas mulheres dez anos depois do que nos homens.
Em ambos os sexos, o tabaco, um alto nível de colesterol e a hipertensão aumentam o risco de sofrer de algum ataque cardiovascular.
Depois da menopausa, as mulheres que apresentam esses factores de risco têm mais riscos de desenvolver uma doença cardiovascular que os homens de mesma idade. Os riscos de morrerem também são maiores.
As probabilidades de uma mulher ser submetida a uma cirurgia cardiovascular, por outro lado, são menores. Além disso, o sexo feminino responde pior ao tratamento para desbloquear as artérias, porque geralmente a doença entre as mulheres é detectada numa idade mais avançada.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Índice de Desenvolvimento Humano


O índice de desenvolvimento humano, que mede as realizações de um país em termos de esperança de vida, nível educacional e rendimento real, coloca em primeiro lugar a Noruega, como no ano passado, e em último (177º lugar) o Níger (que trocou de lugar com a Serra Leoa). Portugal desceu um lugar na lista de países mais desenvolvidos do mundo e está agora em 27º, atrás da Eslovénia, segundo o relatório deste ano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
No relatório do ano passado Portugal estava em 26º lugar, à frente da Eslovénia. Em relação aos 25 países da União Europeia (UE), 15 estão à frente de Portugal, com os nove em pior situação a fazerem todos parte do grupo que entrou no ano passado.Da EU, o melhor posicionado, em quarto lugar, é o Luxemburgo, seguindo-se a Suécia, em sexto. A Grécia está em 24º e a Espanha em 21º. Abaixo de Portugal mas perto, em 29º lugar, está o Chipre, seguindo-se em 31º a República Checa e logo depois Malta. A Letónia é o país da UE em pior posição, em 48ª, ainda assim dentro dos 57 com desenvolvimento elevado.
No “mapa” do mundo em termos de desenvolvimento os primeiros 57 países são considerados como tendo um desenvolvimento humano elevado, seguindo-se como tendo desenvolvimento humano médio os numerados entre 58 e 145. De 146 a 177 estão os com desenvolvimento baixo. Dos países de língua oficial portuguesa destaca-se Timor-Leste, que está este ano em 140º lugar, no grupo dos países com desenvolvimento humano médio. No ano passado estava junto dos mais pobres, em 158º lugar.
O Brasil subiu também este ano, de 72º para 63º lugar, enquanto Cabo Verde se manteve no 105º lugar. S. Tomé e Príncipe desceu este ano, passando de 123º para 126º lugar, ainda assim dentro dos países de desenvolvimento médio. No grupo dos 32 países com desenvolvimento humano baixo estão este ano, como no ano passado, os outros três países de língua oficial portuguesa: Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau ocupa este ano a mesma posição, a 172ª, a cinco lugares do fim da lista. Moçambique registou uma subida, passando do 171º lugar para 168º, e Angola subiu também seis posições, estando este ano em 160º lugar. Do outro lado da lista, nos 10 primeiros lugares, destaca-se a subida de cinco lugares da Islândia, este ano em segundo lugar, e do Luxemburgo, que em 2004 ocupava a 15ª posição e está agora em quarto lugar.A Holanda, pelo contrário, caiu do quinto lugar para o 12º.
Lusa
Link:hdr.undp.org. (O ranking está na página 219 e seguintes)

O ilustre inventor Fernando Nogueira Gonçalves, fez este excepcional comentário, que não resisto a colocar no post.

Portugal cinzento e enjoado
Neste país de feição triste
Em que o político insiste
Pensando que o povo é parvo
Portugueses e Portugal mirrado
Por oportunistas enganado.

Sugaram-te o corpo e a mente
A terra queimada, vazia e pobre
As gentes buscando melhor sorte
Que aqui é tristeza e miséria
Com futuro adivinhando a Sibéria
Num Portugal pobre e doente.

Quando é que vais acordar
Apear os que te consomem
Portugueses que ainda dormem
Neste sono longo e profundo
Que te vai levar ao fundo
Se continuares a acreditar.

Já não poderás remediar
Os erros que deixaste fazer
Porque te deixaste adoecer
Nessa doença contagiante
Maleita que te pôs delirante
Pelos idiotas que estás a aguentar.

fernando nogueira gonçalves(inventor de rua) Fundão 2005
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Professora demitida por ser “muito sexy"


Ainda não se sabe o que levou a Igreja Católica Romana a demitir uma professora de religião, se foi a aparência ou o estilo de vida, provocando um frenesim nos jornais italianos.
Caterina Bonci disse que autoridades eclesiásticas decidiram que ela era simplesmente atraente demais e se vestia de forma muito sexy para ensinar religião, após 14 anos no ensino. A Igreja disse ter demitido a loira de 38 anos, da cidade de Fano, porque ela é divorciada.
Caterina Bonci exige que a deixem voltar a ensinar religião às crianças em escolas estaduais em nome da diocese local. Disse que, nunca escondeu o seu estado de divorciada das autoridades eclesiásticas, que se vestia com roupas discretas quando estava no trabalho e defendeu seu direito de se vestir como quiser em sua vida privada.
“Não vejo o que importa se uma professora é atraente ou não, contanto que ela seja qualificada”, disse .
“Na escola, visto-me normalmente. Na minha vida privada, tenho todo o direito de me vestir da maneira que quero.”
Os advogados da diocese dizem que ela foi demitida porque era divorciada e, portanto, não poderia ensinar religião para uma Igreja que não reconhece o divórcio.
Bonci disse que se separou do seu marido em 1995 e que se divorciou em 2000, e que ambos os eventos não afectaram o seu trabalho e não levantaram questões à Igreja Católica na época.
Os relatos de que os pais acompanhavam os filhos para as aulas de religião a fim de vê-la significavam pouco para ela, contanto que as crianças continuassem indo às aulas. Apesar de o seu caso a ter tornado conhecida em toda a Itália, Caterina Bonci diz que apenas “gostaria de ter meu emprego de volta. É um direito”.

Reuters

terça-feira, setembro 06, 2005

A mão esquerda lava a direita...


A União Europeia e a China, alcançaram ontem em Pequim, um acordo que poderá desbloquear os 80 milhões de artigos têxteis chineses retidos nas fronteiras comunitárias.
O acordo, obtido a escassas horas do início de uma cimeira UE-China, prevê a partilha entre as duas partes dos custos da comercialização, no mercado europeu, de cerca de 80 milhões de peças de vestuário e tecidos importados da China, a que havia sido negada a entrada na UE devido ao esgotamento das quotas relativas a sete de dez categorias de têxteis “made in China”, negociadas, em Junho, pelo Acordo de Xangai, em vigor até 2007.
O documento ontem assinado determina que a China transferirá cerca de metade dos produtos (40 milhões) para as quotas do próximo ano, o que implica a redução das taxas de crescimento das suas exportações de “soutiens”, calças e camisolas para a Europa, em 2005 e 2006, de 10 para 7,5%.
Em contrapartida, a UE aceita que as quotas recentemente restabelecidas pelo Acordo de Xangai, sejam excedidas em 40 milhões de artigos, sendo que uma parte dos produtos pertencentes a categorias cuja quota já foi ultrapassada será transferida para outras, cujo limite ainda não foi atingido.
As duas partes vão, assim, partilhar a responsabilidade pelas consequências económicas e comerciais do desalfandegamento, a partir da próxima semana, dos artigos bloqueados às portas da União.
Por outro lado, a empresa aérea chinesa China Southern Airlines encomendou nesta terça-feira dez aviões Airbus A330 no total de 1,2 mil milhões de Euros. Os aviões, com capacidade para mais de 300 passageiros cada, devem ser entregues até 2008. A assinatura do contrato foi testemunhada pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que foi à China numa missão de negócios da União Europeia (UE).
Parece que a União Europeia, liderada por José Manuel Barroso, está mais interessada em vender tecnologia de ponta e aviões do que defender os produtores de têxteis e calçado europeus. O grave problema é que o sector têxtil e calçado emprega duzentos mil portugueses. Sou contra políticas proteccionistas, no entanto, o Governo português terá que salvaguardar os interesses dos produtores portugueses de têxteis e calçado, e não se deixar levar pelos interesses expansionistas de alguns exportadores europeus, de tecnologia de ponta e outros produtos, na sua ânsia de conquistar o mercado chinês, à custa dos produtores de têxteis e calçado.

E Tudo o Vento Levou


O filme E Tudo o Vento Levou, de 1939, lidera a lista dos filmes de maior sucesso nas bilheteiras americanas de todos os tempos. O segundo lugar na lista, publicada pela revista especializada em cinema Screen Digest, ficou a Guerra nas Estrelas, de 1977. O valor arrecadado com os filmes foi ajustado para valores actuais, levando em conta a inflação.
Além de E tudo o Vento Levou, outra produção da década de 30 também aparece no topo da lista: Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937, que ficou no 10º lugar.
O filme mais recente a aparecer na lista é Titanic, de 1997, em sexto lugar.

Os dez mais

1. E Tudo o Vento Levou (1939)
2. Guerra nas Estrelas (1977)
3. Música no Coração (1965)
4. ET - O Extraterrestre (1982)
5. Os Dez Mandamentos (1956)
6. Titanic (1997)
7. Tubarão (1975)
8. Doutor Jivago (1965)
9. O Exorcista (1973)
10. Branca de Neve e os Sete Anões (1937)


A década de 70 é a mais representada entre os dez primeiros, com Tubarão (1975) e O Exorcista fazendo companhia ao clássico dirigido por George Lucas.
Na lista dos cem filmes mais rentáveis em bilheterias americanas, a Fox é quem aparece com o maior número de títulos, 17 no total. Disney e Paramount vêm em seguida, com 15 cada.
Fonte: Screen Digest

Terrorismo no Iraque pior que no Afeganistão


A invasão do Iraque, liderada pelos Estados Unidos, transformou este país num novo centro de terrorismo, pior do que o Afeganistão sob o regime Taliban, disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan,, ontem.
Kofi Annan—que descreveu como ilegal a invasão dos EUA e da Grã-Bretanha para derrubar o ex-presidente Saddam Hussein—disse à emissora de rádio BBC que a guerra no Iraque está a alimentar o ódio dos muçulmanos em todo o mundo.
“Acho que numerosos muçulmanos profundamente descontentes hoje. Descontentes porque se sentem vitimas, se sentirem isolados, sentem-se vitimas na sua própria sociedade e sentem-se vitimas no Ocidente... E a situação no Iraque não ajuda a resolver as questões”, disse.
“As pessoas costumavam-se preocupar com o Afeganistão como o centro das actividades terroristas, a minha percepção é a de que o Iraque tornou-se um problema maior e, na verdade, pior do que o Afeganistão”.
Reuters

segunda-feira, setembro 05, 2005

Setembro Negro

No dia 5 de Setembro de 1972, o mundo acordou atordoado. Os brilhantes recordes e as sete medalhas de ouro do nadador americano Mark Spitz foram ofuscados pela terrível acção terrorista, de uma organização palestiniana contra a delegação israelita, deixando atónita grande parte da população mundial.
Eram 4h30 da manhã de 5 de Setembro, durante a última semana dos Jogos, quando cinco terroristas usando roupas desportivas escalaram a grade que cercava a vila olímpica. Já dentro da vila onde os atletas estavam alojados, encontraram-se com mais três que já haviam entrado com credenciais. No espaço de 24 horas, 11 israelitas, 5 terroristas e um polícia alemão morreriam, manchando de sangue a até então tranquila Olimpíada alemã e a para sempre a memória dos Jogos Olímpicos. Pouco antes das 5h da manhã, os terroristas já estavam no sector da delegação israelita, que havia formado um grande esquema de segurança para os jogos. Mesmo com as intensas medidas de segurança, o grupo armado não encontrou dificuldade para realizar a acção. Assim que chegaram ao andar da delegação, bateram na porta do quarto do técnico Israelita Moshe Weinberg que imediatamente a abriu, percebeu que havia algo de errado e começou a gritar. Weinberg e o halterofilista Joseph Romano tentaram segurar a porta enquanto outros atletas escapavam, mas ambos foram mortos. Logo depois, os terroristas cercaram nove israelitas e fizeram-nos reféns. Às 9h30, os terroristas anunciaram que eram palestinianos pertencentes ao desconhecido grupo “Setembro Negro”. Em troca dos reféns, exigiam a libertação de 234 prisioneiros árabes em prisões israelitas e de dois terroristas alemães que estavam detidos em Frankfurt. Também exigiram um avião para deixarem o país.
O governo israelita não quis negociar com os terroristas. Assim, quem deveria zelar pela vida dos reféns eram os alemães, que organizavam os jogos. Foram horas de negociações e de uma tensão que envolveu até os demais participantes daquelas Olimpíadas. Alguns atletas judeus, como o norte-americano Mark Spitz, maior recordista da história da natação até aquele momento, resolveram antecipar a volta para casa. As delegações inteiras da Noruega e da Holanda também se retiraram. Para tentar salvar a vida dos reféns, a polícia de Munique resolveu simular uma concessão. Foi combinado que os terroristas iriam de helicóptero até a base aérea da NATO em Firstenfeldbruck e depois embarcavam num avião para o Cairo, onde supostamente seriam recebidos sem nenhuma punição. Atiradores de elite do exército alemão foram posicionados na base com ordens de matar todos os terroristas mesmo antes de entregar os reféns.
Os terroristas pousaram na base às 22h30. Era o início da tragédia: os palestinianos perceberam a emboscada e lançaram uma granada para o helicóptero onde estavam os nove reféns. Todos foram mortos, dando início a um terrível tiroteio, em que cinco terroristas, um dos cinco atiradores alemães e o piloto de um dos helicópteros morreram. Três palestinianos foram capturados e levados para uma prisão alemã. Tudo levaria a crer que ali se encerrariam os Jogos Olímpicos de Munique, mas o Comité Olímpico Internacional (COI) resistiu e manteve o andamento dos jogos, realizando uma cerimónia dedicada à memória dos atletas. As Olimpíadas desenrolaram-se até ao fim. Mas nada conseguiu apagar aquele acontecimento, o mais trágico nos 108 anos de história dos Jogos Olímpicos na era moderna. Na época, os orgãos de informação internacionais,l responsabilizaram de certa forma as autoridades alemãs, que não tiveram calma para negociar com o grupo e optaram por tentar matá-los mesmo sem ter garantias de vida para os atletas israelitas. A polícia de Munique disse que não teve outra alternativa, pois o governo israelita negou-se a atender as exigências dos terroristas. Mais de 20 anos depois, o único terrorista ainda vivo culpou a então primeira-ministra de Israel, Golda Meir, e os serviços secretos israelitas, Mossad, alegando, que foi a intransigência do governo de Israel em negociar que levou às mortes.
Quem eram os terroristas de Munique?
O grupo que perpretou o ataque dizia ser pertencente ao "Setembro Negro". Uma organização dissidente da OLP de Arafat supostamente criada após um conflito em Setembro de 1971 entre soldados jordanos e palestinianos em Aman e em outras cidades da Jordânia.A Mossad e outras organizações israelitas afirmam que foi o líder da OLP, Yasser Arafat, quem forjou o grupo para poder lançar ataques terroristas sem sujar o nome da Organização.O envolvimento de Arafat no massacre de Munique continua indefenido.O único terrorista de Munique sobrevivente, Abu Daoud, disse na autobiografia "Memórias de um Terrorista Palestiniano", lançada em 1999, que Yasser Arafat ordenou o ataque à vila olímpica de Munique e escreveu ainda que o grupo não tinha intenção de matar os israelitas. Além disso, Daoud disse que o ataque foi perpetrado pela Fatah, de Arafat e que o nome "Setembro Negro" foi usado para proteger a imagem internacional da Fatah e os interesses políticos da OLP. "Não havia a organização Setembro Negro.A Fatah anunciou a operação sob esse nome para o grupo não aparecer como responsável directo da operação", disse.Daoud, recebeu o Prémio Palestiniano da Cultura em 1999 pela sua obra.Arafat negou sempre, veementemente, o seu envolvimento no ataque e disse que tais acusações faziam parte da estratégia israelita de desmoralizá-lo.O facto é que até hoje não há nenhuma evidência a mais do seu envolvimento no ataque.Com a morte de Arafat, no ano passado, o mistério será eterno.

domingo, setembro 04, 2005

UEFA: 50 anos de competições europeias


A União Europeia de Futebol (UEFA) comemora hoje 50 anos de competições europeias de clubes.O primeiro jogo da Taça dos Clubes Campeões Europeus (actual UEFA Champions League) foi disputado no dia 4 de Setembro de 1955. O Estádio Nacional, no Jamor, foi o palco escolhido, Sporting e FK Partizan de Belgrado as formações em confronto, o resultado final saldou-se numa igualdade a três golos.
As duas equipas estavam entre os 16 conjuntos que tinham carimbado a presença no campeonato europeu de clubes, concebido por Gabriel Hanot, editor do jornal desportivo francês L’Equipe, e adoptado pela recém-criada UEFA. A prova englobava equipas que não eram, propriamente, as mais cotadas dos seus países, um pouco à semelhança do que acontece actualmente na Liga dos Campeões. Sporting e Partizan estavam, precisamente, entre esse lote de clubes, juntamente com RSC Anderlecht, AGF Århus, Djurgårdens IF, AC Milan, Real Madrid CF, Stade de Reims Champagne e SC Rot-Weiss Essen, os sete campeões entre os 16 competidores. O Sporting, vencedor do campeonato português na época 1953/54 e ainda campeão em título quando decorreu o sorteio da prova, acabaria no terceiro posto em 1955, enquanto o Partizan se quedou, apenas, pelo quinto lugar da Liga jugoslava, na época 1954/55.
De qualquer forma, o primeiro de oito jogos referentes à ronda inaugural da primeira eliminatória, disputado em Lisboa, contou com uma excelente moldura humana, na ordem dos 30,000 espectadores. O Sporting apresentou-se moralizado pela extraordinária linha avançada, composta por , Manuel Vasques, , José Travassos e Albano Pereira, os que restavam do famoso quinteto conhecido pelos “cinco violinos”. Já os visitantes contavam com a presença de Branko Zebec e Milos Milutinovic, ao lado das estrelas do ataque, Stjepan Bobek e Marko Valok
Apesar das más condições atmosféricas, João Martins ofereceu, bem cedo, a liderança do marcador ao Sporting, uma vantagem que Milutinovic se encarregou de anular à beira do intervalo. O mesmo jogador haveria mesmo de colocar o Partizan em vantagem à passagem dos 50 minutos, antes de uma sequência de três golos em 15 minutos. Quim empatou para os leões, Bobek repôs a vantagem dos visitantes, mas Martins restaurou a igualdade, a 12 minutos do final.
Ficha do Jogo:
Sporting 3 - 3 Partizan
Local: Estádio Nacional (Lisboa) - 04/09/55
SPORTING
Carlos Gomes; Manuel Caldeira, João José Galaz, Armando Barros, Manuel Passos, Juca, Hugo Sarmento, Manuel Vasques, João Martins, José António Travassos, Quim
Treinador: Alejandro Scopelli
PARTIZAN
Slavko Stojanovic; Bruno Belin, Cedomir Lazarevic, Ranko Borozan, Branko Zebec, Bozidar Pajevic, Prvoslav Mihajlovic, Milos Milutinovic, Marko Valok, Stjepan Bobek, Anton Herceg
Treinador: Aleksandar Tomasevic
Golos: Martins 14, 78, Quim 65 / Milutinovic 45, 50, Bobek 73
Árbitro: Dean Harzic (França)
O encontro da segunda mão teve lugar a 12 de Outubro, com Milutinovic a apontar quatro golos no triunfo, por 5-2, da formação do Partizan.
William Gaillard, director de comunicação da UEFA, destacou a importância da ocasião: “O que aconteceu em 1955 foi algo extraordinário. Em pleno período da Guerra Fria, o futebol desempenhou, neste caso, um papel unificador. De um lado tínhamos um clube da Jugoslávia de Tito a visitar uma equipa de Portugal, então subjugado ao regime de Salazar. Tratou-se de um feito espectacular. O futebol antecipava, de várias formas, a união da Europa, que viria a acontecer 35 anos depois.
Durante os 50 anos, a UEFA organizou várias competições, como a Taça das Cidades com Feira e a Taça das Taças, ambas já extintas, a Taça dos Campeões Europeus, actualmente Liga dos Campeões, a Taça UEFA e a Supertaça Europeia. A primeira final da Taça dos Campeões Europeus, disputada a 13 de Junho de 1956, em Paris, foi ganha pelo Real Madrid, ao bater o Stade de Reims Champagne, por 4-3. “Quando a UEFA foi fundada, em 1954, teve, na sua origem, a necessidade urgente de criar competições europeias de clubes. Assim sendo, é importante, após o ano do Jubileu da UEFA (em 2004, por ocasião do Euro2004), que reconheçamos devidamente o papel crucial que a UEFA desempenhou no futebol europeu de clubes”, afirmou o porta- voz do organismo William Gaillard.

sábado, setembro 03, 2005

Greenpeace Critica Duramente Bush

O Greenpeace criticou duramente ontem o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, por supostamente subordinar o seu Governo às empresas petrolíferas e ignorar os alertas sobre os efeitos da mudança climática no planeta. Linkgreenpeace.org/mexico.
“A Administração Bush, subordinada à indústria petrolífera, ao negar reconhecer a mudança climática e seus possíveis impactos, fez com que não fossem tomadas medidas preventivas em áreas altamente vulneráveis, como New Orleans”, disse o director do Greenpeace México, Alejandro Calvillo.
Bush negou-se a assinar o Protocolo de Quioto e a reconhecer os impactos da mudança climática. Isto levou-o a recusar-se a tomar medidas para diminuir os impactos provocados por este tipo de evento climático. Hoje as consequências desta política estão aqui”, acrescentou o activista em comunicado.
Paradoxalmente, a indústria petrolífera também é vítima dessa política, pois 95% do petróleo e 98% do gás produzidos na plataforma continental são obtidos na região do Golfo do México, onde além disso há um grande número de refinarias”.
“Hoje tudo isto também está paralisado devido aos impactos do furacão Katrina”, acrescentou Calvillo na nota.
O comunicado citou ainda o relatório de 2001 “Confrontando a Mudança Climática na Região do Golfo”, em que duas organizações alertaram para a vulnerabilidade do litoral sul dos EUA diante desses fenómenos meteorológicos.
Os autores daquele estudo foram a Ecological Society of America (ESA) e a Union of Concerned Scientists (UCS).
Essas organizações advertiram então que o litoral sul dos EUA era vulnerável a um eventual aumento na potência dos furacões devido ao “aquecimento da superfície do mar tropical e extra - tropical”.
O Greenpeace disse que “o Governo de Bush tomou a decisão de reduzir o orçamento destinado à infra-estrutura de protecção de New Orleans, como diques e outro tipo de barreiras”, acrescentou Calvillo.



A organização ambientalista disse que os estados americanos da Louisiana, Mississippi, Texas e Florida são os mais vulneráveis aos furacões.
Trata-se de uma região com população maioritariamente democrata, pobre e negra”, afirmou o comunicado.O Greenpeace lembrou que até o momento o furacão mais devastador na região sul dos EUA foi o Andrew, em 1992, que deixou um prejuízo calculado em US$ 27 mil milhões, mas antecipou que os do Katrina podem chegar a US$ 50 mil milhões.


COMENTÁRIO DE C. INDICO.
Segundo soubemos pelos orgãos de informação comuns, dias antes já se sabia que o furacão ia lá bater.
1-Atrasadamente foi dada a ordem de Evacuação;
2-Uma parte substancial da população, os que tinham viaturas e dinheiro para pagar hotelaria, fujiu;
3-E os outros, a maioria?Parece-me, que seguindo certa corrente de pensamento,não são dignos de qualquer atenção. Não houve qualquer actividade prévia - isto é que assusta!
4-Os lugares de refugio, os hospitiais, os transportes, a segurança publica, nada, nada,nada foi preparado.Ou pior, foi calmamente ignorado. Sómente um ditado luso: tudo ao molhe e fé em Deus.
5-Já vêmos Economistas conceituados a dizerem que o Estado não deve gastar um centimo, porque estes desgraçados não pagam impostos, porque deverão os outros pagar por eles?.Têm razão.já vemos os Cristãos Renascidos -além dos Arrependidos- a dizerem que "a cidade está a pagar os seus pecados, tudo normal",etc.Têm razão.A 1ª medidad práctica foi pedir soldados com treino de Guerra!Têm razão.
6-Nas redondezas as pessoas estão-se a armar, "porque eles vêem sem nada e é normal que nos ataquem!".Têm razão.
7-A censura mediática em força,quando teremos reportagens como do Tsumani????,onde estão as outras zonas desvastadas?
8- Diz a nossa direita blogueira que num país como os EUA os responsáveis de CERTEZA serão responsabilizados!
9-Que indigência intelectual.Pelos menos "ter pena" dos que tudo perderam, pelo menos tão pouco.
10-Bush não vai ser afectado em nada.Se me perguntarem porque digo isto, respondo: Não sei.É uma resposta demasiado longa para caber aqui.Brevemente ninguém falará deste horror.Os amigos do Presidente vão receber muito dinheiro do Estado,dos contribuintes, para a reconstrução.É uma boa oportunidade que não deve escapar.Têm razão.Eles e ele.Tento não ser perverso em pensamento.
C. INDICO