Betty Friedan, uma das fundadoras do movimento feminista nos Estados Unidos, morreu ontem, no dia do seu 85º aniversário. A família informou que morreu em consequência de uma crise cardíaca. Betty Friedan ganhou notoriedade ao escrever o livro “A Mística Feminina”, que combatia a ideia então amplamente aceita de que as mulheres deveriam apenas cuidar das suas casas, filhos e maridos. O texto teve uma profunda influência na visão que os americanos tinham sobre o papel das mulheres na sociedade e ajudou a mudar as leis do país em relação aos direitos das mulheres.
Betty Goldstein, Friedan mais tarde, nasceu em Peoria, Illinois, a 04 de Fevereiro de 1921, no seio de uma família judia, começou por frequentar círculos radicais marxistas e judeus. Licenciou-se em Psicologia e Sociologia, em 1942. Encorajada pela mãe seguiu jornalismo. Defensora dos direitos das mulheres denunciou o modelo tradicional de sociedade remetendo a mulher para a área restrita da casa. Casou em 1947 com Carl Friedan e tiveram três filhos.
Publicou em 1963 o importante livro com o título «The Feminine Mystic» (A Mística Feminina). Este livro sobre a mulher foi o mais vendido no mundo, na altura, e faz parte da trilogia dos livros fundamentais sobre feminismo que, além deste, são «A Room of One’s Own» de Virgínia Woolf (1929), e «O Segundo Sexo» (1949), de Simone de Beauvoir .
As ideias defendidas em “A Mística Feminina", soaram como proclamações revolucionárias aos ouvidos conservadores dos Estados Unidos ideias, como a ideia, de que ter marido e filhos não era tudo na vida de uma mulher.
Em 1966, fundou e foi a primeira presidente da, National Organization for Woman (NOW, à frente da qual tomou posições, então acolhidas como “extremas”, em matérias como o aborto, actividade laboral (trabalho igual salário igual), licença de parto, oportunidades iguais para homens e mulheres, entre outras.
Fundou também, em 1968, a Conferência nacional de rejeição das leis sobre o aborto, que se transformaria depois na Liga nacional de acção pelo direito ao aborto. Longe de ter unanimidade no movimento feminista, apesar de ser uma figura mítica, Betty Friedan foi duramente questionada, nos anos 70, por não querer levantar as bandeiras dos direitos sexuais, tendo dificuldade para compreender a inclusão das mulheres lésbicas, no movimento.
Também foi criticada por ser elitista e não considerar os recortes de raça e classe social. Betty Friedan admitiria mais tarde ter sido sempre um tanto “rígida” em relação à homossexualidade.
Este não foi, no entanto, obstáculo a que aprovasse, na Conferência nacional das mulheres realizada em 1977, em Houston, uma resolução destinada a proteger os direitos das lésbicas. Deu aulas em várias universidades e participou activamente, em vários pontos do globo, em conferências sobre os direitos das mulheres, actividade que a consagrou como uma das mais influentes feministas do século XX.
Para muitos admiradores, boa parte das conquistas femininas das últimas décadas teriam sido impossíveis sem as contribuições de Betty Friedan.
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