segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Trabalho Infantil


Uma em cada 12 crianças ou adolescentes é vítima das piores formas de trabalho infantil, como escravatura ou exploração sexual, alerta um relatório da UNICEF que hoje é divulgado em Londres. No total, há 246 milhões de crianças e jovens a serem usados como mão-de-obra em todo o mundo, das quais 47 mil em Portugal(segundo o relatório, a maioria destes rapazes e raparigas está ligado à indústria de calçado. O organismo ressalva que há mais de uma década que os governos nacionais tentam combater o problema e que apesar do número de trabalhadores infantis nas fábricas ter decrescido, parte desta mão-de-obra se transferiu para casa, onde sa mantém a trabalhar).O relatório sobre a exploração do trabalho infantil a nível mundial, elaborado pelo Comité britânico da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), refere que 180 milhões de crianças e jovens vivem diariamente a pior expressão desta actividade, sobretudo devido à pobreza. São meninos-soldados, estão sujeitos a trabalho perigoso, a exploração sexual, escravatura, trabalhos forçados ou outras actividades ilícitas, como produção e tráfico de droga. A grande maioria destas crianças (97 por cento) trabalha nos países em desenvolvimento e em certos casos mais de 40 horas por semana. Ao longo das mais de 60 páginas do documento, a UNICEF demonstra como as crianças são arrastadas para o mundo do trabalho e da exploração pelas condições de pobreza e à falta de uma educação adequada, factores que estão a ser potenciados pelo flagelo do HIV/sida". As crianças tornam-se vulneráveis a este tipo de exploração quando a família, a comunidade ou o Estado não são capazes de as proteger devidamente, defende a UNICEF. As regiões mais problemáticas do mundo são África (41 por cento das crianças entre os cinco e os 14 anos trabalham), na Ásia (21 por cento) e na América Latina (17 por cento). É, contudo, na Ásia, onde a população é mais numerosa, que se concentram 60 por centro destes pequenos trabalhadores. A maioria serve de mão-de-obra na agricultura, na pesca ou em actividades ligadas à sobrevivência da família. Muitas são trabalhadores "invisíveis", sujeitos a diversos tipos de trabalho doméstico na família ou fora dela. Por outro lado, os mais novos continuam a ser um alvo apetecível para as entidades empregadoras: têm salários menores, são mais vulneráveis, intimidáveis, submissos e menos capazes de lutar por direitos que desconhecem. A UNICEF ressalva que um número crescente de crianças de meios urbanos trocou as fábricas pela rua, e dedica-se à mendicidade e a outro tipo de actividades.
In Público.

8 comentários:

Vítor de Sousa disse...

Boa, meu. O "Público" de hoje tb tem grande trabalho sobre o assunto!!!

Anónimo disse...

Sou de Felgueiras, e não vejo crianças a trabalharem em fábricas de calçado.A Comunicação Social está sempre disposta a enxovalhar Felgueiras.

Menina Marota disse...

E a quem interessa este trabalho infantil? Quem o fomenta? Quem o alimenta?
Enquanto a nível de todas As Nações não houver um BASTA para estas situações, enquanto este assunto não fizer parte da agenda das nações desenvolvidas e, mesmo com o interesse da UNICET (que sozinha, não basta)o mundo continuará a assistir a este degredo infantil.

Não basta lamentar. É preciso agir. E, enquanto os Governos de todo o Mundo, não exercerem um poder forte e capaz de evitar, através duma fiscalização eficaz e dura, tais atitudes, as crianças continuaram a sofrer.

Obrigada mais uma vez pelos teus artigos. És uma leitura obrigatória e diária para mim.

Abraço :-)

Anónimo disse...

Desculpa, esqueci de assinalar... ;-)

Francis disse...

já tive a oportunidade de dizer noutro blogue que acho um dos crimes mais horríveis que se podem cometer é o roubo da juventude a uma criança.
Esta situação só é possível graças ao cinismo da democracia mundial.

Pedro disse...

Em países como a Índia, que atravessa um boom económico, se acabassem com o trabalho infantil o aparelho produtivo ia ao ar. Mas deixem estar, muito fixe, o capitalismo! A propósito, vi há tempos no Odisseia um documentário fantástico sobre um sindicato de crianças trabalhadoras em Calcutá (penso eu). Impressionante, a consciência social e política daquelas... pessoazinhas de oito anos. Meninos e meninas que teriam muito a dar às suas sociedades, caso os seus futuros não estivessem já hipotecados pela nossa indiferença.

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Os teus últimos posts são muito interessantes, despertam-nos para realidades que às vezes preferimos esquecer por nos sentirmos impotentes. Sobre o trabalho infantil na China, nomeadamente na indústria de brinquedos (crianças numa parte do mundo a fabricar os brinquedos das crianças do ocidente), deixo este link: http://elmundo.es/cronica/2004/476/1101741887.html

uivomania disse...

Sobre o post pouco mais resta dizer.
Aproveito o comentário do jrd para retornar a estes números:
No mundo existem 6 biliões de seres humanos.
5 biliões vivem com 17% da riqueza mundial.
1 bilião vive com 83%.
Escassas centenas de famílias detêm mais de 70%...