A retirada israelita da Faixa de Gaza representa uma grande mudança no cenário político do Médio Oriente. Ainda não se sabe se a iniciativa vai abrir caminho para um acordo final para a criação do Estado Palestiniano ou se é uma tentativa do primeiro-ministro Ariel Sharon de definir unilateralmente as fronteiras de Israel. Como os factos concretos costumam ser determinantes na região, a menos que haja pressão dos Estados Unidos para concessões, as manobras de Sharon vão pautar as negociações nos próximos anos. O Muro mandado construir por Ariel Sharon, parte dele sobre o que é internacionalmente reconhecido como território palestiniano, deverá , na prática, torna-se uma nova fronteira, ou pelo menos uma linha de demarcação. Jerusalém Oriental, vista pelos palestinianos como a sua capital, e considerada pelos israelitas como parte integrante de uma Jerusalém única e indivisível, ficará dentro dos limites estabelecidos pelo Muro. No total, cerca de 10% das terras que estão além da chamada linha verde, que marca as fronteiras anteriores à guerra de 1967, ficarão do lado israelita. O facto de Ariel Sharon ter desmantelado todos os colonatos da Faixa de Gaza e alguns da Cisjordânia, surpreendeu, todo o mundo. Mas é bom lembrar que Sharon foi um general e a sua tendência é encontrar a manobra decisiva que determinará a vitória. Pode-se ver isto no que está acontecendo agora. No plano de retirada, ele tem mostrado a mesma brutalidade-criatividade para a defesa que costumava apresentar em acções de ataque, como no Canal de Suez, em 1973, ou na invasão do Líbano de 1982.Na visão de Sharon, o conceito de segurança no país foi redefinido e agora é diferente do que era nos anos oitenta. Foi portanto necessário repensar toda a política de colonatos, que Israel tinha implantado desde da Guerra dos Seis Dias. A demografia foi um factor que influenciou essa mudança de pensamento de Sharon. Se Israel não fizesse nada, em 2025 teria uma maioria de árabes palestinianos na Faixa de Gaza. A questão após a retirada da Faixa de Gaza é se é possível realizar negociações com os palestinianos que levem a um acordo completo. Será a saída de Gaza uma volta ao “mapa da paz” no Oriente Médio, ou será apenas uma retirada e ponto final? Há demasiadas incertezas.
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