terça-feira, agosto 23, 2005

Astérix “an mirandês”


A tradução em mirandês do livro “Asterix, L Goulés” (o título traduzido no dialecto) já tem data marcada para a sua apresentação pública a iniciativa vai decorrer no próximo dia 15 de Setembro, no El Corte Inglês, em Lisboa.Um mês depois estará a disposição dos leitores nas livrarias nacionais. Entretanto, o novo álbum original - provavelmente o último - é lançado em todo o mundo no dia 14 de Outubro.A tradução do álbum foi feita há cerca de três anos pelo escritor e investigador da língua mirandesa Amadeu Ferreira. Nos últimos meses procedeu a uma revisão e aperfeiçoamento dos textos iniciais, que contaram com a colaboração de Carlos Ferreira e Amadeu Ferreira, havendo ainda uma colaboração de António Santos, um apaixonado por banda desenhada que ajudou o autor a entender alguns aspectos da chamada 9.ª Arte. Inicialmente registaram-se diversos entraves com uma primeira editora que detinha os direitos de tradução, mas a situação foi ultrapassada, cabendo agora à editora ASA os direitos sobre a edição traduzida na “lhégua”.
Os livros do Astérix e do seu amigo Obélix estão actualmente traduzidos em 110 línguas e dialectos espalhados por todo o mundo, sendo esta tradução um passo importante para a divulgação da língua mirandesa, que se manteve isolada durante séculos nas aldeias do concelho de Miranda do Douro, e parte do concelho de Vimioso, sendo apenas transmitida de geração em geração por via oral. Actualmente a língua mirandesa está confinada a um universo de sete mil falantes de acordo com os últimos censos.
”O mirandês entra para o mundo do herói Gaulês não como uma língua isolada, mesmo sendo minoritária, mas acompanhando todo um conjunto de outras línguas universais”, revelou Amadeu Ferreira.
Nas várias edições livrescas de Astérix publicadas nas mais diversas línguas, na contracapa dá-se sempre nota das línguas em que a banda desenhada está traduzida, o que vem dar um novo alento ao mirandês - levando, assim, milhões de leitores a saber da existência de uma língua que se mantém viva num rincão do nordeste transmontano.Agora, as crianças das terras de Miranda também poderão dar gargalhadas com as aventuras e desventuras da turma de Astérix na sua cruzada contra os romanos e, ao mesmo tempo, apanharem o gosto por uma língua que já é disciplina opcional nas escolas do concelho de Miranda do Douro, uma região do país que se pretende bilingue.Como nota final, só os nomes de Astérix e Obélix se manterão na sua forma original; As outras personagens terão nomes diferentes, adaptando o nome originário latino, e seu significado, ao mirandês.
Por: Francisco Pinto/Jornal Nordeste

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