A falsa crença de que os ovos de tartaruga marinha têm poderes afrodisíacos põe em perigo, todos os anos, o processo reprodutivo de mais de 1 milhão de animais que chegam ao litoral do México para desovar. Mercados, barracas de rua e até restaurantes oferecem clandestinamente os ovos e a carne de tartaruga, cujo tráfico com fins comerciais é punido no México como crime grave desde 2002. Os poderes atribuídos aos ovos de tartaruga “são um falso mito urbano sem qualquer base científica”, disse Luis Fueyo, director de Inspecção de Recursos Marítimos da Profepa (Procuradoria Federal de Protecção Ambiental). O consumo desse produto começou há mais de 1.000 anos, quando fazia parte da dieta alimentar dos índios Zapotecas e de outras etnias. Estes grupos, no entanto, não atribuíam poderes extraordinários ao alimento, além dos meramente nutritivos. No litoral mexicano estão contabilizadas 144 praias nas quais habitam seis espécies de tartarugas que,num ritual ancestral, retornam todo os anos ao mesmo lugar onde nasceram. Embora cada ninho possa ter mais de cem ovos, calcula-se que apenas uma em cada 1.000 tartarugas que chegam à água alcançam a idade adulta. As praias do Estado de Oaxaca e de Guerrero, no Pacífico, recebem todo ano quase 1 milhão de tartarugas da espécie oliva, a mais comum no México, e da qual procedem 90% dos ovos. Para conter a comercialização deste produto, o governo mexicano estabeleceu patrulhas nas principais praias, que são vigiadas por 500 efectivos da Profepa, da Agência de Investigação Federal, da Marinha e das polícias locais. Neste ano, diversas organizações—Wildcoast, Fundo de Conservação da Natureza e Wallace Research Foundation—lançaram uma campanha, onde a modelo argentina Dorismar garante, com atitude provocativa, que “o seu homem” não precisa de ovos de tartaruga. Não tenho nenhuma razão para duvidar desta afirmação.
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